26 de novembro de 2012

CALEIDOSCÓPIO 331

Efemérides 26 de Novembro
Jay Robert Nash (1937)
Nasce em Indianapolis. Indiana, EUA. Escritor de temas relacionados com criminologia, crime real, história do crime, criminosos, procedimento criminal. Tem mais de 70 livros publicados, mas o destaque vai para os vários dicionários e enciclopédias que escreve: World Encyclopedia Of 20th Century Murder (1992), World Encyclopedia Of Organized Crime (1992), Dictionary Of Crime (1994). O autor recebe em 1991 um Edgar Award Especial pela sua obra em 6 volumes The Encyclopedia Of World Crime, Criminal Justice, Criminology, And Law Enforcement.


TEMA — ALGO SOBRENATURAL — INVESTIGAÇÃO EM CHAMAS
O lusco-fusco da noite de Verão assumia de repente um aspecto sinistro e os terrenos em redor da aldeia inglesa do Cotswolds foram engolidos pelas chamas.
Um carro de incêndios subia penosamente a encosta. Os bombeiros corriam com extintores. Mas era demasiado tarde. O carro que se encontrava virado na valeta não era mais do que uma amálgama de ferros retorcidos e de aço ainda em brasa e… por entre os destroços via-se o corpo de um homem.
Bem que ele tinha lutado para escapar ao inferno quando o calor e o fumo o envolveram. Na mão, tinha ainda uma caixa com a bobina de um filme, Pouco depois, a caixa abriu-se em duas partes e as chamas começaram de imediato a devorar o celulóide.
Parecia, de facto, que o mundo do sobrenatural acorrera a reclamar os seus segredos e a castigar o mortal que ousara apoderar-se deles. E isto porque no filme que o Dr., Edward Morton levava para Londres, para ser montado, estava gravada a cena de um assassínio em que o criminoso era um fantasma.
O filme, feito através de lentes de infravermelhos, na noite de 4 de Julho de 1947, teria virado do avesso o mundo da investigação psíquica. Mas o homem que o fizera estava agora morto e o filme não passava de uma amálgama contorcida de cinzas, 
Quando Edward Morton, cientista famoso, decidiu organizar uma caca aos fantasmas, tudo foi organizado com a precisão de uma operação militar.
Levava consigo uma equipa de -dez homens, cameramen, técnicos engenheiros de gravação de som… peritos em fenómenos psíquicos.
Um grupo de anotadores registaria em duplicado tudo o que acontecesse. A utilização de lentes de infravermelhos descortinaria os mais sombrios recantos, fazendo finalmente luz sobre as conjecturas e mistérios da ciência ao longo de séculos
Na verdade, o Dr. Morton era um realista. Acreditava que tudo podia ser submetido a exame científico com resultados satisfatórios. Tratava-se apenas de uma questão de investigação esmerada. Se andasse com o cuidado suficiente, se fosse suficientemente longe, conseguiria certamente obter uma resposta para o fenómeno de assombração.
Na Primavera de 1947, Morton montou a mais impressionante investigação científica do sobrenatural jamais efectuada.
Para os seus testes escolheu Potterdene Hall, uma casa quase arruinada nos pitorescos Cotswolds britânicos. Era uma casa que vinha mesmo a calhar e que ele nem sequer imaginara conseguir arranjar
Potterdene Hall era propriedade de um velho industrial que passava a maior parte do tempo no estrangeiro. Ele queria vender a casa e os terrenos anexos, e concordou que desde que ninguém estragasse nada, Morton poderia utilizar a residência para as suas experiências até ser, entretanto, tomada uma decisão quanto ao seu futuro.
Não havia dúvidas de que a casa estava assombrada. Dizia-se que entre os fantasmas, seus ocupantes, contava-se o “Cavaleiro Selvagem” que, ao cabo de uma noite de azar ao jogo, voltara a Potterdene Hall assassinando a sua própria mulher.
Na sua agonia, respirando já ofegantemente, a mulher lançara-lhe então uma maldição, declarando que a alma do marido haveria de assombrar aquela casa até que fosse deitada abaixo a última pedra. Aliás, a repetição da cena do crime fora já testemunhada inúmeras vezes.
Aquela casa parecia, de facto, o local ideal pare as experiências do Dr. Morton No princípio de Junho, mudou-se finalmente para a sua nova “residência”. Dizia-se que as aparições dos fantasmas tinham lugar numa grande sala do rés-do-chão, cujas janelas abriam sobre um terraço.
Foi aí que o Dr. Morton montou o seu equipamento. Uma máquina de filmar, gravadores e uma serie de câmaras fixas foram montadas em carrinhos com rodas de borracha de fácil manobra.
A equipa dividiu-se em três e organizou vigílias de oito horas. O Dr. Morton não faria por sistema qualquer vigília mas deu ordens para que o chamassem sempre que acontecesse alguma coisa.
Uma série de câmaras, em que haviam sido colocados fios eléctricos, daria conta de eventuais embusteiros. Não tardou que a equipa entrasse numa rotina habitual. Duas das pessoas que estivessem de vigília montariam guarda na sala assombrada e as restantes caberia patrulhar a casa. O Dr. Morton, entretanto, montara o seu escritório de trabalho numa sala contígua à “assombrada”.
Durante um mês nada aconteceu. Só na primeira semana de Julho é que Frederick Redfern, investigador psíquico de larga experiência e que decidira participar nos testes, afirmou ter sentido uma alteração no ambiente. Alguma coisa estava para acontecer.
O fenómeno havia de ocorrer na noite seguinte.
De facto, às 11 horas da noite, os microfones que haviam sido pendurados por toda a casa começaram a enviar sons para os altifalantes colocados no escritório do Dr. Morton. Alertado este ligou os gravadores.
Ouviam-se distintamente vozes, risadas, o bater constante de saltos altos, mas os ruídos pareciam possuídos de uma estranha realidade. Um membro da equipa que, por acaso, não estava do vigia e que andava a vaguear pelo lago, entrou precipitadamente em casa para informar que tinha visto luzes acesas nos andares de cima.
Outros cinco homens, incluindo Redfern, alertados e despertados do sono, reuniram-se à volta do seu equipamento. À meia-noite, a temperatura descera, impressionantemente para cinco graus.
Do repente, a figura de um homem foi assinalada num dos cantos da sala. Imediatamente as bobinas da máquina de filmar começaram a rodar, e uma máquina fotográfica automática bateu, em poucos segundos, uma serie de fotos.
O homem era jovem, de pele escura, estava vestido com trajes de meados do século XVII. Movia-se, normalmente, passou por entre os investigadores e através de uma porta aberta em direcção à sala contígua. A toda a pressa, os investigadores puxaram o equipamento para a entrada. Morton e Redfern aproximaram-se do óculo da máquina de filmar — e depararam então com uma cena incrível.
No chão da sala, uma rapariga loura soluçava convulsivamente. De pé, junto dela, com um punhal ensanguentado na mão, estava o jovem. A rapariga tentou levantar-se, agarrar-se aos fatos do homem, mas estes romperam-se.
A cena passava-se a uns escassos seis metros dos observadores. Apesar de estar escuro, podiam ver distintamente o que se passava. Aliás, as lentes infravermelhas máquina de filmar haviam registado todos os pormenores.
No dia seguinte, profundamente emocionado com os resultados obtidos, o Dr. Morton partiu com o filme para Londres. A avaliar pelos bocados do filme que entretanto haviam sido revelados, o Dr. Morton tinha boas razões para se sentir emocionado, pois nele estavam contidas provas decisivas do fenómeno.
Todavia, o cientista não chegaria vivo aos laboratórios de revelação em Londres. Ao princípio da noite, chamas “vingativas” destruíram-no a ele e às suas provas. As fotografias que tinham ficado na casa assombrada chegaram a ser reveladas mas não eram de modo nenhum conclusivas. $ó o filme interessava.
Ao que parece, o mundo do oculto é cioso dos seus segredos. E se o destino do Dr. Morton puder servir de exemplo, é caso para dizer que esse mundo é capaz de proteger os seus segredos recorrendo, se for necessário, à morte dos que ousarem violá-los.


DICIONÁRIO DE AUTORES CONTEMPORÂNEOS DA NARRATIVA DE ESPIONAGEM (13) EM ACTUALIZAÇÃO

20 – CAILLOU (ALAN)
1914 — 2006





21 – CANNING (VICTOR)
1911 — 1986



A carreira literária de Victor Canning modifica-se depois de deixar o exército, no final da 2ª guerra mundial, porque é só nesta altura que o autor envereda pelo tema da espionagem. O seu mote principal está muito longe do heroísmo geralmente associado o agente secreto, que cumpre imperturbavelmente uma missão, pelo contrário, compreende o homem vulgar, que por acaso se vê envolvido no mundo secreto de espiões — cujas regras desconhece por completo — do qual tenta sair.
O escritor participa na adaptação cinematográfica de pelo menos dois dos seus romances: The Golden Salamander e Venetian Bird

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