16 de novembro de 2012

CALEIDOSCÓPIO 321

Efemérides 16 de Novembro
Anne Holt (1958)
Nasce em Larvik, Noruega. Advogada, ministra da Justiça durante um período de apenas 3 meses em meados da década de 90 inicia uma carreira de escritora de romances policiários em 1993 com a criação da série Hanne Wilhelmsen. A autora tem cerca de duas dezenas de livros publicados, alguns em parceria com outros escritores, é uma das escritoras norueguesa de crime mais conceituadas. Em Portugal estão editados:
1 – Castigo (2008), Colecção Os Falcões, Editora Quinto Selo. Título Original: Det Som Er Mitt (2001). È o 1º livro da série The Vik/Stubø. Reeditado em 2009 pela Comtraponto.
2 – Crepúsculo Em Oslo (2008), Colecção Os Falcões, Editora Quinto Selo. Título Original: Det Som Aldri Skjer (2004). È o 2º livro da série The Vik/Stubø.
3 – A Senhora Presidente (2008), Colecção Os Falcões, Editora Quinto Selo. Título Original: Presidentens Valg (2006). È o 3º livro da série The Vik/Stubø.
4 – A Raiz Do Ódio (2011), Editora Contraponto. Título Original: Pengemannen (2009). È o 4º livro da série The Vik/Stubø.



TEMA — GRANDES TEMAS DE FICÇÃO CIENTÍFICA — FUTURO ÚLTIMO (CONCLUSÃO)
Por M. Constantino
Continuação de CALEIDOSCÓPIO 310 (Clicar)
A Ficção Científica dispõe de inúmeras versões da superpopulação. Superpopulação com as nefastas consequências: a fome, a sede, a poluição, a doença incontrolável. J. C. Ballard, em “Billennium” (1962) num texto famoso concede a cada pessoa quatro metros de espaço vital. Robert Silverberg em “The World Inside” (1971) imagina blocos de edifícios de mil pisos e capazes de albergar um milhão de pessoas.
“Stand on Zanzibar” (1969), de John Brunner é um documento impressionante; em “Iris Rose”, de Patrick Wyatt (1975), para evitar a superpovoação a raça branca esteriliza-se… em “Make Room! Make Room!” de Harry Harrison, a carne está racionada e desaparece da ementa, a água é por conta, vive-se a base de bolachas com margarina de proveniência duvidosa. Nova Iorque é uma cidade de 35 milhões, automatizada, perigosa, repressiva…
… onde um rato que se deixe apanhar é um menu afortunado
Todo o referenciado pessimismo da Ficção Científica quanto ao futuro da Humanidade dimana da opinião, negativa que se tem dos próprios.
Infelizmente não apenas ficção.
Não se estranhe, pois que na síndroma do fim do mundo prevaleça a acção do homem. Aliás com as primeiras explosões nucleares, os meios para um rápido terminus ficou ao alcance de uma mão louca, da ponta de um dedo nervoso…

A energia atómica aparece pela primeira vez em “Voyage au pays de la quatrième Dimension” (1912), de Gaston Pawlowski, se bem que a primeira advertência parta de Robert Cromie, em “The Crack of Doom” (1895); a primeira bomba A ficcionada, explode sobre Paris em “The World Set Free” (1914), de H.C, Walls.
Karel Čapek., igualou a visão de Wells em “La Fabrique d'Absolu” (1922) considerando a utilização da bomba como lei divina, e o resultado é a destruição total da humanidade.

Em “Solution Unsatisfactory” (1941) de Robert Heinlein, ao abordar-se a questão atómica, põe-se a questão quanto à necessidade da aquisição da arma fatal por países, que não exclusivamente os EUA para manter o equilíbrio das armas e evitar a guerra.
“Deadline” (1944), de Cleve Cartmill, escrito pouco antes da primeira explosão atómica em termos de acção real, mostrou-se de tal forma convincente que o autor teve que suportar as iras do FBI, empenhado em saber a fonte dos conhecimentos sobre o material altamente secreto que estava a ser testado nos campos de ensaio.

Imaginário, mas possível, é a história de “Twilight's Last Gleaming (1974). No célebre “Telefone Vermelho” (Dr. Strangelove), um filme realizado por Stanley Kubrick para a Columbia que foi exibido entre nós, refere também algo de imaginário mas possível: um lunático general desencadeia um ataque nuclear destinado a ser a Bomba do Dia da Juízo.
E se as cenas cinematográficas são terrificantes, não menos o são as narrativas.
Em “Sheol” (1976), de Jean Pierre Fontana:

… as armas que se utilizaram possuíam um potencial de tal ordem que uma erupção vulcânica não é mais, comparativamente, do que um simples petardo. A crosta terrestre rompeu-se em numerosos sítios. A geografia do globo modificou-se rapidamente: ilhas afundadas, continentes submergidos, e muito mais…
A atmosfera subcarregada de radiactividade, destruiu toda a vida…
… alguns pensaram que um antigo satélite havia encostado à Terra e arrancara considerável porção de atmosfera… pensaram apenas, e… a fauna e a flora sofreram mutações… pelo menos e apenas as espécies que resistiram…

Em “Mundo Deserto” de Jean-Pierre Andrevon:

… as últimas bombas termonucleares elevam ao ou atascado os crisântemos de fogo de floração atómica, transformando os últimos serem vivos em resplandecente energia, em cinzas dispersas, em sombras sobre muros derrubados. As flores de fogo púrpura, violeta, carmim, alaranjadas, belas, extraordinariamente belas, não terminam de expulsar o seu resplandecente pólen na noite que acaba de cobrir o mundo, o diabo que nunca pára de bater com os punhos contra a hipertensa área do céu e as portas de bronze do inferno abrem-se…
… a Terra tem carne de galinha: há sismos de força 10,de força 11, de força 12 que derrubam as montanhas, as planícies, os continentes; abrem-se abismos na epiderme da Terra, os vulcões roncam como dragões, marés gigantescas correm até aos desertos e as estepes, os tufões destroem as selvas e os ciclones voam pelos céus…
… o mundo inteiro cobre-se de trevas, uma cascata de cinza e pó envolve a terra asfixiante, os relâmpagos rompem as nuvens, chove interminavelmente..Os rios e os mares arrastam pedaços de gelo, a própria terra converte-se em gelo…terra…terra branca… branca até ao infinito.
Haverá melhor descrição?
Um filme-documentário de 1965 ,”The War Game, demonstra o poder destrutivo deste tipo de arma:
Nem só o poder destrutivo é de considerar. As enfermidades radioactivas, epidemias, mutações várias e a todos os níveis, são factores reais que podem não só eliminar mas transformar o ser humano, tal como é conhecido.

“The Chrysalids”,de John Wyndham, oferece-nos estranhas mutações, não menos estranhas do que “The Immortal, de Roger Zelazny, no qual o metabolismo humano é de tal forma alterado, que os homens só podem alimentar-se de sangue. O único homem normal entre os vampiros é de facto, uma lenda…
Pode-se inclusivamente voltar ao estado selvagem ou ao canibalismo, já que é vulgar apresentarem-se culturas pós-atómicas remetidas à Idade Média.

Em “Canticle for Leibowitz” (1959), de Walter M. Miller, a sociedade ficou reduzida a pequenas comunidade (já que no resto do planeta reina a barbárie), onde os livros e os conhecimentos desapareceram e só alguns monges da Ordem de São Leibowitz,— um sábio que viveu antes da catástrofe — conservam escassos manuscritos da antiga ciência que eles copiam continuamente.


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