6 de novembro de 2012

CALEIDOSCÓPIO 311

Efemérides 6 de Novembro
Raymond Postgate (1896 – 1971)
Raymond William Postgate nasce em Cambridge, Inglaterra. Socialista, jornalista, editor, biógrafo e escritor, é autor de vários romances policiários. Raymond Postgate tem laços familiares com escritores de policiário, é irmão de  Margaret Cole (Clicar) e cunhado de G. H. D. Cole (Clicar) incluídos nas efemérides do Policiários de Bolso. Destaca-se Verdict Of Twelve (1940) — o julgamento de uma mulhar acusada de assassinio que é aclamado como o melhor romance de mistério de 1940, sendo considerado actualmente um clássico do género — Somebody At The Door (1943) e The Ledger Is Kept (1953). Uma curiosidade: Postgate é também um gourmet e cria em 1951 o anuário Good Food Guide; em 1969 escreve o livro Portuguese Wine, na colecção Food and Wine, da J.M. Dent & Sons. Em Portugal está editado:
1 – Os Doze Jurados Decidem (1949), Colecção As Grandes Obras de Mistério e Acção, Editorial Século. Título Original: Verdict Of Twelve (1940).




TEMA — GRANDES TEMAS DE FICÇÃO CIENTÍFICA — FUTURO ÚLTIMO
Por M. Constantino
Continuação de CALEIDOSCÓPIO 295 (Clicar)

Causas naturais diversificadas são responsáveis pela maior quota dos acontecimentos catastróficos.
Depois do desaparecimento da água em “ La Force Mystèrieuse” (1910) de J.-H. Rosny Aîné e de “The Drought” (1965) de J. G Ballardos , que faz parte do ciclo de novelas apocalípticas do autor, onde se descreve um mundo em que o desaparecimento da água converte o mundo em pó, após dez anos de extensas secas, onde os desertos pontuam, os rios e os largos estão secos e prutrefactos, as terras de cultivo são zonas devastadas onde os cereais fenecem. Desaparece o ferro em “La Famine de Fer” (1913), de Henri Allorge, do petróleo em “Le Grand Crèpuscule” (1929), de André Armandy, da eletricidade em “Le Grand Cataclysme” (1922), de Henri Allorge; são os micróbios gigantes que invadem o globo terrestre levando os seres humanos a refugiarem-se noutro planeta “Une Invasion de Macrobes” (1909), de Andre Couvreur.
O mesmo tema, invasão de insectos, em “The Mad Planet” (1920), de Murray Leinster, “The Last Man” (1934), de Frank Belknap Long, e “The Purple Cloud” (1901), de M. P. Shiel. Aranhas em “The Valley of the Spiders” (1903), de Wells, mosquitos gigantes em “The Return of the Swarm” (1933), de Richard Tooker, e moscas inteligentes em “La Guerre des Mouches” (1938), de Jacques Spitz.
Vespas gigantes, monstruosas e mortíferas, que se propagam e multiplicam com rapidez, destruindo e escravizando a Terra, a par de sismos colossais, resultado de um ensaio nuclear, destroem o planeta em “The Furies” (1966), de Keith Roberts:

O primeiro sinal da sua aproximação foi um zumbido profundo que algumas pessoas compararam ao ruido de aviões. Voaram em redor da vila a uma altura considerável, apenas visíveis do solo. As pessoas saíram de casa para olharem e apontarem; havia inquietação, mas não propriamente alarme. Depois as criaturas mergulharam e daí a minutos toda a povoação estava num pandemónio. Alguns dos atacantes dirigiram-se para as tabernas, outros correram para o salão da vila, onde se realizava uma reunião qualquer. Outros, ainda, abriam caminho até à igreja, em que muita gente se havia refugiado. E uns poucos limitaram-se a voar para baixo e para cima, através das ruas, lançando-se sobre tudo quanto viam.

… um planeta despedaçava-se.
O ensaio não tivera um bom resultado; abrira fendas no fundo do oceano, fazendo erguer m vulcão do tamanho do Vesúvio onde antes houvera um abismo de oito mil metros. A destruição não teria sido tão grande se a Rússia não tivesse feito explodir um engenho do mesmo tamanho passados poucos minutos; alguns cientistas dizem que a Terra oscilou no seu eixo por caus ado duplo choque. As ondas sísmicas provocadas pelos dois enormes focos atravessaram o globo, provocando desabamentos secundários, que por sua vez geraram outros, e outros ainda. Os países e as cidades próximo das linhas da falha foram os que sofreram mais: Lisboa ficou transformada num monte de escombros, o Japão desapareceu praticamente, a Itália, a China e o Peru ficaram destroçados; a Falha de Chedrang, que destruíra o Assam no principio do século , tornou-se no centro de outra perturbação gigantesca, enquanto que na América a Falha de Santo André se transformou num abismo de mais de oitocentos quilómetros de comprimento e mais largo do que o Grande Canyon. São Francisco escorregou inteira para as águas e depois o Pacífico invadiu a costa, transformando-se para sempre a forma do continente. Em Inglaterra o Grande Glen sofreu convulsões em toda a sua extensão desde Inverness a Fort William; Loch Lemond desapareceu de um dia para o outro e a maior parte do Herefordshire transformou-se num mar interior. O vale do Tamisa tornou-se numa planície inundada.
Londres morreu afogada…
 


Depois de em “Greener Than You Think” (1947), de Ward Moore, a Terra inteira ter sido invadida e escravizada por um vegetal, que também dominou os mares, em “The Day of The Triffids (1951) / O Dia das Trífides”, de John Wyndham, um outro vegetal é o senhor do mundo…

…se bem que as trífides crescessem e se tornassem adultas mais cedo nas regiões tropicais, em quase todas as regiões, aparte os círculos polares e os desertos, havia notícias de espécimes em diversas fases de desenvolvimento.
As pessoas sentiram-se surpresas e um pouco chocadas quando souberam que se tratava duma planta carnívora e que as moscas e outros insectos apanhados pelo seu aguilhão eram digeridos pela substância viscosa que os prendia. Nós, nas zonas temperadas, não ignorávamos a existência de plantas insectívoras, o que não estávamos era habituados a vê-las fora de estufas. De qualquer maneira, olhávamo-las sempre como se se tratasse de algo de indecente e um pouco impróprio. Alarmante foi, porém, a descoberta de que o verticilo que encimava o caule das trífides se distendia e lhes servia de arma, actuando como um aguilhão de cerca de três metros, capaz de instilar veneno suficiente para matar um homem se o ferisse num local desprotegido da pele.
Mal se tornou conhecido este perigo seguiu-se um frenético devastar das trífides por toda a parte, até ter ocorrido às pessoas que, para as tornar inofensivas, mais não era necessário do que cortar-lhes o verticilo. Com isto cessou o frenético assalto às plantas, se bem que o número destas tenha ficado consideravelmente reduzido em toda a parte. Mais tarde, veio a tornar-se moda ter-se uma trífide doméstica no jardim. Tendo-se constatado que eram necessários dois anos para que o perigoso verticilo voltasse a crescer, uma poda anual bastaria para tornar uma trífide perfeitamente inócua, mas capaz, de, com as suas virtudes “ambulatórias”, constituir um divertimento para as crianças.
Nos países temperados, onde o homem conseguira dominar razoavelmente todas as formas da natureza excepto a sua própria, as trífides tinham podido ser suficientemente domesticadas. Mas nos trópicos, particularmente nas áreas cobertas por densas florestas, cedo vieram a tornar-se uma autêntica praga.

Outras mensagens apocalípticas, preocupações do presente, têm sido amplamente questionadas pela Ficção Científica em tom de denúncia ou advertência.
Vivemos num mundo a desintegrar-se: há dióxido de carbono na atmosfera que respiramos — tema em Seed of Light” (1959) / A Astronave da Esperança, de Edmund Cooper — detergentes na água que bebemos e em que nos banhamos, químicos nos frutos que comemos; as matérias-primas esgotam-se face ao ataque desordenado da superprodução, a inflação ultrapassa a-capacidade aquisitiva, a superpopulação invade os espaços livres, as espectativas de vida da humanidade, a possibilidade de sobrevivência do homem como raça, esgota-se.
Futuros factíveis ou puramente imaginários, sempre encontram eco nas letras dos escritores de Ficção Científica, desde a morte por poluição em “The Sheep Look Up” (1972) de John Brunner, onde um catálogo recheado e detalhado de actos relacionados com o tema não permite qualquer esperança, a “Shadow of Heaven (1969),de Bob Shaw, onde os herbicidas acabam por extinguir todas as planta, o pó do deserto estende-se por continentes, sem reserva para e futuro.
Em “The Time Machine (1895) / A Máquina do Tempo”, de H.G. Wells, assistimos à morte biológica da espécie humana, em “The Red Brain” (1927) de Donald Wandrei é uma espécie de poeira cósmica que acaba com toda a vida…
O Universo pode ser sufocado por progressivas emanações, afirma-o Don Pendleton em “Population Doomsday” (1970).
Aldous Huxley, considerado um utopista de visão credível, desenvolve em “Ape and Essence (1948) / O Macaco e a Essência” as consequências de uma guerra nuclear e a utilização desordenada da tecnologia, situações capazes de desequilibrar a ecologia do planeta e que classifica de “criminosa estupidez”.

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