27 de junho de 2012

CALEIDOSCÓPIO 179

EFEMÉRIDES – Dia 27 de Junho
Peter Maas (1929 – 2001)
Nasce em Nova Iorque. Jornalista e escritor é mais conhecido pelos livros de crime real que escreve. Autor de vários bestsellers, na sua obra destaca-se: a biografia de Francesco Vincent Serpico, oficial da polícia de Nova Iorque, célebre pela sua luta contra a corrupção; The Valachi Papers (1968), uma biografia de Joseph “Joe Cargo” Valachi, o primeiro membro da Mafia que reconhece publicamente a existência destra organização; e In A Child’s Name (1990), vencedor do Edgar Award 1991 na categoria de Best Fact Crime, relata a história de um assassinato brutal de uma mulher pelo marido psicopata e a batalha legal de custódia sobre o filho do casal que se seguiu entre a irmã da vítima e os pais do assassino. Peter Maas, na área da ficção, esve ainda o seguintes thrillers: Made In America (1979), Father And Son (1989) e Chine Whoite (1994). Em Portugal estão editados:
1 – O Caso Valachi (1973), Nº24 Colecção Vida e Aventura, Livros do Brasil. Título Original: The Valachi Papers (1968), também editado com o título The Canary That Sang.
2 – Serpico (1976), Nº129 Colecção Contemporânea, Editora Dêagá. Título Original: Serpico (1973).


TEMA — PEQUENOS GRANDES CONTOS DA LITERATURA UNIVERSAL — INVENÇÃO DIABÓLICA
De Leon Tolstoi
Um pobre lavrador foi para o campo lavrar a terra antes de ter almoçado. Levava, prevenidamente, um pedaço de pão e, antes de começar o trabalho, deixou-o ao pé de um arbusto e tapou-o com o capote.
Mais tarde, enquanto repousava — aproveitando o cansaço do seu cavalo — sentiu apetite e foi em busca do pão, após desatar o animal do arado para que passeasse livremente. Aproximou-se do arbusto, levantou o capote e não viu o pão. Procura que procura, vira que vira, tudo inútil: o pão não apareceu.
O camponês surpreendeu-se com aquele inesperado desaparecimento.
— Que coisa tão estranha, — pensava — Não vi ninguém e apesar de tudo, alguém me levou o pão.
O autor da artimanha fora um diabinho que, enquanto o lavrador trabalhava, lhe roubara a côdea de pão e que se sentou depois atrás dum arbusto para ver se a ira o impelia a maldizer.
O lavrador não estava contente, pelo contrário, mas limitou-se a murmurar:
— Ora, não morrerei de fome por isso. Aquele que tirou o pão, por certo necessitava mais que eu. Pois que lhe faça bom proveito.
Ao dizer isto foi ao poço, bebeu água, descansou um momento, foi buscar o cavalo e voltou á sua tarefa.
O diabinho estava furioso por não ter podido fazer o lavrador pecar e foi pedir conselho ao diabo mestre. Contou-lhe como roubara o lavrador e como este em vez de se zangar, dissera: “Bom proveito lhe faça”.
O diabo mestre caiu em cólera e disse:
— Se o lavrador te venceu neste assunto, porque faltaste ao teu dever e não soubeste manejá-lo. Tem presente que se deixarmos os camponeses e as suas mulheres desafiar-nos desta maneira, vamos passar uma vida de cães… Isto não pode ficar assim, de maneira que, volta a casa do camponês e ganha o pão que roubaste, se quiseres comê-lo. Se de hoje a três anos não venceres esse campónio lançar-te-ei em água benta.
O diabrete sentiu um calafrio de espanto.
Voltou a correr à terra para reparar a sua falta. À força de pensar acabou por encontrar o que queria.
Tomou a forma de um homem e entrou ao serviço do lavrador. Prevendo que o Verão seria muito seco convenceu o amo que semeasse trigo nas terras pantanosas. O lavrador seguiu o conselho.
A força do sol queimou as searas doe demais lavradores, enquanto aquelas brotaram altas e formosas. Teve bastante para a sua alimentação e ainda restou muito trigo.
No verão seguinte, o criado persuadiu o lavrador que semeasse trigo nas terras altas e, precisamente aquele ano, foi chuvoso.
O excesso de humidade apodreceu o trigo de todos e as espigas não amadureceram, mas o nosso lavrador recolheu das terras altas abundante colheita. Tanto e tão grosso ora o grão de trigo que, cheios os celeiros, não sabia o que fazer ao que sobrava.
Então o criado ensinou o patrão a fabricar o vodka, e o lavrador afeiçoou-se a ele de tal modo, que não só bebeu ele próprio como fez os demais beberem daquela forte aguardente.
Então o diabinho foi buscar o diabo mestre gabando-se de ter ganho o pedaço de pão, mas o diabo mestre quis convencer-se pessoalmente.
Foi a casa do lavrador e viu que este convidara os notáveis do país e a todos obsequiava com vodka. A dona da casa em pessoa servia de beber e sucedeu que, uma vez que passou junto à mesa, tropeçou num ângulo e derrubou um copo.
— Tonta dos diabos! — gritou o lavrador — Por acaso isto é água para que a derrames desta maneira ?
O diabinho deu uma cotovelada no diabo mestre.
— Repara — disse -lhe — agora não acontece como daquela vez com o pão.
Após ter brigado com a mulher o lavrador quis servir por si próprio o licor fermentado e todos brindaram com regozijo. Nisto, entrou um modesto camponês, que não se esperava, e que depois de saudar, se sentou. Ao ver os demais beber vodka, sentiu ganas de prová-lo e reconfortar-se, mas ninguém lho oferecia e o pobre teve que contentar-se em tragar saliva.
O amo murmurava baixinho:
— Terei feito vodka suficiente para oferecer a todos que se nos apresentem?
Isto também agradou ao diabo mestre e fez encher de orgulho o diabinho que exclamou:
— Espera, que o bom vem agora.
Os ricos lavradores e com eles o amo da casa beberam o vodka e quando este começou a fazer o seu efeito, começaram a dirigir elogios mútuos, com palavras melosas.
O diabo mestre ouvia e felicitava o diabinho.
— Com esta beberagem — dizia — tornam-se hipócritas e enganam-se uns aos outros, de maneira que os teremos a todos em nosso poder.
— Espera um pouco mais e verás o que vai acontecer — respondeu o demoniozinho — Aguarda até que bebam somente outro copo. Agora estão como raposas que movem a cauda a ver se enganam alguém, mas em breve vais vê-los enfurecidos como lobos.
Os lavradores beberam outro copo e começaram a gritar e a falar de modo grosseiro. As injúrias substituíram as palavras melosas; apoderou-se de todos um furor extraordinário e acabaram por se bater estropiando os narizes. O próprio dono da casa, quis intervir na contenda e levou a sua parte de pancadas.
O diabo mestre olhava e divertia-se.
— Isto vai bem — disse, esfregando as mãos.
O diabrete acrescentou:
— Espera mais um pouco. Deixa que bebam outra taça e verás. Agora estão como lobos raivosos mas, logo que saboreiem outro copo ficarão como porcos
Os lavradores beberam o terceiro copo e ficaram meio aturdidos. Murmuravam, grunhiam e gritavam sem saber porquê e para quê e sem se escutarem uns aos outros. Cada qual foi para o seu lado; uns sós, outros aos pares ou em grupos de três, e todos foram a cair por terra para suas casas.
O dono da casa, que saiu para se despedir dos seus hóspedes, deixou -se cair num charco, empapado de lodo ali ficou adormecido como um leitão.
Isto agradou ainda mais ao diabo mestre.
— Sabes — disse ao diabinho — que inventaste uma famosa bebida? Ganhaste bem a pedaço de pão. Agora vais-me ensinar como fabricaste essa beberagem. Juraria que puseste nela: primeiro sangue de raposa, e por isso os lavradores se tornaram enganadores e hipócritas; depois sangue de lobo, que os tornava tão maus como eles e, por último, sangue de porco, que os converteu em porcos.
— Não — disse o diabinho — não lhes fabriquei assim essa beberagem. Limitei-me a fazer que esse lavrador tivesse trigo de sobra. Era nele que estava o sangue de todos esses animais, mas esse sangue não podia agir enquanto o trigo desse apenas o necessário para alimentação. Quando o trigo passou a ser em excesso, pôs-se a pensar no modo de utilizá-lo, e aproveitei a ocasião para ensinar-lhe a beber vodka. Ao destilar para seu regalo o dom de Deus, convertendo-o em Vodka, manifestaram-se o sangue da raposa, do lobo e do porco; agora não terá outra coisa a fazer senão continuar a beber para se converter no mesmo que esses animais.
O diabo mestre felicitou-o e promoveu-o na hierarquia do Inferno.



DICIONÁRIO DE AUTORES CONTEMPORÂNEOS DA NARRATIVA DE ESPIONAGEM (8)

10 – BAGLEY (DESMOND)
1923 — 1983

Desmond Bagley

Nascido em Inglaterra viaja até Rodésia, Uganda e Africa do Sul onde trabalha como jornalista. Depois de publicar o primeiro livro, The Golden Keel (1963), que teve grande sucesso regressa a Inglaterra e dedica-se exclusivamente à escrita. Publica no total 16 thrillers: 2 títulos da série Slade, 2 títulos da série Max Stafford e 12 romances.

1 – Correndo Às Cegas
Círculo de Leitores (1981)
Tradução de Maria Manuela Saraiva
Título Original: Running Blind (1970)
1º Livro da série Slade

2 – O Tigre Da Neve
Círculo de Leitores (1981)
Tradução de Maria Ludovina Ferreira Figueiredo
Título Original: The Snow Tiger (1974)

3 – O Fugitivo
Círculo de Leitores (1981)
Tradução de Mário Serra
Título Original: Flyaway (1978)
1º Livro da série Max Stafford

4 – O Inimigo
Círculo de Leitores (1982)
Tradução de Felisbela Godinho Carneiro
Título Original: The Enemy (1978)

5 – Alta Cidadela
Círculo de Leitores (1982)
Tradução de Maria Ludovina Ferreira Figueiredo
Título Original: High Citadel (1965)

6 – Crise Nas Bahamas
Círculo de Leitores (1984)
Tradução de Maria Adelaide Namorado
Título Original: Bahama Crisis (1980)

7 – Herança Sinistra
Círculo de Leitores (1984)
Tradução de Maria Adelaide Namorado
Título Original: Windfall (1982)
2º Livro da série Max Stafford

8 – Noite De Terror
Círculo de Leitores (1985)
Título Original: Juggernaut (1985)

9 – Missão Em África
Círculo de Leitores (1986)
Tradução de Maria Adelaide Namorado
Título Original: Juggernaut (1985)


11 – BALLINGER (BILL)
1912 — 1980
Bill Ballinger

Autor já referido no CALEIDOSCÓPIO 73 (clicar)
Numa segunda fase da sua carreira literária, depois de uma interrupção de quase 10 anos, lança em 1965 o agente da CIA Joachim Hawks, um espião de origem hispano-americana, com o Sudeste asiático como teatro de operações. Este herói protagoniza 5 romances do autor, todos editados em Portugal

1 – O Espião Na Selva
Editorial Minerva (1967)
Tradução de Adelino Rodrigues
Título Original: The Spy In The Jungle (1965)

2 – O Espião Em Angkor Wat
Bertrand Editores (1967)
Colecção: Espionagem: Nº 21
Tradução de M. M. Ferreira da Sikva
Título Original: The Spy At Angkor Wat (1966)

3 – O Espião Em Bankok
Editora Dêadá (1967)
Colecção: Espionagem: Nº 4
Tradução de Eduardo Saló
Título Original: The Spy In Bankok (1963)

4 – A Máscara Chinesa
Editorial Minerva (1968)
Colecção: Espionagem: Nº
Tradução de Abel Marques Ribeiro
Título Original: The Chinese Mask (1965)

5 – O Espião No Mar De Java
Editora Dêadá (1970)
Colecção: Espionagem: Nº 53
Tradução de Ana Gonzalez
Título Original: The Spy In Java Sea (1966)



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