7 de junho de 2012

CALEIDOSCÓPIO 159

EFEMÉRIDES – Dia 7 de Junho


E. W. Hornung

E. W. Hornung (1888 - 1921)
Ernest William Hornung nasce em Middlesbrough, Inglaterra. O escritor vive em Inglaterra e França, mas em 1884 parte para a Austrália onde permanece apenas 2 anos. Apesar de curta, esta experiência australiana marca o seu trabalho literário. E. W. Hornung torna-se célebre devido à criação de um personagem: A. J. Raffles que aparece em revistas britânicas da especialidade, como a Strand ou a Cassel’s Magazine. Em 1899 os contos são reunidos no livro The Amateur Cracksman, também editado com o título Raffles. Outros títulos da série incluem The Black Mask (1901), A Thief In The Night (1905), e o romance Mr. Justice Raffles (1909).O autor escreve ainda mais 25 livros, publicados entre 1890 e 1913. Em Portugal estão editados:
1 – Um Gatuno de Casaca (1912), F. A de Miranda e Sousa Editores.
2 – O Selo Misterioso (1931), Colecção Minerva, Livraria Minerva.
3 – Novas Aventuras De Raffles (1989), Nº17 Colecção Alibi, Edições 70. Título Original: Raffles (1899)
4 – Os Mortos Não Falam (1997), Nº163 Colecção Livro de Bolso Clube do Crime, Publicações Europa América. Título Original: Dead Men Tell No Tales (1897)



TEMA — COMO NASCEU RAFFLES?
Publicado em Crónica X, edição da Associação Policiária Portuguesa
Por M. Constantino
Ernest William Hornung, o seu criador, nasceu em 7 de Junho de 1866 e morreu em 22 de Março de 1921. Estudou em Uppingham School e muito jovem dedicou-se ao jornalismo e às letras, publicando alguns romance com êxito: A Bride From The Bush (1890),Under Two Skies (1892), e Tiny Luttrell (1893), aos quais se seguiram outros, que nada tinham a ver com a literatura policial ou criminal.
O mais notável da sua obra consistia na discrição minuciosa de ambientes e tipos australianos,-qua pela sua residência oceânica chegou a conhecer a fundo e que constituem a cativante suavidade de The Boss Of Taroomba (1894), The Belle Of Toorak (1900), consideradas felizes narrativas exóticas. Aliás, o seu personagem futuro, Raffles é de ascendência australiana e o princípio da carreira deste mesmo personagem processa-se nesse continente.
E. W. Hornung, com o casamento com Constance Doyle, irmã de Arthur Conan Doyle, o agudo, corrosivo enfant terrible em que Hornung se transformara, levou-o ao contacto assíduo com o cunhado, então o mais prestigioso escritor de relatos de mistério e, incitado pela esposa, propôs-se seguir o género por que o público se mostrara muito interessado.
Naturalmente que não podia, com dignidade, criar um novo detective, pois se tal fizesse expunha-se à opinião da sociedade inglesa e seria, com fortes probabilidades, acoimado de imitador do seu parente por afinidade. A alternativa surgiu lógica: visto que Arthur Doyle contava as glórias de um defensor do Bem, ele, Ernest Hornung, com cuidados infinitos para não chocar o país, que ainda vivia a época vitoriana,- colocaria o seu personagem na margem contrária — assim nasceu A.J. Raffles.
Havia estudado Holmes, como estudou Dick Turpin, o mais famoso lado do século XVIII, cuja popularidade resultava do ar romântico do bandido, vítima de tremenda injustiça e exaltado defensor dos desditosos, cuja bondade e cavalheirismo tranquilizava o puritanismo britânico. O seu personagem seria um ladrão puro, hábil, simpático teria juventude e elegância frequentaria os clubes mais respeitáveis jamais usaria uma arma carregada ou faria correr sangue.
Hornung possuía um estilo literário singelo e objectivo muito vivo e de fina penetração colorista, não isento nas ocasiões convenientes do um humor agradável, o que se adaptava, com relevância, ao desenvolvimento da narrativa de aventuras de um ladrão.
Não é longa, porém, a vida literária do personagem. Limita-se a um punhado de contos recolhidos em três volumes e um romance que não atinge a craveira dos restantes
Não obstante a curta passagem pelo, mundo literário, o romântico patriota, o cínico gentleman vitoriano, ladrão de luva branca, ficará na história da literatura criminal, como o pai de todos os ladres de luva branca, um mito que se perpetuará através de outros personagens, de outros nomes.
Mais tarda em 1914,abandonada a saga de Raffles, Hornung publicará um livro de histórias policiais: The Crime Doctor, que não revelará qualquer interesse.

As aventuras de Raffles, popularíssimas em todos os idiomas, foram representadas no teatro e originaram filmes cheios de interesse imaginação. O personagem vestiu roupagens modernas, e na Londres dos nossos dias, revelando embora a original jovialidade, despreocupação e estouvamento, deixou de ser o patife romântico a quem só interessava o lucro fácil, para se tornar um justiceiro.



Apresentava-se como um homem jovem, bonito de compleição atlética e estatura elevada, perspicazes olhos cinzentos de hipnotizador que conquistavam com facilidade o coração das mulheres e a simpatia dos homens.
Elegante, origem distinta, educação refinada, era admitido com facilidade nos círculos aristocráticos, nos salões e clubes londrinos de alto nível.
Tão hábil no críquete como na nobre arte de artimanhas e truques surpreendentes, dotado de invulgar inteligência e diabólica astúcia, audácia e inegável coragem, tornou-se o ladrão por excelência: o ladrão mais sagaz, engenhoso e desconcertante de todo o império britânico, que operava, principalmente sobre negociantes sem escrúpulos, exploradores sem entranhas, avarentos, usurários e ostentosos novos ricos, certo de que, com uma boa dose de ironia e sarcasmo, “ ladrão que rouba ladrão…”

Assim era  RAFFLES

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