14 de junho de 2012

CALEIDOSCÓPIO 166

EFEMÉRIDES – Dia 14 de Junho


Manuel Vázquez Montalbán


Manuel Vázquez Montalbán (1939 – 2003)
Nasce no Barrio Chino, Barcelona. Estuda jornalismo, filosofia e literatura. Activista contra a política franquista é preso no início da década de 60, durante ano e meio. Reconhecido como um dos escritores mais importantes da cultura espanhola, definia-se a si próprio como jornalista, escritor, poeta, ensaísta, antologista, prefaciador, humorista, crítico, gastrónomo, adepto do Barça e prolífico em geral. É autor de uma obra vastíssima. Na literatura policiária é conhecido internacionalmente por ter criado o famoso detective Pepe Carvalho, que com Los Mares del Sur (1979),lhe dá o Prémio Planeta e o Prix International de Littérature Pollicière. Pepe Carvalho é o nome de um prémio literário, criado em 2006 pela cidade de Barcelona e atribuído anualmente a um escritor, de qualquer nacionalidade, que se distinga no campo da narrativa policiária. Montalbán, que escreve um livro com o título Os Pássaros de Banguecoque morre de ataque cardíaco a 18 de outubro de 2003 no aeroporto de Banguecoque, na Tailândia, quando regressava a Espanha, depois de uma visita de trabalho à Austrália. Em Portugal, na área da narrativa policiária estão editados:
1 – Os Pássaros de Banguecoque (1988), Nº80 Colecção Caminho de Bolso – Policial, Editorial Caminho. Título Original: Los Pajaros De Bangkok (1983). Reeditado pelas Edições Asa,em 2008, na Colecção Manuel Vázquez Montalbán. É o 6º Livro da série Pepe Carvalho.
2 – Os Mares Do Sul (1990), Nº110 Colecção Caminho de Bolso – Policial, Editorial Caminho. Título Original: Los Mares Del Sur (1983). Reeditado por Bárbara Palla e Carmo, Nº10 Biblioteca Visão Mestres Policiais. E pelas Edições Asa, em 2008, nº 3 Colecção Manuel Vázquez Montalbán. É o 4º Livro da série Pepe Carvalho.
3 – As Termas (1991), Nº140 Colecção Caminho de Bolso – Policial, Editorial Caminho. Título Original: El Balneario (1986). É o 8º Livro da série Pepe Carvalho.
4 – Galíndez (1991), Nº67 Colecção Uma Terra Sem Amos, Editorial Caminho. Título Original: Galíndez (1990). Romance que tem por base um caso real do rapto, tortura e assassínio de Jesús Galíndez, representante no exílio do país basco, sequestrado em Nova Iorque em 1956. Recebe o Premio Nacional de Narrativa e o Premio Literario Europeo.
5 – O Prémio (1997), Nº84 Colecção Uma Terra Sem Amos, Editorial Caminho. Título Original: El Premio (1996). É o 15º Livro da série Pepe Carvalho.
6 – O Estrangulador (1997), Nº84 Colecção Literatura Estrangeira, Editoria Difel. Título Original: El Estrangulador (1994). Um doente internado num manicómio lembra o seu passado e os assassínios do famoso estrangulador de Boston.
7 – Ou César Ou Nada (1999), Colecção Literatura Estrangeira, Editoria Difel. Título Original: O Cesar O Nada (1994). Romance inspirado nos Bórgias.
8 – Lisboa: Pepe Carvalho Na Cidade Dos Espiões E Heróis (2000), Edição Festival dos Oceanos. Edição trilingue: português, espanhol e inglês.
9 – Milénio I - Rumo a Cabul (2006), nº 18 Colecção Manuel Vázquez Montalbán, Edições Asa. Título Original: Milenio Carvalho I. Rumbo A Kabul, (2004). É o 19º Livro da série Pepe Carvalho.
10 – Milénio II – Nos Antípodas (2007), nº 18 Colecção Manuel Vázquez Montalbán, Edições Asa. Título Original: Milenio Carvalho II. En Las Antípodas, (2004). É o 20º Livro da série Pepe Carvalho.
11 – Assassinato no Comité Central (2000), nº 18 Colecção Manuel Vázquez Montalbán, Edições Asa. Título Original: Asesinato en el Comité Central, (1981). É o 5º Livro da série Pepe Carvalho.

A obra do escritor em http://www.vespito.net/mvm/




TEMA — ENIGMÍSTICA POLICIÁRIA — O ENIGMA DE CRIPTOGRAFIA
A cifra é um processo pelo qual se transforma um texto clássico num outro que, em princípio, só pode ser lido por quem possuir a respectiva chave: criptografia (do grego kryptós/escondido, secreto + gráphein/escrever).
Dos Lacedomónios a Júlio César, de São Bonifácio a Richelieu, a Napoleão, destes aos intrincados e modernos sistemas aplicados na espionagem, na diplomacia, mesmo no comércio, literatura, jornalismo, etc., até na vida comum como meio de receber e transmitir recados ou ordens sem fazer conhecer o conteúdo a rivais ou inimigos, a criptografia foi e é usada.
Tem acolhimento na Problemística. O que, de resto, seguindo esta de muito perto a literatura e a vida, seria de esperar. Citemos particularmente pelo seu interesse e para estudo, que o merece, Edgar Poe no Escaravelho de Ouro (1843), Júlio Verne em Viagem ao Centro da Terra (1864), A Jangada (1880) e Matias Sandorf (1885), Honoré de Balzac na História dos Treze (1833), Paul Féval em Os Companheiros do Silêncio (1857), Conan Doyle em O Mistério dos Dançarinos (1903), Maurice Leblanc em O Mistério da Agulha Oca (1909, Erle Stanley Gardner em o Mistério da Cruz Egípcia (1932), etc, etc.
Assinale-se, desde já, que a pura e simples apresentação de uma cifra mais ou menos complicada não tem qualquer valor problemístico. A cifra pode ter directo interesse, ou não, na resolução do problema, deve ser acompanhada de uma história conveniente, moldada ao tema que se quer produzir.
É apaixonante a história e ciência prática da criptografia através dos tempos; tão apaixonante que, para darmos uma ideia aproximada do seu interesse, recorda-se que só até 1900 se publicaram sobre a matéria, cerca de uma centena de tratados, qual deles o mais completo.
É manifesto que não vamos traçar um quadro completo do movimento criptográfico antigo e moderno — talvez um dia nos abalancemos a tanto — não deixamos, entretanto, de focar ao lado de métodos sem designação de origem, alguns outros de raiz histórica, tanto mais que em problemística comummente os produtores se lhe referem como ponto de partida (indispensável) para a resolução do trabalho.
A este último propósito convém prevenir que o problema desta classe, obrigatoriamente, contém uma palavra ou situação, que será o tal ponto de partida, ou indicação, do sistema do sistema de decifração, sob pena de, em contrário, o trabalho se tornar extremamente difícil, ou até, indecifrável, em oposição ao objectivo da Problemística, que deve ser um exercício intelectual, e não um quebra-cabeças. Medite-se, de resto, que a criptografia não é matéria fácil para todos os indivíduos, carecendo, além de cultura geral, de condições de método, paciência, observação e engodo pelos resultados.
Em termos práticos, três são os sistemas que abrangem todos os métodos conhecidos: transposição, substituição e misto.
No primeiro compreendem-se todos os métodos que consistem, fundamentalmente, em alterar a ordem natural das letras, sílabas ou palavras. Assim, dentro do anunciado sistema, podemos usar métodos tão simples como o da inversão, no qual o texto surge redigido do fim para o princípio.
Exemplo:
LAICILOPAMGINE = Enigma Policial



ENIGMA PRÁTICO — GATO ESCONDIDO
Todos temos tido ocasião de notar, na maioria das casas comerciais, a existência de etiquetas nas diversas mercadorias. Etiqueta que, em alguns estabelecimentos, além do preço da venda — aliás, obrigatório — contém o preço do custo marcado em código composto de letras (cada algarismo do preço é substituído por determinada letra do alfabeto).
Naturalmente que cada estabelecimento adopta um código particular de que guarda segredo, despertando, na generalidade, a curiosidade do ocasional comprador.
Na última visita ao Licinius deparamos com o velho proprietário, Sr. Moita, a etiquetar produtos e objectos expostos e, porque verificamos que naquele que nos interessava particularmente indicara (preço de venda) duzentos e catorze escudos, traçando em código as letras “CYRYY”, procurámos descobrir nele o preço do custo de tal mercadoria.
Reparámos que o homem escrevia com dificuldade, porquanto possuía apenas o dedo máximo, indicador e polegar da mão direita. Igualmente observamos que sempre que mencionava os preços vários que ia apontando, consultava um alfabeto e a factura que trazia num dos dois únicos dedos da mão esquerda, olhando alternadamente a mão direita e a esquerda.
Quando escreveu “Tommy/1.731$00” percebemos o jogo. Gato escondido…
E você, Amigo? Repare que o problema refere escudos, todavia, essa circunstância é irrelevante dado que não interfere com a solução.



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