4 de junho de 2012

CALEIDOSCÓPIO 156

EFEMÉRIDES – Dia 4 de Junho
Val McDermid (1955)
Nasce em Kirkcaldy, Fife, Escócia. É professora e jornalista durante 16 anos, antes de se dedicar apenas à escrita. Publica o primeiro livro em 1987, Report For Murder, com que inicia a série Lindsay Gordon, uma jornalista, que protagoniza mais 5 livros. Cria também a série Kate Branningan, uma investigadora privada, com 6 títulos publicados; e ainda, com 7 livros a série Tony Hill e Carol Jordan, um psicólogo clínico que trabalha como profiler em crimes violentos e uma corajosa detective chefe da polícia É a série mais conhecida da escritora, talvez por ter sido adaptada à televisão com o título Wire In The Blood. Val McDermid publica mais 7 thrillers e escreve Naked Come To Phoenix (2001) uma parceria de 14 escritores policiários, em que cada autor deixa uma pista que deve ser agarrada pelo autor seguinte. A escritora tem vários livros premiados, além dos referidos na lista dos livros editados em Portugal, a autora é nomeada em 1994 e em 2004 para o Gold Dagger respectivamente com Crack Down e The Torment Of Others. Em Portugal:

1 – Sentença De Morte (2002), Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: A Place Of Execution (1999). Editado também pelas Selecções do Reader’s Digest, volume 48 de Livros Condensados. Vence o Anthony Award, o Macavity Award e o Dilys Award para Best Novel e o LA Time Book Prize e é nomeado para o Gold Dagger e para o Edgar Award. É ainda eleito como Notable Book of the Year pelo New York Times
2 – O Canto Da Sereias (2002), Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: The Mermaids Singing (1995). Primeiro livro da série Tony Hill / Carol Jordan. Premiado com o Gold Dagger 1995
3 – Um Eco Distante (2005), Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: The Distant Echo (2003).
4 – Assassino Das Sombras (2006), Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: Killing The Shadows (2000). É eleito como Notable Book of the Year pelo New York Times
5 – O Cadáver Tatuado (2007), Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: The Grave Tatoo (2006). Premiado com o Portico Prize para ficção e nomeado para o BCA Crime Thriller para Best Novel.
6 – Compulsão (2008), Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: The Wire In the Blood (1997). Segundo livro da série Tony Hill / Carol Jordan.
7 – A Última Tentação (2010), Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: The Last Temptation (2002). Terceiro livro da série Tony Hill / Carol Jordan.


TEMA — QUANDO A JUSTIÇA ERRA — A TRAGÉDIA DA SOMBRA DA CRUZ
Nem sempre a justiça humana é isenta de erro ou de fraqueza. Não constitui o maior dos julgamentos da história humana, o de Jesus, uma prova de que a justiça nem sempre cede aos desígnios do direito e do equânime, sujeitando-se a influências estranhas, tais como as do ódio, do interesse pecuniário, da amizade, da política, do medo?
A tragédia desenrola-se em Jerusalém. Os judeus reclamam a liberdade de Barrabás, mau homem e homicida perigoso, e a morte de Jesus, cujas prédicas de uma acção moral os enraivecem e amedrontam, subjugados como vivem pelos vícios e pelo amor do dinheiro.
Pôncio Pilatos, procurador romano da Judeia, está convencido da inocência do nazareno e não quer condená-lo. Mas os sacerdotes, os escribas, a multidão facciosa, intervêm no julgamento e o procurador, acobardado, acaba praticando a ignomínia de entregar o justo a seus algozes e de libertar o assassino. O autor soube aproveitar os versículos de São Mateus para escrever um belo e original livro.
— Herodes não o julgará, asseverou Pilatos. Não há-de ser ele a pôr sobre os ombros o peso da condenação de um inocente…
— Um inocente?
— Manda-o de volta, para mim, que tenho o poder supremo. E não lhe vejo culpa alguma.
— Nenhuma culpa?
— Nenhuma que mereça o castigo que pedem para ele. Interroguei-o e não vi. Acaso o viste? Interroguei-o e nada descobri que permita condená-lo. De qual dos crimes de que o acusam pode ser culpado?

E a seguir:
— O seu reino não é deste mundo, não o ouviste dizer? Não se pretende rei. Não quer competir com César. O seu reino não é deste mundo porque ele bem sabe: o rei é César e só César é rei. E ele mandou pagar o tributo a César, quando o inquiriram. É por isso que não quero entregá-lo para que o crucifiquem…
Pois apesar desse juízo o representante de Roma, premido pelo vozerio da turba, capitula, limitando-se a lavar as mãos do bem e do mal na bacia de prata que lhe é apresentada. Se ele vacila um ancião exclama:
— Soltai a Barrabás… É o desejo do povo, bem o vedes, e na festa da Páscoa é costume soltar o criminoso que o povo indica, seja qual for…
Pilatos carece de energia para enfrentar o povo. Debalde sua esposa manda pedir-lhe que não ceda, sacrificando um inocente à multidão ignara.
Ele é frágil, apesar de dispor de todo o poder de Roma.
— Crucifica-o! Crucifica-o!
Gritam de toda a parte. Então Pilatos se ergue e diz:~
— Vós o tereis para que seja crucificado… Eu sou inocente do sangue desse justo.

E mandou soltar a Barrabás, o assassino.


TEMA — CONTO FICÇÃO CIENTÍFICA — ANULAÇÃO
De Álvaro Ferreira
Perdida nos confins nebulosos, uma criatura sinistra, flutuava por entre escolhos e recifes espaciais, provocando torvelinhos de poeira cósmica, alvoroçando toda uma numerosa fauna exótica, com as mais diversas formas e cores.
Até que quase sem dar por isso, se viu envolvida por uma estranha translucidez de tons acobreados que a ia envolvendo como um útero.
Até que de repente começou a ouvir uma melodiosa voz que lhe disse:
— Meu nenúfar enrodilhado de traçado temporal. Que te encontras aqui a fazer, tão longe da tua origem? Será que te encontras perdido? Ou talvez a engendrar a tua próxima destruição?
— Como sabes o meu nome? Quem és?
— Sou Ambtir, do mundo equaciono-neutro-positivo Amstron. Um dos muitos que tu transformaste em escaldante massa há apenas 1000000 de zambis (1).
Será que já não te lembras de Amstron?
— Raaammmm, bolas —explodiu Ofin.
— Sabes, é que eu sou um dos poucos sobreviventes dos que estavam em Amstron. Após a tua passagem saímos do laboratório e fomos encontrar o nosso belo planeta em magma, e após isso começámos a nossa busca no infinito, até agora, e por fim encontramos-te.
— Mas diz-me lá meu verme, como foi que me encontraste? — provocando após ter falado um pequeno turbilhão de deslumbrantes línguas de oxigénio supra-aquecido.
— Bem, a princípio foi difícil, pois não fazíamos ideia para onde tinhas ido. Todas as hipóteses no Infinito, no espaço tempo, nos Universo probabilidades, no espaço inter-galáctico ou até nos mundos equiciono-neutro-positivos ou negativos eram prováveis.
Um novo turbilhão apareceu repentinamente logo se esvaindo do mesmo modo.
E Ofin trovejou:
— Disseste “não fazíamos ideia”? Quer dizer que não estás só? Quer dizer que não vos destrui, que não vos anulei para sempre do grupo das espécies, a vossa infecta raça? — De facto tens razão. — Ouviu-se um conjunto de vozes.
— Então não calcinei por completo os vosso exoesqueletos  lagartóides rosnou Ofin, em tom frustrado.
— Não, como vês. Mas passemos ao porquê desta nossa eterna busca.
— Calma — gritou Ofin. Mas a vossa raça não era imortal! Mas a vossa raça não era imortal!
— Pois não. — Respondeu a melodiosa voz de Ambtir. Mas devido às radiações que a tua destruição produziu passámos a sê-lo. Mas tenta manter-te calado. Toda a nossa busca teve por fim analisar o porquê do teu modo de actuação.
Durante as nossas buscas, encontrámos o turbilhão de quasars e pulsares onde foste gerado, e lá não encontrámos indícios de toda essa violência, mas sim de uma calma e de um saber mítico, como apenas encontramos nos nossos centros de filósofos. Como tal, mais nos sentimos incentivados a continuar a nossa busca. Bem, como o teu passatempo é destruir que tal acharias se o nosso fosse destruir-te?
— Acharia engraçado. Só que não o poderias fazer. — E logo gargalhou Ofin. — E além do mais conseguiram pôr-me de bom humor, algo que já quase não conhecia.
— Sim. Só que estás enganado — guinchou uma voz vinda de um ponto indistinto.
— Enganado Eu. O Grande Conhecedor Ofin. Cada vez vos acho mais engraçados, — disse Ofin espalhando em seguida um faiscante vento de pequenas partículas avermelhadas.
— Então talvez eu to prove — disse Cring. Que tal esta dor nas tuas nebulosas asas?
— Guurnmm — berrou Ofin — Não é possível, eu sou imune a qualquer tipo de ataque.
— Como vês, não és. Ou será que não te doeu? — Ouviu-se uma nova voz, como que um raspar.
— Mas já que assim é, o prazer que vos poderia dar, nego-vo-lo.
Um monstruoso clarão deslumbrante, explodiu por entre um grito de dor.
— Por fim, destruo-vos. — ouviu-se a voz de Ofin.
Um halo de luz iluminou todo o quadrante temporo-equacional, fazendo desaparecer tudo nele contido.

No observatório de Lagos, Jorge Ramos, estupefacto, assistiu ao desaparecimento das zonas Alpha 541 e Cronos 125s, após uma esplendorosa explosão.


Sem comentários:

Enviar um comentário