10 de junho de 2012

CALEIDOSCÓPIO 162

EFEMÉRIDES – Dia 10 de Junho
Pernille Rygg (1963)
Pernille A. Rønneberg  Rygg nasce em Oslo, Noruega. Estuda história e etnologia e durante vários anos trabalha como cenógrafa. Actualmente é escritora e tradutora. Estreou-se na literatura policiária em 1995 com Sommerfugleeffekten (O Efeito Borboleta); o livro está traduzido em várias línguas. Em 2000 publica o 2º romance policiário Det Gyldne Snitt (A Proporção Áurea), que é nomeado para o Brage Prize, o prémio norueguês de literatura mais prestigiado. Os livros estão editados nos países de língua inglesa com os títulos The Butterfly Effect e The Golden Section.



TEMA — TESTE DE RACIOCÍNIO — O DIAMANTE VERDE
O filho do grande milionário Sr. Jogo Limpo foi raptado. O bilhete do resgate que recebeu, instruiu o milionário para não chamar a polícia e para levar o valioso diamante verde que possuía a uma cabine telefónica, situada no centro de um parque público, onde não existiam árvores ou arbustos próximos.
Ignorando a primeira recomendação do raptor, a polícia à paisana rodeou completamente o parque determinada a apanhar o criminoso ou o seu mensageiro, e não deixar que levasse o diamante. O milionário chegou à cabine levando o diamante. Enquanto esteve na cabine não recebeu qualquer chamada telefónica, seguiu à risca todas as instruções recebidas, mas a polícia foi incapaz de impedir que o diamante fosse levado e entregue nas mãos do raptor, que não estava no parque, (nem sequer saíra de casa) e não foi ajudado por qualquer pessoa sua cúmplice.
A polícia garante que ninguém se aproximou da cabine enquanto o milionário lá estava, também nenhum veículo terrestre ou aéreo entrara no parque, e não existia qualquer túnel de acesso à cabine.
Como é que o raptor tirou o diamante da cabine telefónica?
Ponha as células cinzentas a carburar…


TEMA — CONTO — E TUDO COMEÇOU NO PRINCÍPIO
De A. Raposo
Zoltan enxugou uma ténue lágrima ao canto do olho. Apesar de não pertencer à classe dos humanóides, tinha com estes enormes semelhanças. Era igualmente feito de carne e osso, respirava oxigénio e tinha sentimentos. Apesar do seu aspecto simiesco, do pêlo que lhe cobria todo o corpo, do seu andar bamboleante, tinha um ar bonacheirão.
Zoltan vivia no planeia Zwig, que, por sua vez, pertencia à galáxia M‑107. Acabara de ver na máquina da História do Tempo o que ficou registado como o princípio e o fim da História do Planeta Terra. Com seu filho Moltan, tinham acabado de visionar o filme e ficaram ambos pensativos. Zoltan não conseguiu evitar uma lágrima. Já vira aquele filme várias vezes, mas ficava sempre emocionado. Desta vez quis mostrar ao filho aquele registo da história.
— Meu filho — disse-lhe — o que sucedeu ao planeta Terra, pode um dia acontecer ao nosso. As probabilidades são poucas mas existem. A Terra teve vida durante tanto tempo, depois, como viste, um asteróide chocou com ela e o resultado foi aquela enorme bola de fogo, que fez evaporar os oceanos e acabou com os terráqueos e tudo quanto tinham construído. Da terra só ficou este registo que os nossos antepassados preservaram. Conta-se que os nossos astronautas foram, há muito tempo à Terra, e, trouxeram alguns exemplares que, apesar de muito primitivos, conseguiram adaptar-se ao nosso meio. Ainda há meia dúzia de descendentes deles por aí, mas é gente muito esquisita. São poucos mas, mesmo assim andam sempre à guerra uns com os outros. Dizem os nossos intelectuais que a vinda dos terrestres trouxe mais problemas que vantagens. Mas, os que cá estão são os últimos descendentes da Terra.
— Mas, agora que a Terra acabou, o que é que podemos fazer? — perguntou Moltan.
— Bem — disse Zoltan — talvez alguma coisa. Vejamos aqui no aparelho como estará a Terra neste momento.
Zoltan carregou em vários botões e a informação começou a surgir no visor.
— Olá — disse Zoltan — sorrindo. A Terra ficará de novo habitável. Os níveis de oxigénio, humidade e azoto já estão praticamente iguais aos nossos, Vou pedir ao nosso Mestre de Zwig, para nos aconselhar o que fazer. Pzig, o Grande Mestre de Zwig, ouviu com paciência que lhe era peculiar, os argumentos de Zoltan, sobre a vantagem de enviar povoadores para a Terra.
O Grande Mestre ponderou todos os prós e os contras e, por fim, resolveu a favor de envio de uma nave, com um casal de descendentes dos terrenos, por sinal dois que se tinham mostrado mais difíceis de se adaptarem às leis de Zwig. Através de um intercomunicador chamou um guarda e ordenou-lhe: – Peguem nos dois presos, descendentes dos terráqueos, que estão nas masmorras do Palácio Real e metam-nos na primeira nave com destino à galáxia solar.
Deixem-nos lá na Terra. Mas, muita atenção, não se enganem, os nomes deles são Adão e Eva.

Adão e Eva de Botero (1998)


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