31 de agosto de 2012

CALEIDOSCÓPIO 244

Efemérides 31 de Agosto
Hildegarde Dolson (1908 - 1981)
 Hildegarde Dolson nasce em Franklin, Pensilvânia, EUA. Publica o seu primeiro livro em 1938, dando início a uma longa carreira literária — quase 50 anos. Na sua obra destacam-se 4 romances policiários — protagonizados por Lucy Ramadale e por James McDougal, um detective de homicídios — cuja acção decorre em Wingate, Connecticut: To Spite Her Face (1971), A Dying Fall (1973), Please Omit Funeral (1975) e Beauty Sleep (1977).


TEMA — CONTO DE ESTREIA — PESADELO
De Pamela King
O presente conto é a estreia de Pamela King e foi escrito aos 14 (!) anos.

Troya Pierce descia a rua que escurecia aos poucos. Em passos lentos e lânguidos. Era Agosto e fazia um calor sufocante, mesmo ao anoitecer, porém ela tinha a mente voltada para outras coisas. Sorriu um sorriso luminoso ao lusco-fusco, tão mergulhada no seu devaneio que nem percebeu o pesadelo marcar passo atrás dela na rua deserta.
Chegou a uma esquina e parou, procurando ver na escuridão que se adensava; mas por um rápido instante os passos macios e felinos continuaram. Ela não se virou nem teve sobressalto algum ante aquele ruído, mas reteve a respiração e resolveu andar mais depressa. Num gesto deslizante a mão penetrou no bolso do vestido e trouxe de lá um espelho.
Ao passar por um lampião de rua, ela levantou o espelho diante de si e à fraca luz vislumbrou a sombra maldosa que avançava bem perto, vendo também um punho fecha do a apertar o prateado terror de, uma faca.
Não correu — talvez estivesse amedrontada demais para isso — mas tentou manter a respiração normal, mesmo ao enveredar pela entrada da primeira casa que avistou sem ousar virar a cabeça para trás Com o coração pulsando forte, bateu à porta. Atrás dela, na calçada, ouviu a respiração acelerada do seu antagonista; à espera.
Após uma eternidade, a porta abriu-se. Um homem com a barba crescida, sonolento, espiou protegido pelo portal.
— Oh, por favor — sussurrou ela com urgência — deixe-me entrar. Estou a ser seguida e ele tem uma faca.
O homem pestanejou e abriu mais a porta para lhe dar passagem. A sala estava fracamente iluminada e um aparelho de televisão berrava.
Ele estudou-a com uma expressão que ela não conseguiu interpretar.
— Quer que eu chame a polícia?
— Oh, não — sussurrou, mal respirando. — Isto é, não sei. Acha que se deve?
Ele encolheu os ombros, desinteressado — Não sei. Não é da minha conta. — Chegou-se mais para perto.
— Uma menina bonita não devia andar pela rua sozinha a esta hora da noite.
Com um tremor que lhe percorreu o corpo todo, ela percebeu enojada que o homem estava bêbedo. Na televisão, uma mulher gritou. Ela saltou com uma renovada sensação de medo.
— Bem… — riu nervosamente — obrigada por me ter deixado entrar, mas agora ele já se deve ter ido embora.
Fez menção de dirigir-se para a porta.
Ele. Porém, tomou a dianteira, o rosto alterado por um horrível riso de bêbado.
— Para quê tanta pressa, menina?

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