5 de agosto de 2012

CALEIDOSCÓPIO 218

Efemérides 5 de Agosto
Per Wahlöö (1926 – 1975)
Per Fredrik Wahlöö nasce em Tölö — mais tarde Kungsbacka — Halland, Suécia. Trabalha como repórter, viaja por todo o mundo e regressa à Suécia onde volta a trabalhar como jornalista. Forma uma dupla famosa com a mulher, Maj Sjöwall. Escrevem entre 1965 e 1975 10 livros policiários, protagonizados por Martin Beck, um detective da polícia de Estocolmo. A série Martin Beck retrata a sociedade sueca, vista através de uma lente crítica, reflectindo a perspectiva socialista dos dois autores, que no final da série mostram o desencanto de Beck com o trabalho da polícia. O 2º livro da série Den Skrattande Polisen (1965) é traduzido em 1968 com o título The Laughing Policeman e ganha o Edgar Award em 1971 para Best Novel. Per Wahlöö e Maj Sjöwall traduzem para sueco grandes autores policiários americanos, como Robert B. Parker e Ed McBain. Wahlöö escreve ainda individualmente ficção política e 2 thrillers futuristas, onde o personagem principal é o Inspector Chefe Jesen. Em Portugal estão editados:
1 – O Homem Que se Desfez Em Fumo (1989), Nº92 Colecção Caminho de Bolso Policial, Editorial Caminho. Título Original: Mannen Som Gick Upp I RöK (1966). É o 2º livro da série Martin Beck.
2 – O Homem À Varanda (1989), Nº99 Colecção Caminho de Bolso Policial, Editorial Caminho. Título Original: Mannen På Balkongen (1967). É o 3º livro da série Martin Beck.
3 – O Polícia Que Ri (1990), Nº122 Colecção Caminho de Bolso Policial, Editorial Caminho. Título Original: Den Skrattande Polisen (1968). É o 4º livro da série Martin Beck.
4 – Desapareceu Um Carro De Bombeiros (1992), Nº142 Colecção Caminho de Bolso Policial, Editorial Caminho. Título Original: Brandbilen som försvann (1969). É o 5º livro da série Martin Beck.
5 – O Homem Abominável (1994), Nº168 Colecção Caminho de Bolso Policial, Editorial Caminho. Título Original: Den Vedervärdige Mannen Från Säffle (1971). É o 7º livro da série Martin Beck.
 


TEMA — MIL FORMAS DE ACABAR O MUNDO
Continuação de CALEIDOSCÓPIO 214 (Clicar)
À hipótese do degelo opõe-se uma outra, a glaciação.
As grandes variações climatéricas observadas no passado deram aos climatologistas dados que lhes permitem afirmar que, apesar de estarmos presentemente num período privilegiado, dito “interglaciário” considerando o avanço e recuo dos glaciares, que são sempre breves na escala dos tempos geológicos e raramente ultrapassam os doze mil anos, poderemos ter nos próximos dois mil anos uma grande glaciação que provocará uma diminuição de cerca de seis graus na temperatura média do planeta. Estes seis graus terão efeitos catastróficos, se se considerar que o decréscimo de dois graus bastará para comprometer quase todas as culturas de cereais e frutas
Registou-se ligeira descida geral de temperatura, que se observou a partir de 1944, obtendo-se um aumento das superfícies geladas ao ritmo de 2 a 3% em cada ano, parecendo errado subestimar o perigo de um “inverno sem fim”. A temperatura depende, de facto, do calor recebido do Sol, cuja irradiação solar sofre alterações energéticas periódicas.
Inversamente, se as explosões solares se ampliarem, o planeta ressequido originará o fogo, ao qual se segue a fome e a peste. Mais, se a temperatura do Sol — cerca de 6500 graus — se elevasse alguns poucos, para além daquela trindade maligna, dar-se-ia a fusão dos geles polares e cairíamos na hipótese primeira — um novo dilúvio.
Mas, o fim do mundo pelo fogo tem outras vertentes.
O estudo da actividade vulcânica moderna e antiga permite relacionar o arrefecimento e a glaciação com a intensificação do vulcanismo. Este influencia a atmosfera terrestre alterando a sua composição e temperatura, poluindo-a com enormes massas de cinza, medidas em milhares de milhões de toneladas, e as partículas de cinza reduzem a radiação solar e consequentemente há uma diminuição das temperaturas, se bem que a atracção principal da actividade vulcânica resulte do seu potencial catastrófico. O fogo: saído do ventre da Terra ultrapassa, em termos de energia, o de qualquer bomba atómica, calculando-se que a potência da explosão dos vulcões Katmai (Alasca-1912) e Bandai (Japão-1888) igualassem, em cada caso, quatro bombas atómicas, enquanto o de Cracatoa (Indonésia-1883) a de 20000 e a de Tambora (Indonésia -1815) a de 200000!!
A actividade sísmica de que resulta em regra, o fogo, tal como a actividade vulcânica, tem um efeito secundário tão ou mais terrível do que a principal, os catastróficos maremotos.
Em breve apontamento dir-se-ia que o sismo de Lisboa (1755) vitimou 50000 pessoas enquanto o de Loess (China-1920) qualquer coisa como 200000!
Em termos de energia libertada as explosões vulcânicas e os sismos podem ser comparados aos resultados de um embate meteórico.
A -superfície terrestre conserva fartos vestígios da queda de grandes meteoritos, cabendo notar que é um fenómeno muito raro; os cálculos indicam que de 50000 em 50000 anos existir a possibilidade e um embate calamitoso, se bem que a queda de pequenos aerólitos não seja invulgar, desfazendo-se no espaço antes de atingir a Terra.
Aponta-se a hipótese, não confirmada, do Golfo de São Lourenço, no Canadá, ser parte de uma imensa cratera de choque com 290 km de diâmetro e cerca de 6 km de profundidade; a bacia de Popigai, na Sibéria, uma cratera aerolitíca confirmada que atinge 100 km, estimando-se a energia da explosão, há 30 milhões de anos, mil vezes a mais potente explosão vulcânica; o Devil Canyon no Estado do Arizona tem origem num aerólito, tal como os lagos duplos Clearwater, no Canadá
Um dos mais recentes fenómenos cósmicos da espécie, registou-se a 30 de Junho de 1908, em Tunguska na Sibéria Oriental. Um pequeno cometa entrou na atmosfera terrestre explodindo aos 5 ou 10 km de altura. Uma explosão colossal equivalente, no mínimo, a 3 milhões de toneladas de TNT, ou seja, cem vezes mais potente que as explosões atómicas de Hiroxima e Nagasaki.
Pelas suas proporções este fenómeno equivale aos maiores cataclismos conhecidos ou imaginados; felizmente ocorreu numa região absolutamente desabitada.
Flammarion escreveu em 1884:
“Não se podem desprezar o efeito que produziria a colisão de um cometa errante com o planeta. Um continente destruído, um reino esmagado… Paris, Londres, Nova Iorque, Pequim aniquiladas constituiriam os efeitos menos importantes da catástrofe celeste.”
De momento nada no movimento dos astros que constituem a nossa galáxia permite descortinar semelhante colisão, no entanto, se acontecesse, conforme o volume do impacto e local, a violência do choque poderia suprimir toda a vida ou deslocar o planeta da sua órbita, porventura fazê-lo regressar à vertical que teria ocupado há alguns milénios.
Impensável o resultado apocalíptico daí dimanante.
(continua)



PEQUENOS GRANDES CONTOS DA LITERATURA UNIVERSAL — O SEGREDO FATAL
De Daniel Webster (1782-1852)
Um homem, sem um inimigo no mundo, na sua própria casa e no seu próprio leito, é vítima de um crime sanguinário, por uma simples questão de dinheiro.
Num sono profundo mergulhara não só a predestinada vítima, como todas as pessoas sob o seu tecto. Um velho saudável, para quem o sono era doce, maciamente embalado pelos primeiros sintomas de entorpecimento. O assassino penetra pela janela antecipadamente preparada, num aposento desocupado. Sem fazer o menor ruído atravessa o hall deserto, meio iluminado pela lua; sobe a escada e alcança a porta do quarto. Move a maçaneta e empurra-a de leve até a porta rodar nos gonzos sem ruído. Entra e contempla a vítima à sua frente.
O aposento recebe a luz da Lua. A face do inocente adormecido acha-se virada para a parede e os raios da Lua, pairando sobre as madeixas grisalhas que lhe cobrem a fronte, mostram-lhe onde atacar.
O golpe fatal é vibrado! E a vítima, sem luta e inconsciente, passa do repouso do sono para o repouso da morte!
O assassino propusera-se fazer um trabalho seguro; por isso lança mão da faca, embora seja mais do que óbvio que a vida foi cortada pela força do golpe Chega até a levantar o braço do velho a fim de não errar o coração que tem como alvo, e torna a recolocá-lo sobre o ferimento recém aberto. Para terminar, explora o braço à procura do pulso. Encontra-o e certifica-se de que não bate.
Está tudo acabado. A acção foi realizada. O assassino recua sobre os seus passos, volta à janela, salta por ela e escapa. Praticou o crime sem que alguém o visse ou ouvisse. O segredo pertence-lhe e está bem guardado!
Ah, amigos, mas aí está o terrível engano! Tal segredo jamais estará seguro em parte alguma. A inteira criação de Deus não tem recesso ou cantinho onde o culpado o possa enterrar e julgar-se a salvo. Isso sem falar naquele olho que tudo vê e tudo sabe…
Na verdade, diz-se que “o crime sempre vem à luz”. Na verdade, sabe-se que por desígnio da Providência, todo aquele que infringir a grande Lei, derramando o sangue do homem, dificilmente conseguirá encobrir o seu crime. E num caso como este, a atrair tamanha atenção, a descoberto se fará…
Mil olhos voltam-se em seguida para explorar cada homem, cada coisa, cada circunstância ligada à hora e ao local; milhares de ouvidos apanharão qualquer sussurro pronunciado; milhares de mentes excitadas trabalharão incessantemente na cena do crime, aplicando ali todas as suas luzes e prontos a transformar a mais insignificante circunstância numa descoberta ofuscante.
Entretanto, o culpado não poderá ocultar o seu segredo. Ele é falso consigo mesmo; ou melhor, sente um irresistível impulso de consciência de manter-se fiel a si mesmo. O coração humano não pode dar guarida a uma tal habitante. Sente-se perseguido por um tormento que não ousa confiar a Deus nem a homem algum. Um corvo o devora e não lhe é possível pedir simpatia ou compreensão, seja ao céu, seja à terra.
O segredo que possui o assassino, em breve o possui a ele. E, à semelhança dos maus espíritos a respeito dos quais se lê constantemente, aquilo acaba por dominá-lo, mantendo-o sob a sua vontade. Ele sente-o a pulsar no coração, a levantar-se-lhe na garganta e a exigir revelação. Crê que todo o mundo o vê no seu rosto, reconhece-o nos seus olhos e tem a impressão de ouvi-lo até no silêncio dos seus pensamentos. Tornou-se seu senhor e dono. Atraiçoa-lhe a discrição, anula-lhe a coragem, vence-lhe a prudência.
Quando a suspeita de fora começa a embaraçá-lo e a rede das circunstâncias a fechar-se em volta dele, o segredo fatal luta com maior violência para rebentar cadeias que o prendem. Precisa ser confessado, e será confessado, pois não existe mais refúgio a não sei no suicídio, e o suicídio é a confissão.
Fonte: first-stop.org


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