Efemérides 23 de Agosto
René Reouven (1925)
René Sussan nasce em Argel, Argélia. Começa a escrever em 1965 ficção policiária sob o pseudónimo René Reouven; Octave II, é o seu primeiro livro e no total tem 15 romances policiários publicados até 1991 como René Reouven. Em 1971 recebe Grand Prix de Littérature Policière com L'Assassin Maladroit. Em 1974 publica Dictionnaire Des Assassins e em 1982, sob o pseudónimo Albert Davidson, inicia uma série de pastiches Sherlockianos com Élémentaire, Mon Cher Holmes que é distinguido com o prémio Mystère de la Critique de 1983.
TEMA — MISTÉRIOS E CRIMES DA HISTÓRIA — A MORTE DE ERWIN ROMMEL
Rommel teve o pressentimento de que o dia 13 seria um dia amargo na sua vida. Mas não foi. Passou como qualquer outro dia de sua vida gloriosa. Estávamos em Outubro de 1944. Longe iam para o Marechal-de-Campo Erwin Rommel os tempos de África, quando as suas divisões blindadas levavam de roldão os inimigos. Foi o tempo em que um velhinho famoso, de nome Churchill, surpreendeu o Mundo, e principalmente os ingleses, com esta declaração fantástica:
— Estamos a ser batidos em África por um general de grande talento. Esse “grande talento” era o alemão Erwin Rommel, glória de sua pátria, querido de Hitler, artigo de importação e exportação. Mas, certo dia, a roda do destino resolveu rodar contra esse brilhante militar. Uma a uma suas glórias foram sendo arquivadas. Foi batido em África. Foi batido em França. As forças aliadas coleccionavam vitórias e Hitler estava no fim. E um belo dia, sem que ninguém esperasse, Berlim anunciou ao Mundo, no dia 15 de Outubro de 1944, que o Marechal-de-Campo Erwin Rommel “havia falecido em virtude de ferimentos de que foi vítima num acidente de automóvel em França”. Após esse comunicado, foi tocado o Hino Alemão.
Essa é a versão oficial, aquela que o Mundo conheceu naquele dia de Outubro. A realidade era bem outra: Rommel havia sido morto pela Gestapo, a famosa polícia nazi. A verdade é que o “staff"” de Hitler estava convencido de que Rommel tinha tomado parte numa conspiração contra o Fuhrer. E desde então seu “suicídio” ficou encomendado aos especialistas da Gestapo. Sendo Rommel uma glória nacional, não poderia ser eliminado como qualquer militar sem gabarito. Era preciso — e nisso os nazis sempre foram peritos — salvar as aparências. Rommel não era um defunto barato. Além do mais, a guerra estava praticamente no fim, no seu derradeiro capítulo. O mundo de Hitler, feito para durar mil anos, acabava antes do prazo marcado. Só uma coisa não diminuía na Amanha desses dias: o ódio nazi. E foi por ódio, somente por ódio, que Hitler mandou executar o grande marechal.
O depoimento do filho de Rommel, Manfred Rommel, lança luz sobre os últimos momentos do famoso cabo-de-guerra.
Ei-lo:
Meu pai, o Generalfeldmarschall Erwin Rommel, morreu a 14 de Outubro de 1944, em Herrlingen, não de morte natural, mas por ordem do Chanceler Adolfo Hitler e nas seguintes circunstâncias:
Meu pai foi gravemente ferido a 17 de Julho de 1944, próximo de Livarot (Calvados) , França, durante um ataque efectuado por aviões norte-americanos, devido a explosão de um obus (quádrupla fractura do crânio e numerosas feridas de estilhaços no rosto). Foram-lhe prestados os primeiros socorros num hospital dos arredores de Paris e, quando pôde ser transferido, foi levado para a casa de Herrlingen, próximo de Ulm. Já então estava livre de perigo e a fractura do crânio podia considerar-se curada. Começava já a dar pequenos passeios. Pelo meu lado, a bateria anti-aérea em que prestava serviço concedera-me licença para que servisse de leitor a meu pai, pois sofria ainda de paralisia do olho esquerdo. Era tratado pelos Professores Albrecht e Stock da Universidade de Tubinga. A 7 de Outubro tive de voltar para a minha bateria e a 14 voltei a casa com algumas horas de licença. Cheguei no comboio das seis. Meu pai estava bem e tomamos o pequeno-almoço juntos. Depois demos um passeio até as 11. Disse-me que os dois generais do Exército, Burgdorf e Maisel, ambos da Direcção de Pessoal, vinham visitá-lo. Acrescentou que não augurava nada de bom daquela visita e que por trás do pretexto de lhe dar novo destino se ocultava uma manobra para o eliminar.
Recebeu os generais ao meio-dia e pediu-me que o deixasse a sós com eles. Cerca de três quartos de hora depois encontrei meu pai quando saía do quarto de minha mãe. Disse-me que acabava de se despedir dela e que Hitler lhe tinha posto o dilema de se envenenar ou comparecer perante o Tribunal do Povo. Além disso, comunicava-lhe que se suicidasse nada aconteceria à família, caso contrário, ela sofreria. Entretanto, verificamos que a casa estava rodeada por quatro ou cinco caminhões, pelo menos, cheios de homens à paisana mas armados, de modo que a nossa escassa guarda de oito homens, apenas com duas metralhadoras, era impotente. Depois de se despedir de mim, vestido com o seu uniforme de marechal e com um casaco de couro saiu de casa. Acompanhamo-lo até o carro onde os dois generais o saudaram com um “Heil Hitler!” Vimos que ao volante estava um homem da S. S. Meu pai foi o primeiro a subir para o carro e sentou-se atrás, à direita. Os dois generais Subiram depois. O carro partiu em direcção a Blaubeuren. Um quarto de hora depois comunicaram-nos, pelo telefone, que meu pai parecia ter sofrido uma embolia e que os generais o tinham conduzido ao hospital auxiliar da Wagnerschule, de Ulm. Durante a minha última conversa meu pai disse-me que suspeitavam que ele estivesse implicado no atentado de 20 de Julho. Parece que o que fora chefe do seu Estado-Maior, o General Speidel, detido algumas semanas antes, tinha dito que meu pai devia desempenhar um papel importante naquele atentado e que isso só foi impedido pelo acidente que sofreu. Uma declaração igual tinha sido feita também pelo General Stülpnagel, o qual, depois de ser demitido pelo Marechal Von Kluge, se dirigiu de carro para Alemanha, tentando suicidar-se, mas não o conseguiu e ficou cego. O Serviço de Segurança descobriu-o e fez-lhe uma transfusão de sangue para que voltasse a si e pudesse responder a um interrogatório. Depois foi enforcado. Diziam ainda que o nome de meu pai estava na lista do Burgomestre Goerdeler e indicado para Presidente do Conselho. O Fuhrer não queria obscurecer a glória que meu pai tinha alcançado aos olhos do povo alemão e, por isso, deixava-lhe a possibilidade de se suicidar com uma cápsula de veneno que durante o caminho lhe seria entregue por um dos generais. Aquele veneno fazia efeito em três segundos. Se não aceitasse, seria imediatamente detido para comparecer ante o Tribunal do Povo.
Meu pai preferiu o suicídio.
As testemunhas são:
1 — Sr. Paul Reeb, de Gebweiler, notário e burgomestre de Gebweiler.
2 — Sr. Diretor Fritz Herold, domiciliado em Riedlingen, praça do Mercado, 15. Assinado: Manfred Rommel
TEMA — FICÇÃO CIENTÍFICA
BIBLIOTECA ESSENCIAL DE FICÇÃO CIENTÍFICA E FANTASIA (38-40)
Volume 38 — Player Piano (1952) de Kurt Vonnegut Jr
Kurt Vonnegut Jr (1922 – 2007), autor norte-americano, de sólida formação científica e tecnológica, iniciou-se nos magazines populares em 1950. Player Piano (ou Utopia 14) é a sua primeira novela, com a qual conquistou de imediato grande notoriedade Slaughterhouse-five, Cat’s Cradle, The Sirens of Titan, Galapagos, são obras a registar.
Player Piano uma obra que mostra a visão de um mundo que nos espera, digno de meditação, na mesma ordem das utopias de Huxley ou Orwell. Uma sociedade de consumo levada ao último extremo — A Terceira Revolução Industrial que nos pode bater porta.
O enredo começa na mística cidade-fábrica de Ílium. Os homens-menos-que-as máquinas, quase esquecidos de que são homens, escravizados pela economia, desprezados pela ineficácia, humilhados, desapontados e em desespero, extravasam-se de tanto ferver, criam a coragem de se revoltar.
Mas não é uma revolta triunfante; por fracasso na luta, apenas aqueles que combateram as máquinas, num ímpeto inesperado, voltam a elas.
Ficha Técnica
Utopia 14 - 1
Autor: Kurt Vonnegut Jr
Tradução: Eurico da Fonseca
Ano da Edição: 1970 (?)
Editora: Livros do Brasil
Colecção: Argonauta Nº158
Utopia 14 - 2
Autor: Kurt Vonnegut Jr
Tradução: Eurico da Fonseca
Ano da Edição: 1970 (?)
Editora: Livros do Brasil
Colecção: Argonauta Nº159
Volume 39 — Limbo (1952) de Bernard Wolfe
Bernard Wolfe (1915-1985), autor norte-americano apenas conhecido pela obra magistral que é Limbo.
Limbo após a IIIª Guerra Mundial, as notas elaboradas pelo Dr. Martine caem no domínio público e são consideradas como base de uma nova religião, concebendo uma sociedade pacifista por imposição necessária: para evitar guerras os homens aceitam a mutilação voluntária. Porém, a sociedade está longe de ser pacifista, como afastada do que pretendem os ideólogos, a pressão existe de uma forma muito mais dura. Em breve há quem aceite a prótesis, como há quem a considere blasfémia tal prática.
Mas mesmo em situações de paz o homem não perde a sua belicosidade… e surge a IV a Guerra Mundial.
Volume 40 — Mission of Gravity (1953) de Hal Clement
Hal Clement (1922-2003), pseudónimo de Harry Clement Stubbs, professor de ciências de Nova Inglaterra que dedicou os seus conhecimentos profissionais à Ficção Científica. Referenciam: Iceworld, The Ranger Boys in Space, Close to Critical, Natives of Space, Star Light, Still River, etc.
Mission Of Gravity é um dos exemplos da Ficção Científica tecnológica mais notáveis. Ocupa-se dos problemas de recuperação de informações registadas por uma sonda foguete retida num planeta com quase setecentas vezes a atracção gravitacional da Terra.
O autor conseguiu cientificamente os atributos biológicos de uma raça capaz de viver nesse mundo e, para mais Interesse, a história está contada do ponto de vista dos alienígenas.
A novela foi inicialmente publicada no “Astounding” de Abril a Julho de 1953, tendo de imediato conquistado a admiração popular.
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