Efemérides 4 de Agosto
Dennis Lehane (1965)
Nasce em Dorchester Massachusetts. EUA. Trabalha como empregado de mesa e motorista de limusinas, em livrarias e como conselheiro de crianças deficiência mental, antes de se dedicar em exclusivo à escrita. É o autor de diversos bestsellers. O seu primeiro livro A Drink Before The War (1994) inicia a série Patrick Kenzie e Angela Gennaro — já com 5 títulos publicados— e ganha o Shamus Award, prémio atribuído anualmente pela Private Eye Writers of America, na categoria de Best First Novel. O livro Gone, Baby, Gone, é adaptado ao cinema em 1997 por Ben Affleck; Mystic River, um romance de 2001 ganha o Anthony Award e o Barry Award — prémio literário atribuído por editores de ficção policiária, recebe ainda o Massachusetts Book Award in Fiction e o francês Prix Mystère de la Critique. Mystic River foi adaptado ao cinema sob a direcção de Clint Eastwood. O escritor tem 10 livros publicados, sendo um de contos, tem o lançamento do próximo livro, Live By Night, agendado para Outubro e tem escrito vários argumentos para televisão.
1 – Um Copo Antes Da Guerra (2002), Nº 5 Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: A Drink Before (1994). É o 1º livro da série Patrick Kenzie e Angela Gennaro.
2 – A Caminho Das Trevas (2003), Nº 13 Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: Darkness Take My Hand (1996). É o 2º livro da série Patrick Kenzie e Angela Gennaro.
3 – Mystic River (2003), Nº 22 Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: Mystic River (2001).
4 – Shutter Island (2003), Nº32 Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: Shutter Island (2003).
5 – Gone, Baby Gone (2007), Nº52 Colecção Nocturnoss, Editora Gótica. Título Original: Gone, Baby Gone (1998). É o 4º livro da série Patrick Kenzie e Angela Gennaro.
6 – Prenúncio De Chuva (2008), Nº58 Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: Prayers For Rain (1999). É o 5º livro da série Patrick Kenzie e Angela Gennaro.
1 – Terra Dos Sonhos (2008), Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: The Given Day (2008).
TEMA — ALGO SOBRENATURAL — A CRENÇA DA EXISTÊNCIA DO DIABO
Continuação de CALEIDOSCÓPIO 211 (clicar)
A crença da existência de um poder a quem se atribuem a autoria (responsabilidade) dos males dos homens e dos animais, de calamidades mil na própria natureza, tem raízes na realidade do homem. Mas um poder inidentificável.
Nas civilizações primitivas não existia apenas um responsável, mas espíritos, génios ou deuses vários, especializados nos diversos géneros de malefícios — não existia o personagem DIABO.
As mitologias conhecidas seguem este padrão. São deuses, são monstros bons ou maus, ou simultaneamente ambos segundo os factos e os momentos, cujos domínios se estendem ao mar, aos abismos, à terra, aos céus, à luz às trevas, aos homens, aos animais; porém, sempre e estranhamente de comportamento humano.
Necessidade de distinguir o Bem do Mal, atribui-se-lha (ao Diabo) origem Judaico-cristã, se bem que os antigos hebreus partilhassem com outros povos semitas as crenças primitivas já expostas da existência de uma multidão de demónios, de cruéis espíritos malignos ou génios errantes dos desertos e oásis da Terra. Também eles, antes da chegada do seu Cristo, que renovaria toda a tradição religiosa, conheciam a religião persa, já dualista, mesmo antes da chegada do profeta Zoroastro. Na dualidade Persa existia o Bem e o Mal. Para Zoroastro, desde o princípio das “Coisas” existiam dois espíritos, por vezes chamados “primários”, um Bom e o outro Mau. Dois espíritos que por uma especial impenetração mútua acabam por produzir o Bom e o Mal, a Vida e a Morte, o Céu e o Inferno. O espírito ou princípio do Bem, definido como “o melhor estado mental possível”, chama-me AHURA; o princípio ou o espírito do Mal, conceituado como “a pior vida possível”, intitulava-se AHRIMAN ou ANGRA MAINYU.
Numa das obras da antiguidade persa, o “Yasma”, pode ler-se:
“O ESPÍRITO BOM FALOU AO MAU E DISSE-LHE: NÃO TEMOS EM COMUM NEM OS PENSAMENTOS NEM OS MANDAMENTOS, NEM AS CONCEPÇÕES, NEM AS CRENÇAS, NEM OS ACTOS, NEM AS CONSCIÊNCIAS, NEM AS ALMAS.”
Esta mesma percepção de separação absoluta está na essência da religião judaico-cristã cujo princípio do Bem assimila a Deus e o oposto ao Demónio.
Na versão bíblica da criação do mundo, a Génese, debate-se o problema do Bem e do Mal e, pela primeira vez, segundo os teólogos, se pode identificar o DIABO sobre a aparência da serpente que persuade Eva a entregar a maçã a Adão.
Num livro famoso da literatura apocalíptica “Adão e Eva”, cujo conteúdo só se conhece por referências, conta-se que o demónio fez primeira mulher para dela obter o consentimento de tornar-se o instrumento do pecado.
Eva perguntara-lhe porque perseguia Adão com tanto afinco sem que este lhe tivesse alguma vez ocasionado mal, ao que o demo respondera que teria, por culpa de Adão, perdido a magnificência de que dispunha no Céu, porquanto, tendo Deus, criado o homem a sua imagem e lhe vida, o arcanjo São Miguel ordenara a todos os anjos que adorassem a nova criatura, dando ele próprio, São Miguel o exemplo.
Mas a lenda encontra duas teses distintas da rebelião do Senhor das Trevas, a primeira das quais se fundamenta nesta exposta conversa, no ciúme ante o desvelo, afecto e destino prometido por Deus à nova criatura, inferior sem dúvida mas provida da interessante dualidade: corpo e alma.
A segunda atribui ao então Lúcifer — Príncipe dos Anjos, o mais belo e inteligente entre os anjos que rodeiam o Criador, um desmedido orgulho e soberba que, Este, desgostado ordena a sua expulsão do Céu, missão cumprida, como no primeiro caso pelo Anjo São Miguel
Nos primeiros livros do Antigo Testamento só por indução ao pode atribuir qualquer utilização do nome do personagem em causa. Na primeira vez que aparece textualmente lê-se:
“SATAN ERGUEU-SE CONTRA ISRAEL E INCITOU DAVID A FAZER O CENSO DE ISRAEL” (Crónicas I-21-1)
Mais ou menos contemporâneo das “Crónicas” outro livro refere igualmente o questionado:
“O SACERDOTE JOSUÉ, DE PÉ DIANTE DO ANJO YOUÉ, ENQUANTO SATAN ESTAVA À DIREITA PARA ACUSÁ-LO. O ANJO DISSE A SATAN: — QUE YOUÉ TE REPRIMA SATAN.”
Em Apocalipse (12.7), descreve-se a sua derrota:
“ENTÃO HOUVE A BATALHA DO CÉU: MIGUEL E OS SEUS ANJOS COMBATERAM O DRAGÃO. O DRAGÃO LUTOU JUNTO COM OS SEUS ANJOS, PORÉM, NÃO CONSEGUIRAM A VITÓRIA E DEIXOU DE HAVER PARA ELES LUGAR NO CÉU.
O GRANDE DRAGÃO, A ANTIGA SERPENTE, QUE POR VEZES TOMA OS NOMES DE DIABO E SATANÁS, O SEDUTOR DO UNIVERSO FOI PRECIPITADO PARA A TERRA E COM ELE OS SEUS ANJOS.”
Mas a presença de citações bíblicas, directas ou indirectas, nada resolvem, nada elucidam validamente.
Enigma.
Enigma sim, que se afigura de colocar no seu verdadeiro contexto: O teológico.
Para as religiões não cristãs a realidade demoníaca á contestável e discutível; para a cristã a existência do diabo é uma existência dogmática com enquadramento no Velho o Novo Testamento. Assim, não causa espanto o seu apogeu nos primeiros séculos do cristianismo em que o perfil do diabo fica delineado, em contraste com a lacuna e enorme deserto encontrado até à Idade Média, período em que é mais temido, recebe as mais a poderosas honras, glorificado por tradicionais e disciplinadas hostes de seguidores e combatido ferreamente por outras.
Em realidade, até ao século X a força do catolicismo não tinha necessidade de espantalho satânico para se impor, desmoronando num impulso crescente as diversas religiões pagãs. As relações entre Deus, Satanás os homens era aceite com certa complacência pela Igreja tradicional. Com a Idade Média, a miséria, ignorância e insegurança então reinante, perdida a fé em Deus, o culto do Demónio desenvolveu-se extraordinariamente. O Diabo já não aterroriza então, antes é um cúmplice nos processos de prazer fácil, da riqueza e agressividade.
Antes mesmo e principalmente a partir do Século XII os Papas reagiram a propagação do satanismo em todas as suas formas, e as fogueiras da Inquisição ardem em toda a Europa. Sob a sua alçada caem hereges, cristãos inocentes, adoradores ou não do demónio. A história noticia que, embora haja documentos justificativos de linchamentos e execuções na fogueira a partir de 1163 (ex: Colónia- Alemanha) como casos exporádicos, o passo decisivo para a grande fogueira deu-o Gregório IX.
Primeiro a tortura e a fogueira para os hereges, depois a perseguição e morte das bruxas, astrólogos e alquimistas, com verdade ou não, por simples denúncia e sem possibilidades de defesa.
São séculos de loucura que só viria a afrouxar a partir do século XVII, mas mesmo até ao século XVIII o espírito mau só podia ser invocado em cavernas solitárias e ocultas.
É impossível apontar o número de pessoas mortas no período inquisicional, os historiadores renunciaram a estabelecer uma estatística, mesmo aproximada dês execuções pela fogueira até ao século XVII referido.
O número de pelo menos um milhão, nada tem de fantasia, afirma Bernard Michel,
Que tem o diabo com tudo isto?
Tudo e nada.
Mais do que o interesse do diabo em afirmar-se, releva a utilização que dele fez a Inquisição para readquirir a força religiosa.
A renascença, o grande choque da Reforma, as descobertas geográficas e científicas não apagam instantaneamente o obscurantismo predominante, mas o tempo e as ideias desenvolvem-se e o diabo poderá recuperar de algum modo os pergaminhos meio destruídos mas não perdidos. Atingirá mesmo a “alta-roda” reabilitando introduzindo a Franco-Maçonaria ao longo do século XIX, que dele fará o “Grande Arquitecto do Mundo”, e assim continuará no século XX.
Contemporaneamente abundam diabos e diabas de todas as facetas; a própria problemática da existência da humanidade está nas mãos mais ou menos limpas, na consciência mais ou menos bem intencionada, de um diabo qualquer… um obscuro candidato a Satanás!
E isto já não é sonho, nem alucinação
(continua)
TESTE DE RACIOCÍNIO — UMA AVENTURA DO LOURENÇO
O Lourenço precisava de ir à livraria buscar um livro encomendado. Meteu-se no automóvel, passou pela rua de sentido único onde a livraria se situava e onde era proibido andar de patins ou de bicicleta. Só encontrou lugar para estacionar mesmo no extremo da rua. Saiu do carro e foi à livraria. Voltou ao automóvel e guiou até casa.
Desde a livraria ao local onde estacionara o automóvel existiam três Bancos, todavia Lourenço não passou a pé por qualquer deles nem na ida nem na vinda…
A livraria e lugar onde estacionara ficavam em extremos opostos da mesma rua, no entanto ele não saiu dessa rua. Estranho. Então como foi possível não passar pelos Bancos?
Exercício para as suas “células cinzentas”. Pense um pouco que não é difícil.
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