Efemérides 29 de Julho
Chester Himes (1909 – 1984)
Chester Bomar Himes nasce em Jefferson City, Missouri, EUA. Hilmes é considerado um escritor afro-americano, cujos romances descrevem situações de racismo para as quais os leitores não estariam ainda preparados. O génio do escritor passa despercebido nos EUA; exilado em Paris, publica uma série de romances de policiário negro. Cria a série Coffin Ed Johnson & Grave Digger Jones, — os Detectives do Harlem — iniciada em 1957 e com um total de 8 títulos publicados, escreve mais 10 romances policiários e publica uma colectânea de contos. Recebe em 1958, em França o Grand Prix de Littérature Policière com The Five-Cornered Square (1955, EUA). Tem obras adaptadas ao cinema. Em Portugal estão editados:
1 - O Primitivo (1968), Nº7 Colecção Livro Amigo, Editorial Íbis. Título Original: The End Of A Primitive (1955).
2 – A Maldição Do Dinheiro (1985), Nº14 Colecção Álibi, Edições 70. Título Original: For Love Of Imabelle (1957), editado também com o título A Rage In Harlem. Reeditado em 1990 pela mesma editora com o Nº18 Colecção Álibi, Série Especial Os Clássicos do Romance Policial, com o título Tumulto Em Harlem. É o 1º livro da série Coffin Ed Johnson & Grave Digger Jones.
3 – O Crime Não Compensa (1985), Nº16 Colecção Álibi, Edições 70. Título Original: All Shot Up (1960). Reeditado pelas Edições 70 em 1992 com Nº35 Colecção Álibi Especial e o título Razia Total. É o 5º livro da série Coffin Ed Johnson & Grave Digger Jones.
4 – Assassinos A Frio (1992), Nº2 Colecção Bolso Negro, Editora Puma. Título Original: The Real Cool Killers (1959). É o 2º livro da série Coffin Ed Johnson & Grave Digger Jones.
5 – Cidade Escaldante (1995), Nº148 Colecção Livros de Bolso, Série Clube do Crime, Publicações Europa-América. Título Original: The Heat’s On (1966), editado também com o título Come Back, Charleston Blue. É o 7º livro da série Coffin Ed Johnson & Grave Digger Jones. Reeditado por Bárbara Palla e Carmo, em 2000, com o Nº10 Biblioteca Visão Mestres Policiais.
TEMA — ALGO SOBRENATURAL — O REINO DO DIABO
O reino e corte do diabo tem estruturas próprias.
Segundo Johann Weyer ou Wierus, ou ainda Jean Wier, o reino do mal está organizado por categorias, calculando-se em 7 405 926 o número dos demónios. Assim, encabeçados pelo seu rei Satanás, existiam 72 príncipes, 1111 legiões de diabos, cada um com 6666 elementos.
O mesmo demonólogo estabelece uma verdadeira hierarquia da infernal corte:
7 reis: Amodeo, Bael, Byleth, Paimon, Purson e Zafan
16 duques: Agares, Alocer, Astarth, Batymh, Berith, Bune, Busas, Chas, Eligor, Gusaym, Muros, Pricel, Sytrey, Valefer, Vespar e Zepar;
13 marqueses: Androalt, Andras, Cimerias, Faerso,Femix, Gemigyn Lamon, Loruy, Marchiass, Mebirus, Rieve e Sabmac;
10 Condes: Barbatos, Botis Decaridia, Furfur, Halfas, Ipes, Morux, Raym, Vime e Zalcos;
11Viscondes: Amy, Buer, Caim, Forcas, Caap, Glasialabolas, Haagent, Marbas, Maltus, Uze e Volac.
Seguindo uma outra fonte, Lucífer é o Imperador, Satã apenas um príncipe; para outros os diabos serão quatro: Lúcifer, Satanás, Leviatã e Belial, enquanto serão principes, Amain On, Ariton, Asmodeu, Astoroth, Belzebú, Margot, Oriens e Paimon. Ainda de outra origem — “Os segredos do Inferno”, um manuscrito de 1522 — Lúcifer é o Imperador, Belzebú, o príncipe, Astaroth o grão-duque, Licifugo o primeiro ministro, Satanakia o general, Agaliaretph o 2º general, Fleyrety o tenente-general, Sargatanas o brigadeiro e Nebirus o marechal de campo.
Mas não ó tudo.
Há quem aponte para uma coligação e governo segundo o calendário:
Janeiro - Belial
Fevereiro- Leviatã
Março - Satã
Abril - Astarte
Maio - Lúcifer
Junho - Baalberit
Julho - Belzebú
Agosto - Astaroth
Setembro - Thamuz
Outubro - Baal
Novembro - Hécate
Dezembro - Moloch
Em que nos quedamos? Sonho? Alucinação? Realidade?
TEMA — HISTÓRIAS DO DIABO — TRIUNFO DO DIABO
De Don Hutchison
O diabo resfolgou e disse:
— Meu caro, rapaz, pedes demasiado pouco. Posso dar-te mais. Não gostarias de algum dinheiro?
— Não.
— E fama?
— Nem falar.
— Uma vingança?
— Nada.
O Príncipe das Trevas pensou e, astuta mente, perguntou:
— E a respeito de mulheres? Não quererias um harém de belezas exóticas vindas das paragens mais cálidas do globo?
— Não, obrigado — contestei secamente. Tenho uma mulher perfeitamente satisfatória em casa.
O Anjo Caído debruçou-se no trono. Fixou-me com a expressão de um vendedor aborrecido que não consegue efectuar com rapidez um negócio.
— Lamento-o jovem. Temo que não possa ajudar-te. Porque não entras em contacto com um agente?
— Olhe, — disse-lhe — quer a minha alma ou não quer?
Lúcifer ergueu-se da sua poltrona real. Estendeu as garras e apoiou-as sobre a mesa do escritório.
— A tua alma? Queres dizer que…
— Bem, não vim aqui para ver o panorama.
Satanás abanou a cabeça.
— Sei que todos os homens têm um preço. Porém, tu, tu dizes-me que estás disposto a vender a alma imortal em troca de… em troca de chegar a ser um escritor que publica as suas obras.
Inclinei-me sobre o tampo da sua secretaria olhando-o fixamente.
— Olhe — disse-lhe — algumas pessoas pensam que escrever é uma manifestação de um desajuste vital básico. O mesmo desajuste que faz alguns homens enfrentarem a bebida…
— Sei o que é…
— Então está claro que não é algo que deseje fazer; é algo que tenho que fazer. Acreditei que pudesse conseguir que as coisas me fossem mais fáceis.
Lúcifer sorriu.
— Talvez possamos fazer um contrato.
Apertou um boto e dois diabos interiores materializaram-se na sua frente.
— Trazei-me o Grande Livro Maldito — ordenou.
Os demónios assentiram com a cabeça e desaparecerem num instante.
— Agora veremos — disse o diabo.
Esperamos que regressassem os demónios com um enorme volume encadernado em pele humana e de cor escarlate. Colocaram o terrível livro sobre a secretária.
Belzebu folheou as páginas obscenas emitindo ocasionais grunhidos a cada história de libertinagem mundana.
— Aqui está! — disse por fim, batendo numa página com os óculos de aro de corno. — Este é o documento de propriedade de… esta… é um dos meus bens; uma revista que publica relatos sobre vampiros, fantasmas e coisas que fazem ruídos de noite. Parece-me que é justamente o que procuras…
— Porém, como pode garantir-me que…
Inclinou-se lentamente para mim.
— Esta revista aceita o trabalho de todos os meus clientes.
— Quer dizer que o director dessa revista tem ordens de…
— Deixe que lhe explique — interrompeu. Há alguns anos iniciei um novo estilo de revista: terror, espanto, magia, para citar alguns temas. Representa para mim um bom investimento editorial. Por outro lado, são um bom campo de trabalho para os clientes… bem… frustados como tu.
— Quer dizer que é o proprietário?
— Naturalmente — disse o diabo — vampiros, fantasmas, pactos com o diabo! Onde julgaste que iam buscar essas ideias loucas?
De repente estendi a mão apertei a sua garra.
— De acordo — disse — contrato firmado.
— Excelente — exclamou Sua Tenebrosa Majestade, enquanto uns fios de vapor violeta surgiram das suas orelhas e fossas nasais como se fossem cabelos. Entregou-me umas folhas de papel chamuscadas e uma velha máquina de escrever.
— Agora escreve tudo o que se passou aqui, sobre esta entrevista e tudo o mais, rapaz, e depois…
Bateu com as garras no Grande Livro Maldito.
— Depois disso, há aqui material para que passes, os próximos dez mil milhões de anos a escrever!
— Mas isso é uma condenação eterna!
Exactamente! — gargalhou o Diabo.
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