CALEIDOSCÓPIO 193

EFEMÉRIDES – Dia 11 de Julho

Berit Reiss-Andersen (1954)

Nasce em Drøbak, Akershus, Noruega. É secretária de estado em 1996 e 1997 do Ministério da Justiça e Polícia e faz actualmente parte do Comité do Prémio Nobel da Paz. Berit Reiss-Andersen é autora de 2 romances policiários escritos em colaboração com Anne Holt, uma das maiores escritoras norueguesas de literatura policiária: Løvens Gap (1997) e Uten Ekko (2000), respectivamente Boca do Leão e Sem Eco em traduoção literal.

TEMA — ENIGMÍSTICA POLICIÁRIA — AINDA A ESPÉCIE-TIPO CRIPTOGRAFIA

Continuando as observações sobre o tema, é de salientar que no domínio da enigmística quase todos os produtores, ou seja os autores dos problemas ou enigmas, inventam os seus próprios métodos de criptografia. Também é verdade que as variantes têm sempre, ao fim e ao cabo, apoio nos métodos clássicos. Por tal motivo, é lícito apresentar alguns métodos. Assim:

Método geométrico, no qual as palavras são dispostas verticalmente umas sobre as outras, formando por exemplo um paralelograma a transcrever posteriormente.

Exemplo para a frase “nada disse à polícia, mantenha na negativa”

N	S	C	E	E
A	E	I	N	G
D	A	A	H	A
A	P	M	A	T
D	O	A	N	I
I	L	N	A	V
S	I	T	N	A

Donde se extrai o criptograma:

NSCEEAEINGDAAHAAPMATDOANIILNAVSITNA

Método de Iury, pelo qual a palavra “ENIGMA” seria representada pelos números:

51/33/42/22/23/11

pela utilização do quadrado onde o primeiro número representa a primeira coluna vertical da letra que se quer indicar e o segundo número horizontal da mesma letra, no esquema seguinte:

	1	2	3	4	5
1	A	B	C	D	E
2	F	G	H	I	J
3	L	M	N	O	P
4	Q	R	S	T	U
5	V	W	X	Y	Z

 

Método chinês ou japonês, reflecte o método geométrico (paralelograma) mas iniciando-se a escrita da última palavra da direita para a esquerda.

Na frase “Sigam para Lisboa”

S	A	A	L	B
I	M	R	I	O
G	P	A	S	A

Temos:

SAALBIMRIOGPASA

E invertendo:

ASAPGOIRMIBLAAS

Método de Júlio César, um clássico, mas de difícil decifração. Consiste em substituir as letras das palavras que se querem cifrar pelas quartas letras anteriores do abecedário. Afinal, uma forma de transposição já referenciada.

Exemplo:

ROMA = NKIW

Método Conde Gronfeld é o processo empregado por Júlio Verne no seu romance “Jangada” e explica-se da forma seguinte.

Querendo cifrar a frase “Enigma Policial”, escolhemos quatro ou cinco letras diferentes de 1 a 9, que se colocam por debaixo das palavras; seja a número 2 3 7 1 4 2.

Mensagem

E

N

I

G

M

A

P

O

L

I

C

I

A

L

Nº de Código

2

3

7

1

4

2

3

7

1

4

2

3

7

1

A cifra será

D

L

C

G

J

Z

N

J

L

F

B

G

U

L

Aplicando um alfabeto com 23 caracteres, neste exemplo, conta-se para a letra “E”, tantas letras do alfabeto quantas as indicadas no número, para trás e a partir dela, ou seja o “D”. Igualmente para as outras letras.

Tem interesse o método pois, reparem, em virtude dos diferentes números que cabem a cada letra, a cifra é sempre diferente em relação a cada letra da mensagem.

Método dos diversos ou tartamundo, em que se escreve o texto em horizontal, mas formando paralelograma, numerando-se as letras. Suponha a mensagem: “Mandem munições e tropa”.

	1	2	3	4	5
1	M	A	N	D	E
2	M	M	U	N	I
3	C	O	E	S	E
4	T	R	O	P	A

Deslocando as colunas segundo uma ordem pré-estabelecida, que poderia ser, por exemplo 4 2 1 3 5 teríamos a seguinte transmissão:

DAMNENMMUISOCEEPRTOA

E para finalizar o tema….

ENIGMA PRÁTICO — A LUTA DOS PARTIDOS

de Dr. ARANHA

Era inevitável! De tanto ouvirem falar em partidos, lutas partidárias, e outras frases bombásticas como essas, os miúdos da escola 27 acabaram por tomar para si essas mesmas frases, aplicando-as às suas “lutas” de turmas.

E foi assim que se formaram os dois “blocos”: os “brancos” e os “verdes”. Não por motivos políticos, ou de ordem ideológica, mas apenas por serem essas as únicas cores das camisolas existentes na rouparia… E não havia neutros: ou “brancos” ou “verdes”! Embora alguns, como o Zé Batata — o “bucha” da escola — para não ser gozado por nenhum deles, fizesse o chamado jogo duplo: filiado nos “verdes”, sempre que podia colaborava com os “brancos”…

Era essa a razão por que naquele dia, na sede dos “brancos”, o Zé Batata mostrava aos colegas uma “ordem de serviço” obtida nos “verdes”, e que rezava assim:

OMEDAREDVAÇRAAFNICR

AOMDAPDAIAAARIEEUVNMT

Ao que constava marcaria a data do início das hostilidades entre os dois “partidos”…

Corria o boato que os “verdes” tencionavam ir às ameixas do quintal da escola antes da data autorizada…

(Convém contar a história: todos os anos os alunos eram autorizados a ir colher as apetitosas ameixas que pendiam gulosamente da ameixoeira no quintal da escola… E isto na data em que a direcção considerava que elas se encontravam em condições de maturidade. Porém, ai de quem fosse apanhado a ir lá antes da data…).

— Pelo que consegui ouvir, eles querem ir lá todos, antes mesmo que o Director permita — contava o Zé Batata. Diz o Pirolito (era o chefe dos “verdes”) que se eles forem lá todos, o Director não os pode castigar, pois são metade de nós todos… E se eles lá vão, ficamos a ver navios…

— Pois é! Mas isto está em cifra. E se é de substituição, se calhar não temos tempo para as tentar todas…

— Não, pá, não é! É de transposição colunar simples de oito. O que eu não soube foi a “chave”.

Querem dar uma ajuda aos “brancos”?

1 - Qual a palavra “chave” e o texto decifrado?

2 - Qual o processo que utilizou?