7 de julho de 2012

CALEIDOSCÓPIO 189

EFEMÉRIDES – Dia 7 de Julho
Kathy Reichs (1948)
Kathleen Joan Reichs nasce em Chicago EUA. Antropologia forense de renome internacional, professora universitária, consultora do Gabinete de Medicina Legal da Carolina do Norte e escritora. Kathy Reichs faz parte do grupo de emergência criado para identificar as vítimas dos ataques de 11 de Setembro e do exame dos corpos das vítimas exumadas das valas comuns no Ruanda e na Guatemala. Além dos seus livros científicos, a autora escreve romances policiários que estão traduzidos em mais de trinta idiomas. Estreia-se no policiário com Déjà Dead (1997), que recebe o Arthur Ellis Award, prémio instituído em 1984 pelos Crime Writers of Canada. Este livro é o primeiro de uma série de 16 narrativas de crime cuja heroína é a médica legista Temperance Brennan. A autora inspira-se na sua experiência profissional e os crimes que descreve são especialmente violentos. Cria também a série Viral para jovens, publicando: Virals (2010), Seizure (2011) e Code (2012), este em co autoria com Brendan Reichs). Em 2005 começa a ser exibida a série televisiva Bones nos EUA —. Ossos, entre nós; Kathy Reichs é produtora, embora a série não seja a adaptação dos seus livros. Em Portugal estão editados:
1 – Testemunhas do Silêncio (1999), Nº15 Colecção Fio Da Navalha, Editorial Presença. Título Original: Déjà Dead (1997). É o 1º livro da série Temperance Brennan
2 – Cadáveres Inocentes (2001), Nº32 Colecção Fio Da Navalha, Editorial Presença. Título Original: Death Du Jour (1997). É o 2º livro da série Temperance Brennan
3 – Ao Encontro Dos Ossos (2006), Colecção Paradox, Texto Editora. Título Original: Bare Bones (2003). É o 6º livro da série Temperance Brennan
4 – Ossos Cruzados (2006), Colecção Paradox, Texto Editora. Título Original: Cross Bones (2005). É o 8º livro da série Temperance Brennan
5 – Investigação Criminal (2007), Colecção Biblioteca do Conhecimento Juvenil, Círculo de Leitores. Original: Forensics (????)
6 – Ossos Intactos (2007), Colecção Paradox, Texto Editora. Título Original: Break No Bones (2006). É o 9º livro da série Temperance Brennan
7 – Ossos Perdidos (2007), Colecção Paradox, Texto Editora. Título Original: Monday Morning (2004). É o 7º livro da série Temperance Brennan


Martin Edwards (1955)
Kenneth Martin Edwards nasce em Knutsford, Cheshire East, Inglaterra. Advogado e escritor premiado, publica em 1991 o primeiro livro — All the Lonely People, que é nomeado para o John Creasey Dagger Award. Neste livro apresenta o advogado Harry Devlin, protagonista de 8 romances e outras tantas short stories. O escritor cria a série Lake District com 5 títulos publicados entre 2001 e 2011 e com o próximo livro, Frozen Shroud agendado para 2013. Martin Edwards publica mais de 40 contos dispersos por revistas e antologias, escreve sobre crime real e sobre literatura policiária. O autor, que tem uma extensa lista de prémios e nomeações, faz parte do Murder Squad — um colectivo virtual de 6 escritores de ficção de crime, do norte de Inglaterra, é presidente da sub-comissão de nomeações para o Diamond Dagger, o prémio de maior prestígio da Crime Writers Association, é nomeado em 2007 arquivista desta mesma associação, que em 2011 lhe atribui o Red Hearring Award por serviços prestados; em 2008 é eleito membro do Detection Club e em 2011 nomeado o primeiro arquivista deste célebre, fundado em 1920 por Agatha Christie, Dorothy L. Sayers, C. K. Chesterton e outros mestres do policiário.


TEMA — POESIA DO CRIME — OS CRIMINOSOS
Por Joaquim Paulo

Crime,
É um soltar de hosanas de glória
Quando na outra face não é achado
Nem o halo da candeia
Nem um cálice inventado
Para uma última ceia!
Crime,
É o alardear vitória
Sobre os corpos destroçados
P’la falta de um sentir de irmão!
Crime,
É não saber dar a mão.
Crime
é o construir
de um sonho de solidariedade sãs
E atingi-lo com o descalabro de uma verdade impune
Ciliciada pelos desenganos das certezas vãs
Crime
É um nascer
Para vegetar em morte permanente
Assassinando-os mutuamente,
Dando a Deus o desespero
De impossíveis julgamentos…
Crime
É o não ver, ouvir, calar!
É a humana insatisfação
Sem luz de alumiar
Obrigando às trevas profundas
De um Inferno
A queimar um Céu…
Crime,
Serão todos, tudo e eu…
É a guerra e o martírio
De mim flagelado.
É um moribundo castigo
No prazer de um mortal pecado.
É a negação da gota de esperança
E do dor da Bem-Aventurança…
É não saber dar,
É não saber da alegria
De ser filho de um Deus
Com o direito de nos desprezar…
Crime,
é não ter Céu!
É o Holocausto constante que provocamos
E,
CRIMINOSOS,
Seremos todos,
Tudo,
E eu…





TEMA — CONTO DE FICÇÃO CIENTÍFICA — PARA ALÉM DO TEMPO
De A. F. Terras Gonçalves

A nave passou zumbindo a rasar as copas das árvores verdejantes que rodeavam o vale, onde, algures no tempo, ficava a base-mãe.
Tangor, oficial da Esquadrilha Temporal do planeta Beta 5 do sistema de Centauro, dominou finalmente a angústia que o atormentava, depois da quinta evolução em torno do planeta. Estava no seu planeta natal, mas totalmente deserto dos milhões de seres, que algumas horas atrás o habitavam.
Tangor regressara de uma missão de rotina, e encontrara o planeta sem quaisquer vestígios de civilização. Apenas um templo, que observava pelo visor e ia agora inspeccionar.
A sua grande preocupação era o inexplicável não funcionamento do medidor efectividade espaço-temporal, impedindo-o de viajar no espaço-tempo. Também o medidor de efectividade de tempo normal estava parado. Piorando a situação, o robot-mecânico tinha “enlouquecido” e agitando os braços metálicos dizia coisas sem nexo e sem qualquer utilidade prática.
A nave volteou e aproximou-se do vale. Numa colina que dominava toda a depressão, erguia-se o estranho Templo. O detector Jónico seguiu a nave, e o computador biológico — Guardião do Templo — melancolicamente constatou que há mais de 20 números Aleth nenhum sábio ou monge visitara o templo sem ser em estado de profunda meditação, em viagem pelo irreal e pelo fantástico.
Tangor preparou a manobra de aterragem. Verificou a aparelhagem e ficou pensativo a olhar o medidor que continuava sem funcionar. A nave poisou com um suave e quase hipnótico balanço. Saiu, depois de carregar a arma de fusão e deixar os robots-guardas em estado de alerta. Aproximou-se da escadaria do templo verificando que era imponente, de um estilo muito antigo. Mas em tal estado de conservação que parecia que o tempo não tinha feito sentir a sua acção. A meio da escadaria, uma sensação de medo fê-lo voltar-se. A algumas dezenas de metros a sua nave cintilava e o robot-guarda assobiou em sinal de que estava atento. Quase lhe deu a impressão que o robot tinha piscado o olho! Mas não, tal não era possível. Nunca tinha visto uma “coisa” daquelas piscar o olho a um ser humano. Ainda pensando nisto deu-se consigo no patamar superior. Ao pisá-lo o portão abriu-se, ao mesmo tempo que uma voz fria, e sem emoção, dizia:
“Sê bem-vindo, humano, ao Templo onde é guardado o segredo do Tempo Efectivo de Normalidade Geral, regulado na mesma intensidade universal”.
“Saberás que qualquer gesto ou acção de agressividade, ainda que intencional, te trará imediatamente a morte. Deixarás a arma à entrada Ou não chegarás a dar três passos no interior do templo. Acompanhar-te-á um andróide que te vedará a visita à zona interdita. Estarei de vigia e basta que fales se pretenderes qualquer informação”.
O computador estranhou o comportamento da criatura que ali ficou parada, olhando espantada o interior escuro para além da entrada, sabendo que olhava para além do tempo…

Tangor nada disse. Deu meia volta e desceu as escadas. Sabia que estava perdido, condenado a não mais voltar ao seu planeta. Os sábios do seu Sistema já tinham visitado o templo há muitos milhares de unidades de tempo, apenas espiritualmente. De outra maneira era quase impossível, mas ele estava ali. Agora sabia que tinha entrado no chamado “buraco intemporal”, que era por assim dizer uma porta para um “universo paralelo”. Para entrar, uma hipótese num milhão. Para sair, talvez nenhuma…Procurar a saída para o seu Universo era pouco mais ou menos procurar uma esfera infinita, cujo centro está em todo o lado e o círculo limite em parte nenhuma!
Entrou na nave e os reactores de activação dimensional começaram a zunir. Lembrou-se dos heróis que morriam nas suas “vimanas”(1), na grande batalha do “Armagedon”, no longínquo planeta dos homens da Terra, dos quais, falava o “Livro dos Deuses”(2). Lembrou-se ainda da sua companheira, afastada dele… apenas uma eternidade!
Já a nave subia no espaço azul, quando o portão do Templo se fechou. O Guardião meditava para com os seus componentes electrónicos, sem saber como elaborar o relatório do estranho acontecimento.
Tangor, 1º Oficial Graduado da Esquadrilha Temporal, acelerou a sua “vimana” na ordem do factor inverso do módulo de gravidade, com rumo ao infinito. O robot-mecânico fitava um ponto que não existia. A nave tremeu ligeiramente e o humanóide de metal, começou a cantarolar baixinho. Tangor ligou o sistema de auto-desintegração da nave, e entrou na camada de suspensão da vida!
Lá em baixo, o Guardião tentava ainda detectar a nave que já perdera de vista. Entretanto, um robot-móvel procedia à substituição de um filtro biológico que se decompusera. Velava assim pelo bom estado do seu Mestre e Senhor, Guardião de Templo, por todos os séculos sem fim…
(1) As “vimanas” eram, segundo os Centaurianos, os “Carros de Fogo” dos Deuses.
(2) Livro da Mitologia Centauriana também chamado “Livro dos Antigos”.

Templo Abandonado Ilustração de Rob Alexander

Sem comentários:

Enviar um comentário