EFEMÉRIDES – Dia 8 de Julho
Fergus Hume (1859 – 1932)
Ferguson Write Hume nasce em Powick, Worcestershire, Inglaterra. Em 1861 os seus pais emigram para o Nova Zelândia, onde Hume estuda e vive até concluir o curso de direito. Em 1985 vai viver para Melburne, exercendo advocacia e ao mesmo tempo tenta escrever peças de teatro, embora sem sucesso. Influenciado pelos romances de Émile Gaboriau, o famoso escritor francês pioneiro da ficção de detective moderna e autor muito popular em Melburne, Ferguson Hume escreve, sob o pseudónimo Fergus Hume, The Mystery of a Hansom Cab publicado em Melburne em 1886. O livro é um sucesso de vendas na Austrália, em Inglaterra e nos Estados Unidos, e considerada como o melhor romance do século do género policiário. O autor regressa a Inglaterra em 1988 e durante uma carreira literária de 46 anos escreve 127 novelas protagonizadas por Octavius Fanks (o herói do seu 1º livro), 4 colectanêas de contos, 8 livros policiários e 1 colectanêa de contos de fantasia. Em Portugal esta editado:
1 – O Mistério Do Fiacre (1990), Nº511 Colecção Vampiro, Livros do Brasil. Título Original: The Mystery of a Hansom Cab (1886).
John Ball (1911 - 1988)
John Dudley Ball nasce em Schenectady, NewYork, EUA. Escritor, piloto, comentador de rádio, editor musical e curador do Planetário Hayden é mais conhecido na literatura policiária por ter criado Virgil Tibbs, um detective Afro-americano, que surge pela primeira vez em In the Heat of the Night (1965), que ganha o Edgar Award para Best First Novel e anos mais tarde é adaptado a um filme vencedor de 5 Óscares. John Ball escreve 7 livros da série Virgil Tibbs e mas 10 romances policiários.
Christopher G. Moore (1952)
Christopher George Moore nasce no Canadá. Professor de Direito na Universidade de British Columbia, publica o primeiro livro His Lordship's Arsenal em 1985 e passou a dedica-se exclusivamente à escrita. Tem publicados 23 livros e uma colectanêa de short stories. O destaque na sua obra literária vai para a série Vicent Calvino, um detective privado que trabalha em Banguecoque. O escritor está ttraduzido em várias línguas e é um autor com grande sucesso nos países asiáticos.
Tom Egeland (1959)
Tom Egeland nasce em Oslo. Noruega. Jornalista e escritor, o seu livro mais famoso é Sirkelens Ende, que aborda o mesmo tema do que O Código Da Vinci, mas foi publicado 2 anos antes do famoso bestseller, embora a semelhança entre os livros seja impressionante está assumido que se trata de uma mera coincidência. O escritor tem uma dezena de livros publicados— terror e thrillers —, alguns dos quais traduzidos em várias línguas
TEMA — DINHEIRO E MOEDA FALSA
O processo primitivo da troca para obter o necessário deixou de ser aplicável por ser pouco funcional. Há 4000 mil anos os habitantes da Babilónia resolveram o problema criando placas de argila com o número de valor correspondente a uma determinada quantidade de mercadorias, que servia de troca na aquisição de outras ou de serviços: era dinheiro na acepção do termo. Em alternativa usaram-se, igualmente pedras, conchas penas de certas aves, sal, algo que muita gente quisesse e não fosse fácil de obter — principalmente o sal, já que o processo para o extrair do mar ou das minas não é simples. Este último resultou tão bem em várias culturas da antiguidade que ainda hoje recebemos em troca dos nossos serviços o “salário”. As placas de argila foram pouco a pouco substituídas por material mais durável, até chegar ao cobre, depois ao bronze, ao fero, à prata, por último ao ouro, que tinha no seu peso o seu valor. Porém, sendo a solução mais séria, deixou de o ser no caso de Atenas, onde circulava a moeda de prata. O problema era que o estado não tinha prata nem as minas de onde era extraída de modo a fazer moedas para salvar a economia e criar a estabilidade do governo face à revolta. Foi consultado Solon (638 aC – 558 aC) e este encontrou a solução. A essência da ideia é as pessoas acreditarem nas moedas cunhadas pelo governo, porque o estado garantia que eram de ouro ou prata pura. Soleon mandou fazer moedas apenas com 75% de prata e o resto de outro material compatível. Será a primeira “moeda falsa” da história.
Atenas ficava mais forte e rica do que antes graças ao dinheiro falso. No fundo somos todos iguais aos grupos do séc. VI a.C., acreditamos que o dinheiro vale o que está nele indicado. Assim é quando o dinheiro passou a papel. Primeiro vales de crédito, depois surgiram as notas sem valor material, mas valor monetário garantido pelo banco emissor de qualquer estado de direito.
TEMA — CONTO— CRIME À LUZ DO DIA
De Orlando Guerra
O autor é um policiaristas veterano, produtor, decifrador, contista imaginativo e inteligente. É co-fundador da Associação Policiária Portuguesa — APP, que lhe deve sólida propaganda e muitos trabalhos. Obrigada Orlando ou diria, “Durandal”.
M. Constantino.
A Senhora D. Gertrudes de Albuquerque e Sá era pessoa de pergaminhos. Ciosa do seu bom nome e bens, aliava a uma vontade férrea elevados escrúpulos éticos.
Podemos, pois, imaginar como recebeu os múltiplos conselhos e as inúmeras advertências acerca dos riscos que corriam sua integridade e, sobretudo, as suas jóias, quando se decidiu por uma viagem ao Rio de Janeiro.
“Aquilo era um horror. Nas ruas safanões nas bolsas. Nos autocarros roubos às claras. Nos hotéis a insegurança dos haveres. Em parte alguma segurança. Um pavor.”
Mas já dissemos que a Senhora D. Gertrudes de Albuquerque e Sá possuía uma tenacidade indomáveI, para não dizer teimosia irrefutável.
“Exageros… Exageros…” -Replicava.
E decidiu-se a passear de “bonde” pelas mais movimentadas artérias da cosmopolita Rio de Janeiro, ostentando os seus adereços mais valiosos.
Sentada junto da janela circunvagava o olhar pelas ruas que o autocarro atravessava, alheando-se, quase por completo da movimentação dos passageiros.
Alguém se sentou a seu lado. Um homem, decerto, pelo solavanquear do assento, pois não se dignou mirar o seu companheiro de viagem.
Os minutos decorriam, serenos e lentos…
Pressentiu um leve toque no seu braço esquerdo.
De soslaio olhou o seu pulso, e sentiu-se estarrecer. O relógio desaparecera…
Não. Não podia consentir semelhante afronta…
Fossem quais fosse as consequências não podia permitir que um qualquer lhe ficasse com o relógio, belo presente do seu defunto marido. Ao diabo as consequência…
Os avisos sinistros — por um objecto qualquer matava-se uma pessoa — varreram-se-lhe do pensamento. Podiam matá-la, mas ficaram-lhe com o relógio, isso não. Era demais… E não resistiu…
Sem se dignar sequer encarar o seu parceiro de viagem, resmungou entre dentes:
— O relógio, aqui. Depressa… — e apontava o regaço.
Sentiu, mais do que viu, que o homem a seu lado se virava para ela.
Insistiu, com firmeza:
— O relógio. Já disse… — a sua voz era fria e cortante.
Uns minutos de tensão, e alguma coisa foi depositada no colo.
Quase febrilmente agarrou no relógio que guardou na bolsa. Logo se apeou na paragem seguinte, apanhando depois um táxi que a transportou ao Hotel.
Os seus pensamentos cruzavam-se em turbilhão. O coração saltava-lhe descompassadamente, quase lhe rebentando o peito.
Maldito país. Que desaforo. Assim, sem mais nem menos, em plena luz do dia, e num transporte público…
Mas desconheciam a fibra de uma autêntica Albuquerque e Sá.
E enquanto abria a porta do quarto do Hotel uma satisfação íntima invadia-a, apaziguando o seu tumulto interior…
Fora uma experiência medonha, que felizmente terminara em bem, graças à sua coragem indómita…
Ao Brasil, nunca mais…
Empurrou a porta, que cerrou atrás de si, e sentiu-se desfalecer.
Sobre a mesa-de-cabeceira cintilava um relógio, o seu relógio, que esquecera ao sair.
A senhora D. Gertrudes de Albuquerque e Sá acabara de cometer, inadvertidamente, o seu primeiro crime.
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