Lowell Thomas (1982 – 1981)
Lowell Jackson Thomas nasce em Woodington, Ohio, EUA. Pioneiro no jornalismo de rádio, repórter de guerra, explorador e escritor, é famoso por ter dado a conhecer Lawrence da Arábia com With Lawrence In Arabia (1924). As viagens de Lowell Thomas a locais remotos do planeta são o tema dos seus livros de aventuras; e a actividade como repórter na 1ª e 2ª guerra mundial está bem patente na sua extensa bibliografia.
Douglas Hill (1935 - 2007)
Douglas Arthur Hill nasce em Brandon, Manitoba, Canadá. Editor e escritor de ficção científica, com meia centena de livros publicados, é mais conhecido pela série Galactic Warlord (The Last Legionary) destinada a leitores jovens. A série Last Legionary é composta por 5 volumes: Galactic Warlord (1979), Deathwing Over Veynaa (1980), Day of the Starwind (1980), Planet of the Warlord (1981) e Young Legionary (1982). Usa também o pseudónimo Martin Hillman.
TEMA — ESPIONAGEM — LAWRENCE DA ARÁBIA
Thomas Edward Lawrence, mais conhecido por Lawrence da Arábia, nasceu no País de Gales em 1888, segundo filho de um nobre irlandês e veio a tornar-se uma lenda. Poeta, arqueólogo, guerreiro, agente secreto e aventureiro, cabe-lhe justamente esta última qualificação.
Numa sociedade em que impera o culto pelo desporto, despreza-o, preocupando-se tão só por endurecer o corpo e a capacidade de resistência, desde os primeiros dias de escola. Estudou em Oxford e fez férias na Síria praticando o idioma árabe. Doutorou-se em História com uma tese sobre arquitectura militar dos cruzados. Trabalhou para o Museu Britânico em Carquemis (Jerablus), tendo percorrido a Mesopotâmia e o Egipto. No início da 1ª Guerra Mundial, alista-se no exército britânico, como oficial exerce funções no Estado Maior, mas em 1915 foi enviado para os Serviços de Informação do Exército no Egipto. No ano seguinte desembarca em Deraa para contactar o rebelde árabe contra a ocupação turca da Arábia. Dois anos mais tarde, com três mil homens, imobiliza mais de cinquenta mil soldados turcos, facilita a conquista da Palestina e Arábia pelas tropas inglesas e entra em Damasco à frente e como chefe do exército rebelde, vestido de branco dos peregrinos de Meca, adornado com cordões amarelos e vermelhos e uma adaga de ouro à cintura. É a glória. Lawrence converte-se num herói. Vestido com roupas árabes é respeitado e considerado um deles, tem influência e protege os interesses britânicos, cujo dinheiro anda altamente envolvido. Mais do que um agente secreto, é um guerreiro entre os guerreiros, um aventureiro de sorte. O domínio britânico vai-se alargando e estabelecendo. Herói duplo para ingleses e árabes, esquecendo-se por vezes de que é um oficial inglês e um espião pago pela coroa, favorece os árabes com os quais se identifica, até alguém se lembrar desse facto. Regressa a Londres já em 1918 com a promoção a tenente-coronel. Deixa o seu coração nas areias escaldantes, que no íntimo a sua luta seria, claramente, a independência árabe.
O esforço físico dispendido foi exaustivo. Sente-se esgotado mas regressa a Oxford e resolveu escrever. Não se conhece relação feminina. Morre num acidente de mota em 19 de Maio de 1935.
Um homem estranho com muita vida, rodeado de muitos acontecimentos, sobre os quais muito se escreve e comenta.
TEMA — ANATOMIA DO CRIME — MÁGICA REALISTA
Nos meados do século XIX, mais precisamente em 1862, nenhum outro mágico conseguiu alcançar a força de Ugo Cavalli.
O mais velho e conhecido número de magia — serrar uma mulher pelo meio — era por si praticado com um realismo jamais atingido por outrem. Ainda que antecipadamente se soubesse que não passava de um truque bem delineado e concebido, e que a mulher estava encolhida num canto da caixa cortada, longe do alcance das lâminas, ou já desaparecida por uma abertura secreta, os espectadores sustinham a respiração, dilatavam os olhos suspensos do resultado.
De resto Cavalli cativava a plateia. Capa negra que lhe chegava ao chão, chapéu alto da mesma cor, bigode torcido e enrolado, igualmente negros os olhos profundos, espessas sobrancelhas, voz de barítono na realidade um mágico encantador.
Ainda que fosse a sensação máxima do velho continente, desejava sempre e sempre aperfeiçoar o seu número de serras. Tão meticuloso e concentrado se mostrava no seu trabalho que, invariavelmente, ao dar por findo o espectáculo, desmaiava, no que era acompanhado pelos espectadores mais impressionáveis no meio dos mais fortes aplausos dos outros.
Claro que tinha concorrentes que não só copiavam o seu trabalho como os próprios modos de falar e de vestir.
Ugo sorria desdenhosamente. Um dia pensou fazer um trabalho deixaria os seus copiadores roendo as unhas de inveja! Duas semanas mais tarde teve a ideia genial que revolucionaria toda a sua mágica. E durante meses, com um fim, procurou um par de gémeas, jovens e bonitas. O seu trabalho não ganharia com mulheres feias.
De Praga chegaram, finalmente as desejadas irmãs gémeas, Caterina e Hilda Freagu, de vinte e um anos, moças lindíssimas.
Ugo preparou tudo e o número fenomenal que pretendia realizar foi anunciado em todos os jornais com uma enchente soberba. Toda a gente queria ver o espectáculo! Na hora marcada Ugo Cavalli ocupou o palco. Convidou os mais eminentes cidadãos e autoridades locais a examinarem a caixa, a qual, referiu bem, não tinha fundos falsos. Curvou-se, enfim, diante do público, pegou a linda Hilda Freagu pela mão, e apresentou-a ao público, colocando-a na caixa com galanteria e carinho. Caterina esperava na sombra.
Ugo pegou na serra. Medonhos gritos começaram a sair da caixa, quando começou a serra-la. Encantados, os espectadores deliravam de emoção, apreciando o toque de realismo do grande mago enquanto ia serrando a caixa até atingir o fundo.
Ugo limpou o suor com um grande lenço escarlate, sorriu para o público e abriu a caixa. A linda rapariga saiu alegremente do seu interior — era Catarina.
A plateia aplaudiu frenética e longamente.
Desta vez foi Caterina quem desmaiou. E quando recuperou os sentidos e correu para a caixa seguida de alguns espectadores, encontrou a sua irmã gémea serrada ao meio… o inevitável realismo que Ugo oferecia ao publico!
Sadismo? Loucura?
O júri achou que merecia a morte e Ugo Cavalli, o super-mágico, deu o seu último espectáculo balouçando desesperadamente na ponta de uma corda.
M. Constantino
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