EFEMÉRIDES – Dia 11 de Abril
R. Austin Freeman (1862 – 1943)
Richard Austin Freeman nasce em Londres. É o criador daquele que é considerado, sem qualquer sombra de dúvida, o mais realista de todos os detectives científicos da literatura policiária, o investigador forense Dr. John Evelyn Thorndyke. O autor publica 29 romances, 24 dos quais com Dr. Thorndyke. Os diversos contos que escreve, também protagonizados por aquele personagem estão reunidos em e colectâneas de contos. Freeman e John James Pitcairn (1860 – 1936) são co-autores na escrita de 1 romance e 3 livros de contos sob pseudónimo Clifford Ashdown.
Em Portugal estão editados:
1 - O Crime da Floresta de Epping (194?), Colecção As grandes obras de mistério e acção, Século.Título Original: The Jacob Street Mistery (1942), também editado com o título The Unconscious Witness2 – A Lente Coberta: Novelas Policiais (1946), Nº2 Colecção Impressão Digital, Casa Ventura Abrantes. Título Original: (?)
3 – O Macaco de Barro (1959), Edição da Empresa Nacional de Publicidade. Título Original: The Stoneware Monkey (1938)
4 – A Morte do Jogador (1994) Nº558 Colecção Vampiro, Livros do Brasil. Título Original: Felo De Se? (1937), também editado com o título Death At the Inn
R. Austin Freeman (1862 – 1943)
Richard Austin Freeman nasce em Londres. É o criador daquele que é considerado, sem qualquer sombra de dúvida, o mais realista de todos os detectives científicos da literatura policiária, o investigador forense Dr. John Evelyn Thorndyke. O autor publica 29 romances, 24 dos quais com Dr. Thorndyke. Os diversos contos que escreve, também protagonizados por aquele personagem estão reunidos em e colectâneas de contos. Freeman e John James Pitcairn (1860 – 1936) são co-autores na escrita de 1 romance e 3 livros de contos sob pseudónimo Clifford Ashdown.
Em Portugal estão editados:
1 - O Crime da Floresta de Epping (194?), Colecção As grandes obras de mistério e acção, Século.Título Original: The Jacob Street Mistery (1942), também editado com o título The Unconscious Witness2 – A Lente Coberta: Novelas Policiais (1946), Nº2 Colecção Impressão Digital, Casa Ventura Abrantes. Título Original: (?)
3 – O Macaco de Barro (1959), Edição da Empresa Nacional de Publicidade. Título Original: The Stoneware Monkey (1938)
4 – A Morte do Jogador (1994) Nº558 Colecção Vampiro, Livros do Brasil. Título Original: Felo De Se? (1937), também editado com o título Death At the Inn
5 – Crime no Parque (1995), Nº572 Colecção Vampiro, Livros do Brasil. Título Original: The d'Arblay Mystery (1926)
Leo Rosten (1908 - 1997)
Leo Calvin Rosten nasce em Łódź, Polónia, mas emigra com os pais em 1911 para os EUA. É mais conhecido pelos contos que escreve para o The New Yorker na década de 30, sob o pseudónimo Leonard Q. Ross, e que mais tarde foram editados livro. Na sua bibliografia destacam os argumentos originais ou as obras adaptadas ao cinema: All Through the Night (1941), The Conspirators (1944), The Dark Corner (1946), Lured (1947), Sleep, My Love (1948) e The Velvet Touch (1948) Peter O'Donnell (1920 – 2010)
Peter O'Donnell nasce em Lewisham, Londres. É conhecido por ter inicido a sua carreira pelos famosos quadradinhos de Modesty Blaise, uma heroína de 96 histórias de quadradinhos, 13 romances, 2 filmes e 1 série televisiva. O primero livro do autor Modesty Blaise é publicado em 1965 e dá início à série Modesty Blaise e Willie Garvin que se prolonga até 1996 com Cobra Trap, uma colectânea de short stories. O autor usa o pseudónimo Madeleine Brent para escrever, entre 1971 e 1986, 9 livros classificados como novelas de suspense romântico.
Leo Calvin Rosten nasce em Łódź, Polónia, mas emigra com os pais em 1911 para os EUA. É mais conhecido pelos contos que escreve para o The New Yorker na década de 30, sob o pseudónimo Leonard Q. Ross, e que mais tarde foram editados livro. Na sua bibliografia destacam os argumentos originais ou as obras adaptadas ao cinema: All Through the Night (1941), The Conspirators (1944), The Dark Corner (1946), Lured (1947), Sleep, My Love (1948) e The Velvet Touch (1948) Peter O'Donnell (1920 – 2010)
Peter O'Donnell nasce em Lewisham, Londres. É conhecido por ter inicido a sua carreira pelos famosos quadradinhos de Modesty Blaise, uma heroína de 96 histórias de quadradinhos, 13 romances, 2 filmes e 1 série televisiva. O primero livro do autor Modesty Blaise é publicado em 1965 e dá início à série Modesty Blaise e Willie Garvin que se prolonga até 1996 com Cobra Trap, uma colectânea de short stories. O autor usa o pseudónimo Madeleine Brent para escrever, entre 1971 e 1986, 9 livros classificados como novelas de suspense romântico.
Gérard Delteil (1939)
Gérard Folio nasce em Paris. Não conclui o curso de Belas artes, mas trabalha até 1968 ligado a esta área, o que lhe fornece o material para um dos seus livros mais conhecidos N'oubliez as l'Artiste. Dedica-se ao jornalismo free-lance e à escrita. Vários trabalhos realizados nas prisões acabam também por lhe dar o cenário para os romances negros. Entre 1986 e 2010, Gérard Delteil escreve 6 livros para jovens, 4 romances de ficção científica, 53 livros romances negros e trillers. Publica ainda em episódios, nas revistas Défis e Courrier Cadres: Murder.com - Le Roman Noir d'Une Start Up e Le Deal de Buenos Aires, respectivamente no Verão de 2001 e 2002. O autor recebe vários prémios literários: Grand Prix De Littérature Policière com N’Oubliez Pas L’Artiste (1986), Prix Polar du Festival de Reims com Votre Argent M’Intéresse (1986), Prix Moncey com Histoire D’Os (1988), Prix Du Quai des Orfévres com Pièces Détachées (1993) e Prix des Écoles De Saint-Nazaire com Piège Sur Internet (2001).
Gérard Folio nasce em Paris. Não conclui o curso de Belas artes, mas trabalha até 1968 ligado a esta área, o que lhe fornece o material para um dos seus livros mais conhecidos N'oubliez as l'Artiste. Dedica-se ao jornalismo free-lance e à escrita. Vários trabalhos realizados nas prisões acabam também por lhe dar o cenário para os romances negros. Entre 1986 e 2010, Gérard Delteil escreve 6 livros para jovens, 4 romances de ficção científica, 53 livros romances negros e trillers. Publica ainda em episódios, nas revistas Défis e Courrier Cadres: Murder.com - Le Roman Noir d'Une Start Up e Le Deal de Buenos Aires, respectivamente no Verão de 2001 e 2002. O autor recebe vários prémios literários: Grand Prix De Littérature Policière com N’Oubliez Pas L’Artiste (1986), Prix Polar du Festival de Reims com Votre Argent M’Intéresse (1986), Prix Moncey com Histoire D’Os (1988), Prix Du Quai des Orfévres com Pièces Détachées (1993) e Prix des Écoles De Saint-Nazaire com Piège Sur Internet (2001).
Liza Cody (1944)
Nasce em Londres. Trabalha como designer gráfico, a como assistente artística no museu de cera da Madame Tussaud antes de se dedicar à escrita. Publica o primeiro romance Dupe em 1980,dando início à série Anna Lee — uma detective privada inglesa — que conta com seis títulos e está adaptada à televisão. Cria a triologia Eva Wylie, uma lutadora profissional de Wrestling. Escreve os romances Rift (1998), Gimme More (2000) e Ballad of a Dead Nobody (2011) e tem uma longa lista de contos publicados.
Em Portugal estão editados alguns livros, todos da série Anna Lee:
1 – Logro (1982), Nº8 Colecção Clube do Crime, Publicações Europa-América, Título Original: Dupe (1980). Premiado em 1982 com o John Creasey Memorial Prize e nomeado em 1983 para o Edgar-Best Novel
2 – O Contrato (1989), Nº89 Colecção Clube do Crime, Publicações Europa-América, Título Original: Under Contact (1986). Nomeado para CWA Dagger – Best Novel
3 – Beco Sem Saída (1992), Nº29 Colecção Crime S.A., Ulisseia Editora. Título Original: Head Case (1985)
4 – Golpe da Esquerda (1992), Nº1 Colecção Bolso Negro, Puma Editora. Título Original: Backhand (1991). Nomeado em 1993 para o Edgar – Best Novel
Além dos prémios e nomeações referidos a escritora é galardoada com o Silver Dagger para Bucket Nut em 1993, com o Anthony Award (short story) para Lucky Dip em 1993 e com o The Marlowe (Alemanha) para Musclebound em 1998.
Nasce em Londres. Trabalha como designer gráfico, a como assistente artística no museu de cera da Madame Tussaud antes de se dedicar à escrita. Publica o primeiro romance Dupe em 1980,dando início à série Anna Lee — uma detective privada inglesa — que conta com seis títulos e está adaptada à televisão. Cria a triologia Eva Wylie, uma lutadora profissional de Wrestling. Escreve os romances Rift (1998), Gimme More (2000) e Ballad of a Dead Nobody (2011) e tem uma longa lista de contos publicados.
Em Portugal estão editados alguns livros, todos da série Anna Lee:
1 – Logro (1982), Nº8 Colecção Clube do Crime, Publicações Europa-América, Título Original: Dupe (1980). Premiado em 1982 com o John Creasey Memorial Prize e nomeado em 1983 para o Edgar-Best Novel
2 – O Contrato (1989), Nº89 Colecção Clube do Crime, Publicações Europa-América, Título Original: Under Contact (1986). Nomeado para CWA Dagger – Best Novel
3 – Beco Sem Saída (1992), Nº29 Colecção Crime S.A., Ulisseia Editora. Título Original: Head Case (1985)
4 – Golpe da Esquerda (1992), Nº1 Colecção Bolso Negro, Puma Editora. Título Original: Backhand (1991). Nomeado em 1993 para o Edgar – Best Novel
Além dos prémios e nomeações referidos a escritora é galardoada com o Silver Dagger para Bucket Nut em 1993, com o Anthony Award (short story) para Lucky Dip em 1993 e com o The Marlowe (Alemanha) para Musclebound em 1998.
TEMA — BREVE HISTÓRIA DA LITERATURA POLICIÁRIA – 7
(continuação de CALEIDOSCÓPIO 95)
Enquanto tal panorama real se mantinha, a narrativa ou simplesmente a tradição oral dá-nos lições de verdadeira sapiência dedutiva e de justiça.
Uma das primeiras histórias do género, que se pode atribuir, aos norte-americanos enquanto índios, não como homens brancos colonizadores, será a tradição oral das tribos Penobscot, uma das quatro tribos índias de descendência algonquina, que se chamava Wabanakis.
Data provavelmente de 1493-1494, época, em que o homem branco mal havia posto os pés nas praias do continente, diz respeito a um conflito exactamente entre as duas raças.Hahatan levantou os olhos da faixa de contas branca e disse:
— A minha filha, Winnecoma, já está comprometida, vai ser do homem branco que naufragou. Ele vai ser parte da tribo, amanhã, depois dos jogos e receber o nome índio.
Wonnewok resmungou:
— Mas agora é hoje. Tens nas mãos a minhas contas, Hahatan. O meu pai, Pocomic, chefe dos Wabanakis vem amanhã às festas, ficará triste se perder a amizade de Hahatan.
Hahatan apontou silenciosamente para o par que se encaminhava na sua direcção (a meiga e jovem índia e Pierre Gaudin, os dois sorrindo e falando muito juntos, a moça colocando o lenço de pescoço, de seda branca, levantou a faixa de contas para que os dois a vissem e disse:
— Não posso rejeitar as contas de casamento de Wonnewok sem causar a ira de Pocomic, o meu chefe. Não posso trair o homem branco. Portanto, lutem os dois… que Winnecoma case com o vencedor!
— -Pai! — gritou a jovem.
— Compreendo, chefe Hahatan — disse Pierre sem se perturbar.
— E eu… — falou Wonnewok colericamente.
Hahatan falou novamente:
— Na parte alta do lago está entocada uma pantera assassina do homem, que é o terror dos nossos bosques. Aquele que matar a pantera e me trouxer apele, terá a mão de Winnecoma.
De madrugada, uma espingarda e um punhal para cada homem… e a minha filha não falará mais com nenhum dos dois.
Pi erre aproximou-se da moça, tomou-lhe o lenço das mãos e disse:
— Este será o meu presente para ti se eu matar a fera!
Levantou o braço e partiu.
Wonnewok levantou o braço também.
Hahatan correspondeu aos dois e conduziu Winnecoma na outra direcção.
De madrugada, num penhasco à beira do lago, Winnecoma sentou-se a observar as duas canoas perderem-se na distância. No povoado começaram os jogos.
Horas mais tarde levantou-se na ponta dos pés, voltou-se rapidamente e correu para a cabana de seu pai. Saiu com roupas novas, coloridas, o rosto pintado cerimoniosamente, cabelo recém-trançado e usando na cintura, como enfeite, uma adaga. Modestamente foi para o lado do pai, a quem disse baixinho:
— Terminou…
O pai sacudiu a cabeça sem perguntar o que sabia. O enorme índio, ao lado dele, moveu-se, e em voz forte, perguntou:
— Então o meu filho Wonnewok matou a pantera, minha filha?
A jovem baixou humildemente os olhos:
— Pode ser, ó Pocomic -replicou.
Hahatan expediu uma ordem. Dois bravos saíram, velozes. Após uns momentos, um deles voltou correndo.
— Duas canoas — exalou ofegante. — Um remador na primeira puxa a segunda.
Então apareceu o outro bravo.
— Aquele que rema está próximo da praia. Olhou de esguelha para Winnecoma — Na segunda canoa tem um corpo.
Hahatan e Winnecoma tiveram um frémito, mas Pocomic não se perturbou. Levantaram-se e desceram até ao lago. Winnecoma seguiu-os.
O remador ancorou, levantou a pele do fundo da canoa, segurando-a com cuidado, afastada do seu corpo queimado e cintilante. Dois bravos retiraram um corpo mole da segunda canoa.
— Ó chefe, eu matei a pantera! Triunfalmente, Wonnewok deixou cair a pele aos pés de Hahatan.
Winnecoma falou primeiro:
— E que aconteceu a… ele, Wonnewok?
Este lançou um olhar de desprezo ao corpo de Pierre Gaudin.
— Quando eu trouxe a pele para a canoa, ele subiu a uma árvore. Quando o chamei, caiu. Olha como ele ficou.
— Winnecoma inclinou-se sobre o corpo; a sua voz era fria, a face estava rígida:
— Está morto. A cabeça está contundida, o pescoço quebrado… Não está com o lenço.
Wonnewok passou a sua mão suavemente sobre o corpo de Pierre Gaudin, enfiou a mão para dentro da túnica, levantando-se com o lenço de seda branco na mão-
— Está manchado — disse — Vermelho.
— Não entendo o costume desse homem branco — disse Wonnewok com impaciência — Porque subiu á árvore, ou porque tirou o lenço acenando…
— Um sinal — disse a moça sacudindo a cabeça e no mesmo momento atirou-se a Wonnewok com a adaga desembainhada, golpeando-o uma, duas vezes, até que o homem caiu no chão e ficou imóvel.
A moça continuou ofegante:
— Reclamo vingança, ó chefe. Pierre matou a pantera e arrancou a pele. Wonnewok matou Pierre e chamou a si o triunfo.
Pocomic empunhou sinistramente a sua machadinha.
— Ouve-me! -a voz de Winnecoma explodiu, para continuar. — Pierre Gaudin era um marinheiro, escalava com segurança os mastros e velas, ele não caía da árvore cheia de galhos. Subiu para me fazer sinal e acenou com lenço… Ó meu pai, tu ó Pocomic, sangue no lenço de Pierre, entretanto o seu corpo não está rasgado, ferido. Olhem Wonnewok limpo e sem manchas, embora tenha dito que matou a pantera e a carregou. Apontou para a pele molhada e manchada no chão. Wonnewok nunca tocou na pele até ao momento em que apanhou a canoa. O sangue no lenço é da pantera, que Pierre sujou quando carregou a pele… Não teve tempo de recolocar o lenço no pescoço quando viu Wonnewok aproximar-se enfiou-o dentro da sua camisa, pois ia ser um presente de casamento, e desceu a árvore.
Lutaram e Wonnewok esmagou-lhe cabeça e quebrou-lhe o pescoço. Ó chefes, eu reclamo vingança.
Hahatan voltou-se para Pocomic, vagarosamente deixou a machadinha cair e enterrar-se no solo.
Atentem na subtileza da indução de mais um dos protótipos do futuro detective: Winnecoma, a índia enamorada de Pierre Gaudin.
Enquanto tal panorama real se mantinha, a narrativa ou simplesmente a tradição oral dá-nos lições de verdadeira sapiência dedutiva e de justiça.
Uma das primeiras histórias do género, que se pode atribuir, aos norte-americanos enquanto índios, não como homens brancos colonizadores, será a tradição oral das tribos Penobscot, uma das quatro tribos índias de descendência algonquina, que se chamava Wabanakis.
Data provavelmente de 1493-1494, época, em que o homem branco mal havia posto os pés nas praias do continente, diz respeito a um conflito exactamente entre as duas raças.Hahatan levantou os olhos da faixa de contas branca e disse:
— A minha filha, Winnecoma, já está comprometida, vai ser do homem branco que naufragou. Ele vai ser parte da tribo, amanhã, depois dos jogos e receber o nome índio.
Wonnewok resmungou:
— Mas agora é hoje. Tens nas mãos a minhas contas, Hahatan. O meu pai, Pocomic, chefe dos Wabanakis vem amanhã às festas, ficará triste se perder a amizade de Hahatan.
Hahatan apontou silenciosamente para o par que se encaminhava na sua direcção (a meiga e jovem índia e Pierre Gaudin, os dois sorrindo e falando muito juntos, a moça colocando o lenço de pescoço, de seda branca, levantou a faixa de contas para que os dois a vissem e disse:
— Não posso rejeitar as contas de casamento de Wonnewok sem causar a ira de Pocomic, o meu chefe. Não posso trair o homem branco. Portanto, lutem os dois… que Winnecoma case com o vencedor!
— -Pai! — gritou a jovem.
— Compreendo, chefe Hahatan — disse Pierre sem se perturbar.
— E eu… — falou Wonnewok colericamente.
Hahatan falou novamente:
— Na parte alta do lago está entocada uma pantera assassina do homem, que é o terror dos nossos bosques. Aquele que matar a pantera e me trouxer apele, terá a mão de Winnecoma.
De madrugada, uma espingarda e um punhal para cada homem… e a minha filha não falará mais com nenhum dos dois.
Pi erre aproximou-se da moça, tomou-lhe o lenço das mãos e disse:
— Este será o meu presente para ti se eu matar a fera!
Levantou o braço e partiu.
Wonnewok levantou o braço também.
Hahatan correspondeu aos dois e conduziu Winnecoma na outra direcção.
De madrugada, num penhasco à beira do lago, Winnecoma sentou-se a observar as duas canoas perderem-se na distância. No povoado começaram os jogos.
Horas mais tarde levantou-se na ponta dos pés, voltou-se rapidamente e correu para a cabana de seu pai. Saiu com roupas novas, coloridas, o rosto pintado cerimoniosamente, cabelo recém-trançado e usando na cintura, como enfeite, uma adaga. Modestamente foi para o lado do pai, a quem disse baixinho:
— Terminou…
O pai sacudiu a cabeça sem perguntar o que sabia. O enorme índio, ao lado dele, moveu-se, e em voz forte, perguntou:
— Então o meu filho Wonnewok matou a pantera, minha filha?
A jovem baixou humildemente os olhos:
— Pode ser, ó Pocomic -replicou.
Hahatan expediu uma ordem. Dois bravos saíram, velozes. Após uns momentos, um deles voltou correndo.
— Duas canoas — exalou ofegante. — Um remador na primeira puxa a segunda.
Então apareceu o outro bravo.
— Aquele que rema está próximo da praia. Olhou de esguelha para Winnecoma — Na segunda canoa tem um corpo.
Hahatan e Winnecoma tiveram um frémito, mas Pocomic não se perturbou. Levantaram-se e desceram até ao lago. Winnecoma seguiu-os.
O remador ancorou, levantou a pele do fundo da canoa, segurando-a com cuidado, afastada do seu corpo queimado e cintilante. Dois bravos retiraram um corpo mole da segunda canoa.
— Ó chefe, eu matei a pantera! Triunfalmente, Wonnewok deixou cair a pele aos pés de Hahatan.
Winnecoma falou primeiro:
— E que aconteceu a… ele, Wonnewok?
Este lançou um olhar de desprezo ao corpo de Pierre Gaudin.
— Quando eu trouxe a pele para a canoa, ele subiu a uma árvore. Quando o chamei, caiu. Olha como ele ficou.
— Winnecoma inclinou-se sobre o corpo; a sua voz era fria, a face estava rígida:
— Está morto. A cabeça está contundida, o pescoço quebrado… Não está com o lenço.
Wonnewok passou a sua mão suavemente sobre o corpo de Pierre Gaudin, enfiou a mão para dentro da túnica, levantando-se com o lenço de seda branco na mão-
— Está manchado — disse — Vermelho.
— Não entendo o costume desse homem branco — disse Wonnewok com impaciência — Porque subiu á árvore, ou porque tirou o lenço acenando…
— Um sinal — disse a moça sacudindo a cabeça e no mesmo momento atirou-se a Wonnewok com a adaga desembainhada, golpeando-o uma, duas vezes, até que o homem caiu no chão e ficou imóvel.
A moça continuou ofegante:
— Reclamo vingança, ó chefe. Pierre matou a pantera e arrancou a pele. Wonnewok matou Pierre e chamou a si o triunfo.
Pocomic empunhou sinistramente a sua machadinha.
— Ouve-me! -a voz de Winnecoma explodiu, para continuar. — Pierre Gaudin era um marinheiro, escalava com segurança os mastros e velas, ele não caía da árvore cheia de galhos. Subiu para me fazer sinal e acenou com lenço… Ó meu pai, tu ó Pocomic, sangue no lenço de Pierre, entretanto o seu corpo não está rasgado, ferido. Olhem Wonnewok limpo e sem manchas, embora tenha dito que matou a pantera e a carregou. Apontou para a pele molhada e manchada no chão. Wonnewok nunca tocou na pele até ao momento em que apanhou a canoa. O sangue no lenço é da pantera, que Pierre sujou quando carregou a pele… Não teve tempo de recolocar o lenço no pescoço quando viu Wonnewok aproximar-se enfiou-o dentro da sua camisa, pois ia ser um presente de casamento, e desceu a árvore.
Lutaram e Wonnewok esmagou-lhe cabeça e quebrou-lhe o pescoço. Ó chefes, eu reclamo vingança.
Hahatan voltou-se para Pocomic, vagarosamente deixou a machadinha cair e enterrar-se no solo.
Atentem na subtileza da indução de mais um dos protótipos do futuro detective: Winnecoma, a índia enamorada de Pierre Gaudin.
M. Constantino
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