EFEMÉRIDES – Dia 10 de AbrilRobert Player (1905 – 1978)
Robert Furneaux Jordan nasce em Birmingham, Warwickshire, Inglaterra. Arquitecto, professor e critico de arquitectura publica várias obras de arquitectura, mas escreve também 5 romances policiários utilizando o pseudónimo Robert Player. Quase todos os livros têm como cenário a época vitoriana e encerram uma crítica mordaz: The Ingenious Mr Stone (1945); Let's Talk of Graves, of Worms, of Epitaphs (1972); Oh, Where are Bloody Mary's Earrings? (1972) The Homicidal Colonel (1974); The Month of the Mangled Models (1977).
Robert Furneaux Jordan nasce em Birmingham, Warwickshire, Inglaterra. Arquitecto, professor e critico de arquitectura publica várias obras de arquitectura, mas escreve também 5 romances policiários utilizando o pseudónimo Robert Player. Quase todos os livros têm como cenário a época vitoriana e encerram uma crítica mordaz: The Ingenious Mr Stone (1945); Let's Talk of Graves, of Worms, of Epitaphs (1972); Oh, Where are Bloody Mary's Earrings? (1972) The Homicidal Colonel (1974); The Month of the Mangled Models (1977).
TEMA — INVESTIGAÇÃO CRIMINAL — O CADÁVER E OS INSECTOSEncontrado um cadáver já em estado de decomposição com evidentes indícios de crime, toda a necessidade de conhecer o dia e a hora da morte, se possível na medida em que estão em casa álibis de suspeitos já determinados, é crucial. A autópsia, que naturalmente se fará, pode nada indicar com verdadeiro rigor. Entretanto o departamento de homicídios notou a presença de larvas de moscas necrófagas (Calliphora Vicina). Entomologistas experientes começam a trabalhar e, com base no tamanho e espécie das larvas, indicam a hora do abandono do cadáver, já que as moscas estabelecem a prova temporal. Na verdade, a putrefacção do cadáver divide-se em quatro fases possíveis:
1º - Normalmente passadas 24 horas sobre a morte surgem umas manchas verdes abdominais devido à transformação à hemoglobina;
2º - 12 Horas depois, 36 após o óbito, os gases de decomposição começam a encher o corpo;
3º - Inicia-se o processo de putrefacção com um cheiro muito desagradável que lembra queijo podre;
4º - Desaparecem as partes moles e o corpo fica reduzido a esqueleto – entre 2 a 6 anos; durante este período o cadáver é envolvido por artrópodes até ficar reduzido aos ossos.
Refere-se que já foram encontrados ovos depositados em pessoas ainda agonizantes, sendo os primeiros a intervir os insectos do tipo mosca Musca – 3 a 4 meses; chegam novas espécies da família dos Dermestídeos, mosca Fannia – 6 meses; de 6 a 12 meses, juntam-se outras espécies e por último, os coveiros Ptinus bruneus, Tenebrio obscurus. Cada um deles deixa as suas marcas bem definidas, pelo que o exame a decifrar é como e quando nasce, vive e morre cada espécie de modo a comparar com os dados externos.
Vejamos a metamorfose da mosca.
A maior parte das moscas passa por 6 fases de desenvolvimento:
1 – Os ovos são depositados e eclodem num período de tempo variável de acordo com a espécie e com as condições do meio ambiente (temperatura). A mosca Sarchophaga carnaria deposita logo larvas.
2 - Primeira fase. Duração 22 a 28 horas: as larvas recém-nascidas alimentam-se dos tecidos e atingem 0,5 cm de comprimento.
3 - Segunda fase. Duração: 22 a 28 horas: as larvas continuam alimentar-se e a crescer até atingir 1 cm de comprimento.
4. Terceira fase. Esta fase pode ser subdividida. Na primeira etapa as larvas formam uma massa, continuam a alimentar-se e a crescer até atingirem um comprimento de máximo de 1,7 cm de comprimento, esta etapa dura entre 28 a 96 horas. Em seguida seleccionam um local propício à etapa seguinte. Duração desta etapa: 80 a 112 horas:
5 – Crisálida. A larva forma a crisálida (9 mm). No interior do casulo dá-se a transformação até insecto adulto. Duração: 6 a 18 dias.
6 - Adulto. Ocorre a saída da mosca do casulo. Após 5 a 18 dias está apta reprodução e a iniciar um novo o ciclo.
M. Constantino
1º - Normalmente passadas 24 horas sobre a morte surgem umas manchas verdes abdominais devido à transformação à hemoglobina;
2º - 12 Horas depois, 36 após o óbito, os gases de decomposição começam a encher o corpo;
3º - Inicia-se o processo de putrefacção com um cheiro muito desagradável que lembra queijo podre;
4º - Desaparecem as partes moles e o corpo fica reduzido a esqueleto – entre 2 a 6 anos; durante este período o cadáver é envolvido por artrópodes até ficar reduzido aos ossos.
Refere-se que já foram encontrados ovos depositados em pessoas ainda agonizantes, sendo os primeiros a intervir os insectos do tipo mosca Musca – 3 a 4 meses; chegam novas espécies da família dos Dermestídeos, mosca Fannia – 6 meses; de 6 a 12 meses, juntam-se outras espécies e por último, os coveiros Ptinus bruneus, Tenebrio obscurus. Cada um deles deixa as suas marcas bem definidas, pelo que o exame a decifrar é como e quando nasce, vive e morre cada espécie de modo a comparar com os dados externos.
Vejamos a metamorfose da mosca.
A maior parte das moscas passa por 6 fases de desenvolvimento:
1 – Os ovos são depositados e eclodem num período de tempo variável de acordo com a espécie e com as condições do meio ambiente (temperatura). A mosca Sarchophaga carnaria deposita logo larvas.
2 - Primeira fase. Duração 22 a 28 horas: as larvas recém-nascidas alimentam-se dos tecidos e atingem 0,5 cm de comprimento.
3 - Segunda fase. Duração: 22 a 28 horas: as larvas continuam alimentar-se e a crescer até atingir 1 cm de comprimento.
4. Terceira fase. Esta fase pode ser subdividida. Na primeira etapa as larvas formam uma massa, continuam a alimentar-se e a crescer até atingirem um comprimento de máximo de 1,7 cm de comprimento, esta etapa dura entre 28 a 96 horas. Em seguida seleccionam um local propício à etapa seguinte. Duração desta etapa: 80 a 112 horas:
5 – Crisálida. A larva forma a crisálida (9 mm). No interior do casulo dá-se a transformação até insecto adulto. Duração: 6 a 18 dias.
6 - Adulto. Ocorre a saída da mosca do casulo. Após 5 a 18 dias está apta reprodução e a iniciar um novo o ciclo.
M. Constantino
TEMA — CONTO — O HOMEM QUE SABIA AS HORASO conto que se segue, da autoria de Carlos Miranda, é um 1º Prémio de um concurso da revista Selecções Mistério. Nunca chegamos a identificar o prometedor autor que então referia ser a sua estreia.
Publicamo-lo com prazer.
M. Constantino
Ele não tinha culpa. Ele não tivera culpa. Nunca era demais afirmá-lo. Só Deus sabia como se encontrava marcado pelo curso que a vida lhe traçara. Sentira-se ao mesmo tempo exultante e ridículo. Funcionava como um mecanismo. Perfeito. Ilógico. A seu ver a lógica era a negação da perfeição. E ele, era perfeito. Perfeito só num ponto. Ou antes, na hora, no minuto, no segundo. E, como viria a confirmar mais tarde, até no milésimo de segundo. Quando nascera, e ao contrário de outras crianças que soletram papá ou mamã, ele não. Pronunciara de forma clara e concisa, HORA!
Aos dois anos, de mistura com frases próprias da idade, sem ter passado pela fase de aprendizagem, sabia ver horas correctamente.
Os pais, orgulhosos, mostravam-no à vizinhança e amigos, massacrando-o com as palavras gastas. “Diz as horas meu menino”.
Quando entrou para a escola, já acertava os relógios lá de casa, sem necessitar de ouvir o sinal horário. A mania da pontualidade manifestava-se a tal ponto, levando-o a pretender sair antes da aula terminar ou, antes pelo contrário, a ficar sentado quando tocava para o intervalo
A sua vocação no tempo levou-o a especializar-se em precisão, após os estudos secundários.
Aí sim. Foi o que se pode chamar as horas certas da sua vida.
As suas proezas abalaram o mundo convencional. Era consultado a toda a hora para que, por ironia, dissesse as horas.
Tornara-se célebre. Os jornais falaram dele durante algum tempo. Tempo suficiente para que os Estados o procurassem e “disputassem”.
Dada a sua precisão, foi consultor espacial, onde substituiu com toda a vantagem os relógios mais complexos existentes.
Trabalhou, eliminando todas as margens de erro na construção de novas máquinas.
Contribuiu para que todos os relógios saíssem de todas as fábricas a horas certas.
Provou o engano dos mais sofisticados aparelhos. Ele nunca.
Acertou, se assim se pode chamar, a HORA UNIVERSAL.
Casou. Sua mulher, após os sonhos, e porque até o achava certo e original, cansou-se.
Cansou-se no supermercado onde toda a gente perguntava as horas ao marido.
Cansou-se em casa, onde a pontualidade acabou tornando-se loucura.
Cansou-se de tudo bater certo até ao momento em que o marido se tornou despertador.
Agora ele lembrava-se, atónito de como a hora lhe tinha passado por cima, remetendo-o para uma obscura repartição dos arredores, onde a sua certeza não era mais aproveitada. Parecendo até que as pessoas, o mundo, não queria regular as horas.
De casa para o trabalho, do trabalho para casa, aquela rotina já o aborrecia.
Dava-lhes razão. Chegara à conclusão de que para ele, sabendo a hora certa no momento exacto, tudo era demasiado penoso e longo.
Se ao menos errasse uma vez, a sua certeza ficaria abalada e poderia refazer a sua vida. Mas não! Infelizmente nunca se enganava.
Acordou satisfeito, o que já não acontecia há muito tempo.
O dia estava lindo, azul. Vestiu-se rapidamente e saiu, caminhando desenvolto para a estação, pensando não sem uma certa tristeza que a sua utilidade quase se resumia a relógio de ponto. O melhor era deixar-se de conjecturas. Iria apanhar o comboio das 08.11 H. No meio disto tudo, pensou: os comboios ainda andavam a horas. Eram 08.10 H, ele sabia. Olhou para o relógio da estação, mais por descargo de consciência, verificando sem espanto que estava adiantado 1 minuto. Marcava 08.11 H.
Atravessou a passadeira a correr Chamaram--no. Olhou, e foi surpreendido.
O comboio cumpriu o seu horário.
“Errei”, ainda teve tempo de pensar. “Felizmente errei!”.
O comboio cumprira o seu horário.
Publicamo-lo com prazer.
M. Constantino
Ele não tinha culpa. Ele não tivera culpa. Nunca era demais afirmá-lo. Só Deus sabia como se encontrava marcado pelo curso que a vida lhe traçara. Sentira-se ao mesmo tempo exultante e ridículo. Funcionava como um mecanismo. Perfeito. Ilógico. A seu ver a lógica era a negação da perfeição. E ele, era perfeito. Perfeito só num ponto. Ou antes, na hora, no minuto, no segundo. E, como viria a confirmar mais tarde, até no milésimo de segundo. Quando nascera, e ao contrário de outras crianças que soletram papá ou mamã, ele não. Pronunciara de forma clara e concisa, HORA!
Aos dois anos, de mistura com frases próprias da idade, sem ter passado pela fase de aprendizagem, sabia ver horas correctamente.
Os pais, orgulhosos, mostravam-no à vizinhança e amigos, massacrando-o com as palavras gastas. “Diz as horas meu menino”.
Quando entrou para a escola, já acertava os relógios lá de casa, sem necessitar de ouvir o sinal horário. A mania da pontualidade manifestava-se a tal ponto, levando-o a pretender sair antes da aula terminar ou, antes pelo contrário, a ficar sentado quando tocava para o intervalo
A sua vocação no tempo levou-o a especializar-se em precisão, após os estudos secundários.
Aí sim. Foi o que se pode chamar as horas certas da sua vida.
As suas proezas abalaram o mundo convencional. Era consultado a toda a hora para que, por ironia, dissesse as horas.
Tornara-se célebre. Os jornais falaram dele durante algum tempo. Tempo suficiente para que os Estados o procurassem e “disputassem”.
Dada a sua precisão, foi consultor espacial, onde substituiu com toda a vantagem os relógios mais complexos existentes.
Trabalhou, eliminando todas as margens de erro na construção de novas máquinas.
Contribuiu para que todos os relógios saíssem de todas as fábricas a horas certas.
Provou o engano dos mais sofisticados aparelhos. Ele nunca.
Acertou, se assim se pode chamar, a HORA UNIVERSAL.
Casou. Sua mulher, após os sonhos, e porque até o achava certo e original, cansou-se.
Cansou-se no supermercado onde toda a gente perguntava as horas ao marido.
Cansou-se em casa, onde a pontualidade acabou tornando-se loucura.
Cansou-se de tudo bater certo até ao momento em que o marido se tornou despertador.
Agora ele lembrava-se, atónito de como a hora lhe tinha passado por cima, remetendo-o para uma obscura repartição dos arredores, onde a sua certeza não era mais aproveitada. Parecendo até que as pessoas, o mundo, não queria regular as horas.
De casa para o trabalho, do trabalho para casa, aquela rotina já o aborrecia.
Dava-lhes razão. Chegara à conclusão de que para ele, sabendo a hora certa no momento exacto, tudo era demasiado penoso e longo.
Se ao menos errasse uma vez, a sua certeza ficaria abalada e poderia refazer a sua vida. Mas não! Infelizmente nunca se enganava.
Acordou satisfeito, o que já não acontecia há muito tempo.
O dia estava lindo, azul. Vestiu-se rapidamente e saiu, caminhando desenvolto para a estação, pensando não sem uma certa tristeza que a sua utilidade quase se resumia a relógio de ponto. O melhor era deixar-se de conjecturas. Iria apanhar o comboio das 08.11 H. No meio disto tudo, pensou: os comboios ainda andavam a horas. Eram 08.10 H, ele sabia. Olhou para o relógio da estação, mais por descargo de consciência, verificando sem espanto que estava adiantado 1 minuto. Marcava 08.11 H.
Atravessou a passadeira a correr Chamaram--no. Olhou, e foi surpreendido.
O comboio cumpriu o seu horário.
“Errei”, ainda teve tempo de pensar. “Felizmente errei!”.
O comboio cumprira o seu horário.
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