EFEMÉRIDES – Dia 23 de Abril
Ngaio Marsh (1895 – 1982)
Edith Ngaio Marsh nasce em Christchurch, Nova Zelândia. Produtora teatral, célebre pelas produções de Shakespeare e autora de romances policiários é uma das mulheres neozelandeses mais conhecidas mundialmente. É uma escritora notável, considerada uma das quatro rainhas do crime a par de Agatha Christie, Dorothy L. Sayers e Margery Allingham. Escreve o primeiro livro A Man Lay Dead em 1934 e o último Light Thickens,em 1982, publicando um total de 32 romances policiários. Ngaio Marsh ganha vários e prestigiados prémios durante a sua longa carreira literária. Em Portugal são editados:
1 – Ritual de Morte (1964), Nº199,Colecção Vampiro, Livros do Brasil. Título Original: Off With His Head (1956)
2 – O Presidente (1974), Nº185 Colecção Enigma, Editora Dêagá. Título Original: Black As He's Painted (1974) (Ver ponto 7)
3 – Uma Vez Em Roma (1983) Nº5 Colecção Bolso de Noite, Europress. Título Original: When In Rome (1968)
4 – O Último Salto (1983) Nº27 Colecção Livros de Bolso, Série Clube do Crime, Publicações Europa-América. Título Original: Last Dicht (1976)
5 – Perfume Fatal (1983), Nº6 Colecção Alibi, Edições 70. Título Original: False Scent (1959) - Reeditado pelo Público em 2005, Nº20 Colecção 9mm
6 – Morte No Teatro (1991), Nº113 Colecção Livros de Bolso, Série Clube do Crime, Publicações Europa-América. Título Original: Enter a Murderer (1935)
7 – Tão Negro Como o Pintam (1991), Nº117 Colecção Livros de Bolso, Série Clube do Crime, Publicações Europa-América. Título Original: Black As He's Painted (1974) (Ver ponto 2)
8 – De Luva Calçada (1992), Nº127 Colecção Livros de Bolso, Série Clube do Crime, Publicações Europa-América. Título Original: Hand In Glove (1962)
Herman George Coxe (1901 – 1984)
Nasce em Olean, New York, EUA. Repórter torna-se escritor a partir de 1922, com a publicação de contos de vários géneros em várias revistas da época. A série de contos Jack “Flashgun” Casey é um sucesso, e o personagem é tão popular que é adaptado a um programa de rádio que se prolonga até aos anos 40 é. Em 1935 o autor escreve o primeiro romance, Murder With Pictures, protagonizado por Kent Murdock, uma série que atinge os 23 títulos. Casey e Murdock são ambos detectives e fotógrafos. Cria também os personagens Jack Fenner, Leon Morley, Max Hale e Sam Crombie que habitam os seus quase 70 livros e centenas de contos. Em 1964 Herman George Coxe recebe o Grand Master Award, o maior galardão atribuído pelos Mystery Writers of America.
Avram Davidson (1923 – 1993)
Nasce em Yonkers, New York, EUA. Escritor de fantasia, ficção científica, mistério e crime. Autor de 19 romances e mais de 200 contos é várias vezes premiado. No campo do policiário recebe em 1962 o Edgar Award para a melhor short story,com Affair at Lahore Cantonment, publicado no Ellery Queen Mystery Magazine em Junho de 1961.
TEMA — VERDADE INCRÍVEL — CASOU COM A NOIVA-FANTASMA
Huang Su Tu-cheng, um rico empreiteiro 'da Formosa, conheceu a sua noiva-fantasma em 1960, quando ardia em febre, depois de ter seriamente adoecido.
— Foi amor à primeira vista — disse Huang — A jovem, tão linda, parecia acalmar-me as dores. Cortejámo-nos sonho durante quase dois anos.
Embora a assistência espiritual de Miss Yeh Ah-ting aliviasse a febre do próspero empreiteiro, a doença insistia em atormentá-lo.
A senhora Huang, pois o empreiteiro era casado, decidiu contactar o sacerdote de uma divindade local, que depois de consultar os arquivos e oráculos identificou a linda jovem que trazia a acalmia temporárioa do seu marido.
— Mas se Huang Su Tu-cheng se quiser recuperar inteiramente — disse o sacerdote à Sr.ª Huang — terá de casar com Yeh Ah-ting.
Com a influência de Huang, foi coisa fácil descobrir registos que indicavam que uma tal Miss Yeh Ah-ting tinha efectivamente morrido com dezoito anos em 1944. Embora colhido por esta notável coincidência, Huang exprimiu a sua dúvida sobre se ela seria a mesma que via em sonhos.
Nessa mesma noite, a linda rapariga apareceu de novo em sonho ao empreiteiro.
— Porque é que és tão difícil de convencer? — insistiu ela — Já não gostas de mim?
— Não me digas uma coisa, dessas! — resmungou alto Huang — Mas como é que eu posso saber que és mesmo tu?
— Na casa da minha irmã há uma fotografia minha — respondeu-lhe Yeh— Terás ai a prova que procuras.
Na manhã, seguinte, Huang foi a casa da irmã e conseguiu a fotografia.
— É precisamente ela, é linda! — disse à mulher.
— Casou, em Taipei com Miss Yeh Ah-ting, a 23 de Maio de 1962. Como os dois amantes se ligavam de corpo e alma, os convidados não podiam deixar de reparar que Miss Yeh era só alma. De facto, a linda noiva estava apenas representada por uma sua fotografia. Miss Yeh tinha morrido há oito anos, quando contava apenas dezoito anos.
A Srª Huang, pela saúde do marido, não opôs qualquer objecção ao casamento.
— Yeh Ah-ting é apenas uma concubina, — explicou.
TEMA — FICÇÃO CIENTÍFICA — VIAGENS NO TEMPO (3)
A SENHORA BUTERBAUGH FOI AO PASSADO
In Evening Journal 1963
Em Outubro de 1963, a Sr.ª Buterbaugh caminhava pelo recinto do Nebraska Wesleyan onde era secretária do Dr. Sam Dahl, professor universitário. Às 8.50 H precisamente, entrou no edifício, usado prioritariamente como centro musical. Os tacões batiam suavemente no chão, enquanto atravessava o longo corredor em direcção a um gabinete ao fundo. Ouvia perfeitamente o som de uma marimba tocada por um praticante da modalidade. Estudantes bocejando saíam para mudar de sala, ou para uma chávena de café, quando a Sr.ª. Buterbaugh ia precisamente a entrar no gabinete do Dr. Tom McCourt, um leitor escocês que ali estava de visita. Era uma cena matinal perfeitamente típica no Nebraska Wesleyan. Mas o que a Sr.ª Coleen Buterbaugh encontrou no gabinete do Dr. McCourt é que já não era nada típico.
Ao entrar na suite composta por duas salas, a Sr.ª Buterbaugh foi recebida por um cheiro intenso a bolor. Quando abriu a porta, já tinha reparado que as duas salas estavam vazias e que as janelas estavam abertas. Mas agora… “Tive a estranha sensação de que não estava sozinha no gabinete”, confessou mais tarde a Rose Sipe, do Evening Journal, de Lincoln. “Olhei para cima e, no espaço de alguns segundos, deparei com a figura de uma mulher, com as costas para mim, no segundo gabinete. Estava a mexer numa das gavetas de um armário.”
A Sr.ª Buterbaugh já não 'conseguia ouvir o barulho dos estudantes cá fora, ao mudarem de salas. Tinha a estranha sensação de ter repentinamente sido isolada da realidade presente.
A “outra” secretária, que parecia estar a, arquivar cartas de modo industrioso, era alta, esguia, de cabelo negro. O vestuário era nitidamente antiquado — uma blusa branca de mangas largas, e uma saia castanha até aos tornozelos.
“Bem me parecia que não estava sozinha”, disse a Sr.ª Buterbaugh à repórter. “Senti também a presença de um homem, sentado à secretária à minha esquerda, mas quando me voltei para o encarar, não vi ninguém”
“Olhei pela janela por detrás da secretária e o cenrio parecia-me o de há muitas anos atrás. Não havia ruas. A Irmandade de Willard, que está do outro lado do relvado, não existia ainda; nada ali era moderno.
“Comecei então a ficar assustada, e acabei por fugir da sala!”
A Sr.ª Buterbaugh correu para a sua secretária, no gabinete do Dr. Dahl. Durante todo o percurso até ao gabinete tentou convencer-se de que andava a imaginar demais. Sentou-se à máquina, pôs o, ditafone a trabalhar e tentou reproduzir as cartas que professor tinha ditado. Mas não valia a pena. Os dedos a tremer recusavam-se a obedecer à voz gravada do seu patrão. Quando apagou o décimo erro consecutivo, decidiu que tinha mesmo que contar o que lhe tinha acontecido a alguém. Era demasiado para guardar só para si.
Quando entrou no gabinete do professor, ele levantou--se imediatamente para a ajudar a sentar numa cadeira, é que estava tão pálida e assustada que o Dr. Dahl receou que ela lhe fosse desmaiar nos braços.
Ouviu atentamente a sua história e depois, sem qualquer comentário zombeteiro, pediu-lhe que o acompanhasse ao gabinete do Dr. Glenn Callan, presidente do departamento de ciências sociais, em exercício na Faculdade de Wesleyan desde 1900. E de novo a Sr.ª Buterbaugh teve a sorte de ter alguém que a escutou atentamente, e com o máximo respeito.
Depois de examinar cuidadosamente o relato da Sr.ª Buterbaugh e de juntar alguns elementos sobre a sua estranha história sobre o regresso ao passado, o Dr. Callan concluiu que a secretária tinha de certo modo tentado “entrar” no gabinete, tal como existia por volta de 1920. A aparição que tinha visto era indubitavelmente a da Miss Clara Mills, então nesse gabinete. Esta senhora tinha vindo para Wesleyan como chefe do departamento de teoria e professora de piano. Esta professora foi encontrada morta no seu gabinete, nos fins de 1930.
Comentário:
Desvario? Teria a secretária visto um fantasma? Sendo assim como se compreende não ter visto apenas a falecida professora, mas todo o cenário que existia na época, cerca de 1920? Resta a alternativa da Sr.ª Buterbaugh ter psiquicamente viajar no passado. A verdade é que qualquer investigador reconhece que o homem sabe efectivamente muito pouco sobre esse mistério que se chama “tempo”. Será possível estabelecer linhas de demarcação entre passado, presente e o futuro? Conscientemente pensamos que sim, porquanto lembramos o passado, vivemos o presente e desconhecemos o futuro. Será mesmo, ou apenas uma linha de continuidade entre as três etapas de demarcação.
Se existem actualmente essas demarcações, a verdade é que os arquivos idos investigadores da mente estão a abarrotar de relatos cuidadosamente documentados de pessoas que se encontram ide repente, e inadvertidamente, a transgredir esses limites.
M. Constantino
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