13 de abril de 2012

CALEIDOSCÓPIO 104

EFEMÉRIDES – Dia 13 de Abril
Eudora Alice Welty
(1909 – 2001)
Eudora Welty nasce em Jackson, Mississippi, EUA. Formada em publicidade trabalha na rádio, jornais e na WPA (Works Progress Administration, a maior agencia americana com projectos de intervenção social), o que lhe fornece material para muitos dos seus livros. Apaixonada pela fotografia e pela escrita, publica em 1936 o seu conto The Death of a Traveling Salesman, na revista literária Manuscript. Até 1972 publica 9 romances e vários volumes de short stories. O género literário muito diversificado — memórias, tragicomédia, crime, mistério — proporciona à escritora um vasto conjunto de prémios (incluindo Pulitzer Prize em 1973) e torna-a numa das mais importantes autoras americanas do século XX. Na área do policiário destaca-se A Worn Path, reconhecido como um dos melhores contos da escritora premiado com o 2º prémio O. Henry Award em 1941; The Robber Bridegroom um romance de 1942, que junta mistério e fantasia; e The Ponder Heart (1953), adaptado a uma peça da Broadway. A autora recebe ainda o The Raven Award de 1985 atribuído pela Mystery Writers of America. Em Portugal estão editados:
1 – Os Ventos e Outros Contos (2008), Editora Antígona.

2 – O Coração dos Ponders (2009), Colecção Ficções Editora Relógio d'Água. Título Original: The Ponder Heart (1953),
3 – Os Melhores Contos (2009), Colecção Ficções Editora Relógio d'Água.




Bill Pronzini (1943)
William John Pronzini nasce em Petaluma, Califórnia EUA. É considerado um mestre do policiário, não só pelos livros que escreve, mas também pelo seu trabalho como antologista Constam da sua obra literária: 36 romances da série Nameless Detective iniciada em 1971 e com o 37º livro agendado para Julho deste ano; 29 romances policiários escritos entre 1971 e 2010; 3 livros da série John Quincannon; 4 romances da série Dan Connell sob o pseudónimo Jack Foxx; 1 livro escrito sob o pseudónimo Alex Saxon; co-autor de 6 romances policiários; autor e co-autor de 3 livros sob o pseudónimo William Jeffrey; co-autor de 2 livros da série Charlie Chan sob o pseudónimo Robert Hart Davis. No campo das short stories Bill Pronzini publica 3 colectanêas de livros e escreve 130 contos. Juntam-se ainda 12 short stories com o pseudónimo Jack Foxx e 14 como William Jeffrey. O autor é também responsável pela edição de 20 antologias de crime, mistério, ficção científica e terror. A lista de prémios é muito extensa e reflecte bem a importância da sua obra literária. Em Portugal temos:
1 – Gritos Na Noite (1986), Nº25 Colecção Livros de Bolso, Série Pêndulo, Publicações Europa-América. Título Original: Night Screams (1979). Nota: Antologia editada por Bill Pronzini e Barry N. Malzberg
2 – Estilhaços (1992), Nº124 Colecção Clube do Crime, Publicações Europa-América. Título Original: Scattershot (1982). Nota: 8º livro da série Nameless Detective
3 – O Caso do Anel de Jade (1993), Nº136 Colecção Clube do Crime, Publicações Europa-América. Título Original: Quicksilver (1984). Nota: 11º livro da série Nameless Detective
4 – Balada da Solidão (2004), Nº664 Colecção Vampiro, Livros do Brasil. Título Original: Blue Lonesome (1995). Nota: Nomeado para o Anthony Award, Best Novel em 1996.

TEMA — PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA — O ENIGMA PSICOLÓGICO
Métodos particularmente avançados de chegar à verdade estão a ser usados com frequência cada vez maior, por todas polícias do mundo.
Os princípios informam-se em:
1- Detector de mentiras Larsen;
2 -Método de expressão matriz de Lúria;
3 -Prova psico-analítica de Jung.
Todas elas se justificam, objectivamente, em avaliar e determinar o grau de sinceridade ou verdade dos acusados, declarantes ou simples testemunhas em relação aos relatos sobre que são ouvidos.
Detector de mentiras, da invenção do psicólogo norte-americano Larsen, consiste num aparelho onde se obtém o registo gráfico da pressão arterial e da respiração, associada ao interrogatório, no qual, com perguntas que se sabe de antemão se obtêm respostas verdadeiras se intercalam outras directamente ligadas com o caso. O registo gráfico obtido acusará, face ao ritmo da respiração e circulação sanguínea, onde o acusado responde com sinceridade ou não.
Tal sistema tem vindo a sofrer aperfeiçoamentos, como os aplicados pelo psicólogo Bernussi e Burt, rondando presentemente, um grau de perfeição muito completo.
O método de Lúria que assenta, fundamentalmente, nas alternativas que uma série de movimentos musculares ordenados podem acusar no decorrer do interrogatório, corresponde, embora de forma diversa, ao mesmo princípio do anterior método.
Um e outro têm sido usados, até aqui, na problemística policiária, ao contrário do processo psico-analítico de Jung.
Na psique do autor de um delito oculta-se um sentimento de culpabilidade que é necessário excitar.
De uma lista de perguntas previamente elaboradas e respeitantes ao facto que se supõe querer ocultar a pessoa que se interroga, intercalarmos outras que nenhuma ligação têm com o facto, as reacções observadas, quanto às respostas (demoras, hesitações, naturalidade e prontidão) dão uma base para diferenciar a emotividade geral.
Da emoção despertada pelo medo de ser descoberta e que a pessoa pretende ocultar — este é o princípio do sistema de Jung.
A primeira — emotividade geral — é um factor constante que intervém em todas as respostas às palavras neutras, enquanto que a segunda — emotividade anormal — se reactiva face a cada palavra alusiva ao caso — palavras estímulo.
O método mais aperfeiçoado daquele — prova psico-analista de Abraham Rossanoff-Jung, consiste no seguinte:
Instala-se comodamente o investigador num divã, venda-se-lhe os olhos para evitar qualquer possível distracção, pedindo-se-lhe que responda à primeira palavra que lhe ocorrer, com outra palavra, depois de ouvir aquela, ainda que lhe pareça estranha ou absurda.
O investigador apontará, de seguida no questionário previamente preparado com palavras neutras e de estímulo, o tempo de resposta em décimos ou centésimos de segundo, a resposta ou não resposta e todos os sinais que a acompanham: mudanças de voz, repetição de perguntas, titubear, movimentos de impaciência, demoras, hesitações, naturalidade e prontidão.
Os sinais reveladores de que o visado oculta os seus verdadeiros sentimentos a respeito da questão implícita posta através das palavras estímulo, são-nos dadas por: Duração da resposta — os tempos superiores à média das palavras neutras, são indícios de preocupação em ocultar a sua primitiva intenção de resposta;
Ausência de resposta — dá-nos a certeza de que o visado não é sincero;
Reacção absurda — faz-nos supor uma intenção voluntária de fugir ao interrogatório a respeito do que quer ocultar;
Repetição da pergunta — pretende ganhar tempo para preparar a resposta;
Mudança de voz, titubear, ou manifestações de pouca naturalidade — a interpretação segundo a personalidade do visado (impressionável, impulsivo, tímido ou ousado);
Naturalidade e prontidão — indício de que nada oculta.
Passando à exemplificação.



TEMA — ENIGMA PRÁTICO — DE QUATRO … TRÊS
Levados a efeito em estabelecimentos comerciais, com utilização de gazuas, verificam-se na cidade, furtos de dinheiro, jóias e outros valores.
Tendo em conta o número de tais actuações delituosas, as características de perpetração padronizadas num certo tipo, tudo indicava determinados indivíduos, em número de três. Procedeu-se a um estudo apurado, uma vigilância rigorosa sobre um grupo de "espadistas" que vivia sobre a aparência honesta, breve se concluindo que de quatro assinalados, três seriam os autores dos furtos.
Após silencioso e longo trabalho a polícia judiciária obteve provas suficientes para imputar a autoria desses furtos a um de dois indivíduos e a co-autoria a outros dois: o Amorim e o Gago.
Procedeu às prisões, sem conhecimento uns dos outros, conservando-os em regime de extrema incomunicabilidade. Se não havia, porém, dúvidas quanto à culpabilidade dos indicados, o mesmo se não poderia dizer em relação ao terceiro homem, Juvenal ou Lúcio.
De temperamento duro, longo cadastro e prática de interrogatórios, os detidos nada confessaram, defendendo-se apesar das provas obtidas para uns e suspeitos fundados para outros.
Postos de parte Amorim e Gago cujas provas dispensavam a confissão, recorreu-se ao interrogatório pelo processo psicológico referenciado.
Às mesmas perguntas, obtiveram-se as respostas constantes do quadro seguinte:

Qual dos suspeitos teria ligação com os roubos?

Tem ao seu dispor o enigma para solucionar, usando um dos métodos referenciados e cuja solução oportunamente adiantaremos, e porque p assunto merece um maior estudo voltaremos a referenciá-lo.
M. Constantino

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