EFEMÉRIDES – Dia 24 de Abril
Luís Campos (1942 – 2000)
Luís da Silva Campos professor do Instituto Superior de Agronomia, especialista em bioquímica e enólogo, pianista e pintor é também escritor policial. Com o pseudónimo Frank Gold publica 6 livros entre 1965 e 1982 e na década de oitenta começa a assinar os livros com Luís Campos. Na sua obra literária destaca-se: O Estripador de Lisboa escrito em 1984 mas com descrições coincidentes com o caso real do início da década de 90; e Eu, Ross Pynn (1986), uma homenagem ao autor policiário Ross Pynn (Rossado Pinto), que considera Luís Campos o Nº1 do policial português.
(Em TEMA a Bibliografia do escritor)
David Morrell (1943)
Nasce em Kitchener, Ontário, Canadá. Professor de Inglês na Universidade de Iowa entre 1970 e 1986 abdica da carreira académica para se dedicar inteiramente à escrita. O seu primeiro romance First Blood, publicado em 1972, é adaptado ao cinema em 1982 protagonizado por Sylvester Stallone como o veterano de Guerra do Vietnam John Rambo. David Morrell escreve 28 thrillers, traduzidos em 22 línguas e com mais de 18 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo. Em Portugal estão editados:
1 – Rambo: A Fúria do Herói (1991), Nº68, 71 e 73 Colecção Livros de Bolso - Guerra e Espionagem, Publicações Europa - América. Título Original: First Blood (1972)
2 – A Quinta Profissão (1993), Nº1 Colecção Obras de David Morrell, Publicações Europa - América. Título Original: The Fifth Profession (1990)
3 – Pacto de Fogo (1994), Nº2 Colecção Obras de David Morrell, Publicações Europa - América. Título Original: The Covenant Of The Flame (1991)
4 – Recusa Total (1999), Nº1 Top Ten, Editora Rocco. Título Original: Extreme Denial (1995)
Sue Grafton (1940) - Esta escritora tinha sido incluída no dia 19. Fica agora corrigido o erro
Nasce em Louisville, Kentucky, EUA. Filha de C. W. Grafton (Caleidoscópio 31 ). Escreve alguns romances e trabalha durante 15 anos como argumentista em filmes e séries para televisão. Alcança o sucesso com a Alphabet Series, protagonizada por Kinsey Millhone. A série, iniciada em 1982 com “A” Is For Alibi, tem publicado já 22 títulos, sendo o último “V” Is For Vengeance. A escritora tem recebido vários prémios de prestígio ao longo da sua carreira literária, incluindo o Cartier Dagger atribuídos pela britânica Crime Writers' Association o Grand Master Award dos Mystery Writers of America. Nos livros o destaque vai para “B" Is for Burglar (1986) "C" Is for Corpse (1987) e "G" Is for Gumshoe (1990) premiados com Anthony Awards e Shamus Aeards e “K” Is For Killer (1995) premiado com Shamus Awrd. Em Portugal diversas editoras publicaram os livros de Sue Grafton, por vezes com diferente tradução para o mesmo título, em síntese estão editados as letras A, B, C, D, E, F, N, O e P.
TEMA — BIBLIOGRAFIA FRANK GOLD / LUÍS CAMPOS
FRANK GOLD
1 – Caso de Morte (1965), Colecção Policial de Bolso, Agência. Internacional de Livraria e Publicações. Em co-autoria com George McOrwell
2 – Madrugada Depois da Morte (1965), Nº1 Colecção Policial de Bolso, Agência. Internacional de Livraria e Publicações.
3 - A Mulher de Hong-Kong (1965), Nº6 Colecção Policial de Bolso, Agência. Internacional de Livraria e Publicações. Reedição em 1982: Nº14 Colecção, Livros de Bolso - Clube do Crime, Publicações Europa -América.
4 – Longa É a Noite (1966), Nº12 Colecção Policial de Bolso, Agência. Internacional de Livraria e Publicações. Reedição em 1984: Nº29 Colecção, Livros de Bolso - Clube do Crime, Publicações Europa -América.
5 – Trânsito Em Saigão (1967), Nº7 Colecção Um Livro Confidencial, Luís S. Campos
6 – A Rapariga de Tânger (1982) Nº9 Colecção, Livros de Bolso - Clube do Crime, Publicações Europa -América.
7 – A Dama de Singapura (1983) Nº21 Colecção, Livros de Bolso - Clube do Crime, Publicações Europa -América.
8 – Eu Ross Pynn (1986), Nº6 Colecção Livro de Bolso Especial, Europress
LUÍS CAMPOS
1 – Gata Em Noite de Chuva (1982), Nº1 Colecção Bolso Noite Especial, Europress
2 – Viver Sem Trabalhar Num País À Beira-Mar (1983), Europress
3 – Fogo (1983), Nº1 Colecção Bolso Noite, Europress
4 – As Aventuras de Barney o Aldrabão (1983), Nº3 Colecção Bolso Noite Especial, Europress
5 –Bêabá da Malandragem (1984), Europress
6 – A Morte Indecente de Mónica B (1983), Nº12 Colecção Bolso Noite, Europress
7 – Caso de Morte (1984), Nº18 Colecção Bolso Noite, Europress. Jorge Curvelo é co-autor. Nota da edição: Este livro foi publicado originalmente por Edições de Bolso, tendo os autores utilizado então os pseudónimos Frank Gold e George McOrwell e por razões comerciais, alterado o texto de modo a enquadrar a acção fora de Portugal. A presente edição respeita o manuscrito original.
8 – O Estripador de Lisboa (1984), Nº22 Colecção Bolso Noite, Europress
9 – As Donzelas da Noite (1989), Nº31 Colecção Bolso Noite, Europress
Luís Campos coordena uma antologia de contos policiários, o Nº23 da Colecção Bolso Noite editada pela Europress em 1885, com o título 13 Obras Primas do Conto: Antologia Policial. Luís Campos reúne 13 contos de grandes autores policiários de várias nacionalidades, incluindo escritores portugueses. A tradução é de Eduardo Saló. O livro junta:
Luís Campos - Barney, o Aldrabão e a Princesa de Macau Mulher, antibiótico e aspirina
Peter Cheyney - Autorização de Saída;
Agatha Christie - Homicídio a Bordo;
Ian Fleming - Fuga de Berlim;
Dashiell Hammet - O Detective Poeta;
Evan Hunter (Ed McBain) - Primeira acusação;
William Irish - Encontro com a Morte;
Thomas Narcejac - O Penúltimo Caso de Maigret;
Ross Pynn(Roussado Pinto) - Os Bichinhos;
Richard Prather - Crime Passional;
Ellery Queen - A Marca de Caim;
Mickey Spillane - O Último Contrato;
Artur Varatojo - O Inspector e a Imprensa
TEMA — CONTO-DIÁLOGO POLICIÁRIO
Em carta dirigida ao director das Selecções Mistério, o saudoso amigo Luís Campos exprimia-se assim:
Caro Lima Rodrigues,
A ideia original deste conto surgiu em 1964. Sei que nessa altura o passei a escrito para efeitos de transmissão radiofónica no programa 23ª Hora. Não tendo localizado esse texto, decidi agora reescrevê-lo. Fi-lo certamente sob outra forma. Só espero que tenha saído melhor. Um abraço.
O conto é, infelizmente, uma Homenagem Póstuma
PEQUENO DELITO
De Luís Campos
— Nome?
— Francisco Manuel Pinto.
— Idade?
— 18.
— Tens alcunha?
— Falé.
— Profissão?
— O que é que fazes quando não andas a vadiar?
— Sou estudante.
— E o teu pai?
— O meu pai, não
— Não armes em engraçado comigo. Qual é a profissão do teu pai?
— Desempregado.
— E a tua mãe?
— …
— O que faz a tua mãe?
— É empregada do meu pai.
— Ouve, Falé. Tu talvez vás passar aqui alguns dias. E também algumas noites. Queres arranjar maneira de isto ser ainda pior para ti?
— A minha mãe é doméstica.
— Bom, tens uma irmã mais velha, não é?
— Não sei. A minha irmã não tem nada a ver com isto.
— Nós sabemos. Só perguntei porque nós já a conhecemos.
— Então fale com ela.
— Está bem. Como é que foi esta noite?
— Esta noite o quê?
— O assalto.
— Qual assalto?
— Ouve menino. Não armes em duro. Eu acho que posso bem sozinho contigo. Estou de serviço e só saio de manhã. Mas nessa altura outra pessoa há-de vir substituir-me. E depois volto eu. E…
— Vão dar-me porrada?
— Nós não damos porrada a ninguém Só se for preciso.
— Eu já contei várias vezes lá na esquadra aquilo que aconteceu.
— Então repete.
— Posso fumar um cigarro?
— Depende.
— Você é dos beras, não é?
— Nem por isso. Tenho um filho da tua idade. Queres mesmo um cigarro?
— Quero.
— Pega lá. Tens fósforos?
— Não. Tiraram-mos na esquadra.
— Bom… E agora? Estás melhor?
— Estou na mesma. Quando é que param de me chatear? Tenho sono.
— Desde quando é que vais cedo para a cama?
— Cedo? Chama cedo a isto? São três da manhã!
— São. E o velho que tu atacaste? Esse deita-se cedo.
— Ora! A esta hora já dorme. E o que é que eu lhe fiz?
— Apontaste-lhe uma faca a pescoço. Tiraste-lhe o dinheiro da caixa.
— Ora! 700 paus. A velhota dele já tinha levado a receita para casa.
— Pois é. Não valeu a pena pois não?
— Oiça lá, julga que eu sou de andar a assustar velhinhos? Entrei na tabacaria já eram onze e meia, vi o gajo sozinho lá dentro a mexer na caixa e na rua nem vivalma. E depois, fiz-lhe algum mal?
— Tu deves saber. Entretanto passámos nós por ali.
— Foi. E nessa altura é que ele desmaiou.
— Porque é que achas que foi?
— Sei lá! Não se aguentou nas canetas…
— Foi isso. Lembras-te de como a história se passou?
— Oiça lá, julga que eu estou maluco? Então não tenho estado a contar tudo outra vez?
— Calma. Deixa-te estar aí sentado. Vamos continuar. Encostaste-lhe a ponta da faca ao pescoço, não foi?
— Lá se encostei ou não, isso não sei. Mostrei-lhe a faca.
— Encostaste-lha ao pescoço. Foi isso ou não?
— Não me lembro.
— Não te lembras. E depois?
— Depois, nada. Na altura em que ele me passou a massa, entraram vocês, eu virei-me para a porta e parece-me que ele desmaiou.
— Parece-te. E achas que ele desmaiou porquê?
— Sei lá. Perguntem-lhe…
— Isso é que não podemos fazer.
— Essa agora… Porquê?
— O velho morreu.
— …
— Sim.
— Ele…
— Exacto. Quando te viraste para a porta, ele virou-se também, e a ponta afiada da tua faca espetou-lhe a carótida.
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