Efemérides 26 de Dezembro
Pat McGerr (1917 – 1985)
Patricia McGerr nasce em Falls City, Nebraska, EUA. Jornalista e editora e começa a escrever romances e contos policiários a partir de 1947 com Pick Your Victim, o seu livro mais conhecido que está classificado como um dos 50 melhores Policiários Clássicos de 1900-1950. A escritora é considerada uma especialista mistérios construídos de uma forma inventiva e engenhosa, mas não tem grande sucesso comercial. Uma das particularidades da narrativa da escritora consiste numa inversão ao esquema tradicional em que se procura o culpado. Patricia McGerr dá a conhecer o criminoso, mas o leitor só irá descobrir a identidade da vítima no final. A escritora cria a personagem Selena Mead que se envolve em enredos de espionagem. Em 1952 recebe o Grand Prix de Litterature Policière com Follow, As The Night (1951) e em 1968 com o conto Match Point In Berlin recebe o Ellery Queen Mystery Magazine atribuido pelos Mystery Writers of America. Em Portugal está registada a poublicação de:
1 – Escolha a Sua Vítima (1955), Colecção As Grandes Obras de Mistério e Acção, Editorial Século. Título Original: Pick Your Victim (1947).
2 – Um Milhão De Testemunhas (1955), Colecção As Grandes Obras de Mistério e Acção, Editorial Século. Título Original: Death In A Million Living Rooms (1952), também editado com o título Die Laughing.
3 – A Morte Mora No 14º Andar (1955), Nº68 Colecção Vampiro, Editora Livros do Brasil. Título Original: Follow As The Night… (1952). Nesta esdição portuguesa a autora aparece como Pat MacGerr (por lapso?).
TEMA — FICÇAO CIENTÍFICA — BIBLIOTECA ESSENCIAL DE FICÇÃO CIENTÍFICA E FANTASIA (67-69)
Volume 67 — The Furies (1966) de Keith Roberts
Keith John Kingston Roberts (1935 –2000) autor, editor e ilustrador britânico surgiu na Ficção Científica com uma obra notável, exactamente The Furies, um trabalho excepcionalmente bem escrito, de uma elegância de estilo e veracidade convincentes. Citam-se: Pavane (1968) The Inner Wheel (1970), Gráinne (1987) e Molly Zero (1980).
The Furies encerra um tema estranho: …tudo começou com um ensaio nuclear que, realizado no fundo do PacIfico, fendeu a crosta do oceano e fez nascer um vulcão onde existira um abismo de oito mil metros de profundidade. Então surgiram as Furias, vespas monstruosas e mortíferas quase das dimensões do homem, que se propagam, multiplicando-se pelo mundo, destruindo a humanidade e escravizando a Terra.
Ficha Técnica
Vieram do Espaço
Autor: Keith Roberts
Tradução: Eurico da Fonseca
Ano da Edição: 1970
Editora: Livros do Brasil
Colecção: Argonauta Nº154
Páginas: 210
Volume 68 — Babel-17 (1966) de Samuel R. Delany
Samuel Ray Delany Jr., nascido em 1942 no Harlem, cursou estudos de física, matemática e música. É um privilegiado: aos doze anos escreveu um conserto de violino, aos 21 ganhou o Prémio Nebula com Babel-17, aos 25 novo Nebula com The Einstein Intersection e um outro Nebula para o conto Aye and Gomorrah, aos 28 o Hugo e o Nebula para Time Considered as a Helix of Semi-Precious Stones.
Babel-17
O tema central uma guerra galáctica entre a Aliança Terrestre e os Invasores vindos de outro lugar do imenso Cosmos. Aparentemente um space opera, dada a inclusão e utilização de sofisticada tecnologia, o autor deriva para um tema inédito em Ficção Científica — a força da linguagem. A Aliança que tinha imensa facilidade em falar e entender qualquer língua, enfrenta um invasor cuja arma desconhecida e terrível, é precisamente uma nova língua (Babel 17) que ninguém consegue decifrar. A tarefa de Rydra Wong em busca da solução do enigma de Babel 17 adquire aspectos de introspecção no mundo estranho e maravilhoso: o nosso próprio pensamento.
Ficha Técnica
Babwl-17
Autor: Samuel R. Delany
Tradução: Eduardo Saló
Ano da Edição: 1989
Editora: Círculo de Leitores
Colecção: Romances de Ficção Científica
Páginas: 247
Volume 69 — This Immortal (1966) de Roger Zelazny
Roger Joseph Zelazny (1937 – 1995) Zelazny ,natural de Cleveland, Ohio, licenciado em literatura pela Columbia University, apreciado autor de Ficção Científica e fantasia, releva pela excelência da temática mitológica, conflitos de religião e psicologia. Seis vezes premiado com o cobiçado Hugo nas várias modalidades literárias, da novela ao conto, três prémios Nebula e dois Locus Locus Fantasy Award, apresenta-se com um palmarés difícil de igualar. As suas excursões ao domínio da fantasia, estão assinaladas com Dilvish, The Damned, (1982) uma obra inesquecível.
This Immortal, Hugo Award de 1966, revela-nos que num determinado momento da história do mundo, a radioactividade povoou a terra de mutante que, aos olhos desprevenidos, podem fazê-los pensar no renascimento da velha mitologia; este resto do planeta é como que um museu vivo das diversões dos extraterrestres de Vega. Se a Terra mudou, muito mudou igualmente Conrad Nomikos, o imortal, ex-líder da resistência contra aqueles extraterrestres, agora em apuros para proteger a sua vida e a dos outros.
TEMA — CONTO FICÇÃO CIENTÍFICA — A OPORTUNIDADE PERDIDA POR UNS É A OPORTUNIDADE GANHA POR OUTROS
De Ivan Carlos Regina
Depoimento do comandante da nave Aldebarã XIV; transcrita, na forma de lei, para ser anexado ao processo de julgamento de dissolução molecular de seu corpo, pelo genocídio integral de toda uma raça alienígena:
Como é do conhecimento desse digno júri, eu, Alex do Clã Martirius, comandante-chefe da nave Aldebarã em missão de reconhecimento ao planeta intitulado Zintadel, entrei em órbita planetária há cerca de dois meses padrões atrás.
Após recebermos dados conclusivos sobre o planeta e sua atmosfera, minha tripulação de elite e eu descemos á superfície, seguindo todas as precauções e munidos de armas recomendadas para este tipo de missão e pelo regulamento corporativo.
Ao desembarcarmos no meio de uma floresta tropical que nem em sonhos pudesse pensar existir, e talvez peio facto da sensação do término da viagem de ida, percorreu-nos uma alegria contagiante que nos fez abraçar aqueles troncos vetustos, admirar os líquens coloridos que pendiam dos galhos como estandartes de exaltação à natureza, mergulhar, imprudentemente, nossos membros nas cascatas cristalinas de ribeiros que se entrelaçavam como corpos sedentos de amor. Enfim, um ambiente quase paradisíaco.
Lembrando-me porém de minha posição de comando, e em cumprimento do disposto no memorandum fonado de nº 14527, do qual solicito que seja anexada cópia a este processo, alertei a tripulação para que seguíssemos viagem à procura da raça inteligente que o Comando nos disse existir neste planeta.
Durante dois dias andamos, e as criaturas encontradas neste trajecto assombrariam, sem qualquer sombra de dúvida, qualquer explorador espacial. Tanta diversidade de formas e de cores, seres exóticos, compridos e cilíndricos, outros parecendo enormes tanques de guerra, alguns voavam em raras misturas de matizes enquanto entoavam suaves melodias.
Ao terminarmos nosso segundo dia de marcha avistamos um ser estranho, de um formato improvável, curiosamente policromo e notoriamente desajeitado. A criatura, ao pressentir nossa presença, foi tomada de um pavor supremo, ingressando em sua toca de onde regressou com uma arma ridícula, terrivelmente atrasada, tentando atingir-nos com pequenos projécteis, num objetivo nitidamente belicoso. Isto registrado, suprimimo-lo e continuamos a marcha, por não se tratar do povo procurado.
Ainda um dia andamos, e para surpresa nossa, encontramos um ajuntamento horripilante das ditas criaturas, que, ao ver-nos, comprimiram-se aos milhares e olhavam-nos com espantosas feições de terror.
A fim de avaliarmos exactamente até onde aquele ódio fortuito à nossa gente estava em suas almas, trouxemos alguns deles até a nossa nave onde foram dissecados psiquicamente pelo neuro-fibrilhador, que chegou às seguintes conclusões, que poderão, obviamente, serem cotejadas com os registres assinados pelo neurologista de bordo:
- A tal raça, embora antiga, não tem consciência do seu eu colectivo.
- Os seus seres, muito embora a natureza lhes tenha sido pródiga, mutilam seu meio ambiente, fazendo de algumas áreas cloacas imundas onde se arrastam criaturas esquálidas que nunca viverão felizes.
- Praticam o sexo de forma amedrontada e tímida. Desconhecem outras termas de carinho.
- No afã de conseguirem objectos tomam-se cegos ao apelo da beleza que os cerca por todos lados.
- Os outros seres do planeta, impossibilitados de reagirem, lançam na atmosfera seus brados inúteis, na plenitude de uma sinfonia de dores.
- Os ditos seres se alimentam de outros seres que sadicamente criam para tal fim, abatendo-os na clandestinidade de matadouros imundos que nossos olhos não vêem sem se revoltarem.
- Cansados de ferirem todas as raças, todos- os vegetais, todas as geografias, a incrível raça, a fim de seguir seu atavismo destruidor, aprisiona seus rebentos de forma intencional, impedindo-os do crescerem mentalmente, inculcando-lhes sensações estranhas e contraditórias que nunca compreenderemos.
Enfim, a tal raça é incapaz de seguir seu caminho de felicidade. Recebeu um dom do criador deste cosmos e deitou-o baixo.
Evidentemente, eu, Alex do Clã Martirius, não poderia deixar passar e essa oportunidade de justiça, A tal raça não era a que procurávamos pois, por sua vocação, não possuía um mínimo de inteligência.
Foi, portanto, com muito orgulho que dei chance as outras raças, talvez inteligentes, do planeta. Mandei a nave actuar através do dissolvedor molecular de sintonia fina, eliminando toda aquela raça de pavorosos seres bípedes que se auto denominavam humano.
Continuamos na busca do povo procurado…
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