Efemérides 9 de Dezembro
José Rodrigues Miguéis (1901 – 1980)
José Claudino Rodrigues Miguéis nasce na Rua da Saudade, em Alfama, Lisboa, Portugal. Advogado, professor, tradutor e escritor, colabora com diversos jornais e revistas; dirige com Bento de Jesus Caraça o semanário Globo; especializa-se em Ciências Pedagógicas em Bruxelas, mas desencantado com o país exila-se nos EUA. José Rodrigues Miguéis é um dos escritores portugueses mais importantes do século XX e apesar de não ser reconhecido como um autor policiário, publica em 1958 o romance Uma Aventura Inquietante que é considerado uma obra ímpar, cuja leitura é indispensável. A Editorial Estampa tem publicado os livros do escritor na Colecção Obras Completas de José Rodrigues Miguéis.
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Joe McGinniss (1942)
Joseph Alousius McGinniss nasce em Manhattan, New York, EUA. Inicia a sua carreira como jornalista desportivo e em 1968 demite-se para se concentrar na investigação e escrita do processo político de Nixon à corrida presidencial, que daria origem ao seu primeiro livro The Selling Of The President, um estrondoso sucesso editorial. Joe McGinniss continua a escrever não ficção e romances. No campo do policiário destaca-se a trilogia de crime real: Fatal Vision (1983), Blind Faith (1984) e Cruel Doubt (1991) todos bestsellers adaptados a séries televisivas, e também Never Enough (2004), ma vez mais o relato de crime real sobre o assassinato em hong Kong do banqueiro Robert Kissel pela sua mulher.
Mikkel Birkegaard (1968)
Nasce em Randers, Jutland, Dinamarca. Este perito em informática publica o primeiro romance em 2007 Libri Di Luca, um sucesso literário traduzido em duas dezenas de línguas. Em 2009 publica Over Mit Lig (Sobre o Meu Cadáver, em tradução literal), sobre um escritor policiário que vê os seus crimes de ficção copiados para a vida real. Em Fra Drømmenes Bog (o Livro De Sonhos, em tradução literal). (2012) a acção decorre, em1846, em Copenhaga: o detective Mortimer Welles investiga um estranho caso de várias pessoas desaparecidas. Em Portugal está editado:
1 – A Biblioteca Das Sombras (2011), Porto Editora. Título Original: Libri Di Luca (1958)
TEMA — JOSÉ RODRIGUES MIGUÉIS E O CRIME
Em A Construção do Romance em José Rodrigues Miguéis de Maria Manuela Morais Silva
José Rodrigues Miguéis Foto da autoria de Mónica Miguéis, neta do escritor |
“José Rodrigues Miguéis representou o crime em literatura de múltiplas formas: enquanto crime individual de alguém sobre alguém, justificado pela forma de ser, pensar e agir interesseira, para quem maquiavelicamente os fins justificam os meios, tendo como terceiro interveniente o falso culpado que se vê na necessidade imperiosa de se defender ou procurar defesa, como … na obra Uma Aventura Inquietante; e enquanto crime social, ou seja, enquanto transgressão do social pelo individual devido a uma patologia psíquica que adultera de forma doentia a dimensão socializante do indivíduo.”
“Páscoa Feliz não… “pode ser visto como romance policial, nem o crime pode ser encarado como o exercício de um crime policial. Não é um romance policial, como o é o romance Uma Aventura Inquietante, pois, apesar da existência de um crime, existe apenas uma reduzida verificação dos acontecimentos, uma vez que o criminoso era óbvio e o leitor sabia quem era… Apesar da existência de uma confissão, de um julgamento e de uma prisão, estão ausentes o mistério, as pistas, os indícios, a efectiva investigação policial, os erros de acusação, a proclamação emocionada da inocência, os alibis, as mentiras das declarações, enfim todo um conjunto de actuações num palco de acusação, de julgamento e de justiça. Trata-se sobretudo de um romance que, através do crime, empreende uma profundareflexão sobre o indivíduo e a sociedade…”
Idealista No Mundo Real. “Neste romance surgem-nos crimes diferenciados, aqueles crimes de menor importância, porque não ostentam o derramamento de sangue, crimes que podem ser exemplificados com o furto, o desvio, o engano, a corrupção financeira… enfim crimes de foro administrativo. Contudo, surgem, de igual modo, os crimes de sangue, aqueles que ostentam o derramamento de sangue de pessoas mais ou menos importantes e influentes num certo ciclo social, aqueles que suscitam a morte de alguém pelo incómodo que causava a nível social ou político.”
O Pão Não Cai do Céu “… logo no início do romance, o leitor é confrontado com dois crimes de teor diferente: o crime de contrabando e de roubo e o crime de sangue. Dois crimes que serão o pretexto para o desenvolvimento da verdadeira trama da narrativa: a relação inquinada entre a sociedade, a autoridade e o poder político – o crime político da censura, da repressão ideológica, da violação da liberdade individual e social numa atualização arbitrária do poder e da lei.”
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