30 de setembro de 2012

CALEIDOSCÓPIO 274

Efemérides 30 de Setembro
Truman Capote (1924 - 1984)
Truman Streckfus Persons nasce em New Orleans, Louisiana, EUA. Em 1933 recebe o nome Truman Garcia Capote, adoptando o apelido do padrasto. Autor de contos, romances, peças teatrais obtém o reconhecimento com Breakfast At Tiffany's (1958) e In Cold Blood (1965), um livro de crime real. É considerado um dos maiores escritores norte americanos do século XX e um mestre da short story. O escritor tem cerca de 20 obras adaptadas ao cinema e televisão. Em Portugal estão editados vários livros do escritor, destacam-se os livros de contos:
1 – A Árvore da Noite (1959), Nº44 Colecção Dois Mundos, Editora Livros do Brasil. Título Original: A Tree Of Night (1949). Um conjunto de 8 short stories
2 – Música Para Camaleões (1984), Nº44 Colecção Autores Universais, Bertrand Editores. Título Original: Music For Chameleons (1980). Uma antologia de short stories de ficção e não ficção.
3 – Um Natal (1986), Editora Diffel. Título Original: One Christmas (1983). Conto autobiográfico. Reeditado em 1993 pela Editora Asa, na colecção Pequenos Prazeres, com o título Um Natal E Outras Histórias.
4 – Contos Completos (2008), Sextante Editora. Título Original: The Complete Stories Of Truman Capote (2004). Uma colectânea de 20 short stories
E ainda In Cold Blood editado pela primeira vez em 1967 na Colecção Dois Mundos, pela Editora Livros do Brasil com o título A Sangue Frio : narração verídica de um quádruplo assassínio e suas consequências. O livro foi depois editado pela Circulo de leitores em 1973, pela Editora Dom Quixote em 2006 com sucessivas reedições.



Michael Innes (1906 - 1994)
John Innes Mackintosh Stewart nasce em Edimburgo, Escócia. Professor e escritor policiário publica sob o pseudónimo Michael Innes 45 livros da série Inspector Appleby, iniciada em 1936 com Death At The President's Lodging; escreve ainda 3 livros na série Charles Honeybath e mais 10 romances. Como J. I. M. Stewart cerca de 20 livros policiários. Em Portugal estão publicados:
1 – A Peso Da Evidência (1962), Nº116 Colecção Xis, Editorial Minerva. Título Original: The Weight Of The Evidence (1943). É o 9º livro da série Inspector Appleby. Editado com o título Prova Incontestável (1995), Nº153 Colecção Livros de Bolso, Clube do Crime, Publicações Europa América.
2 – A Morte Do Alfarrabista (1963), Nº127 Colecção Xis, Editorial Minerva. Título Original: Silence Observed (1961). É o 19º livro da série Inspector Appleby.
3 – A Maldição De Shakespeare (1987), Nº478 Colecção Vampiro, Livros do Brasil. Título Original: The Long Farewell (1958). É o 17º livro da série Inspector Appleby.
4 – A Vingança De Hamlet (1989), Nº498 Colecção Vampiro, Livros do Brasil. Título Original: Hamlet Revenge (1937). É o 2º livro da série Inspector Appleby.

5 – Posição Ingrata (1990), Nº12 Colecção Crime S. A. Editoria Ulisseia. Título Original: An Awkward Lie (1971). É o 25º livro da série Inspector Appleby.
6 – Morte Na Escócia (1994), Nº145 Colecção Livros de Bolso, Clube do Crime, Publicações Europa América. Título Original: Lament For A Maker (1938). É o 3º livro da série Inspector Appleby.
7 – Morte Na Coutada (1995), Nº575 Colecção Vampiro, Livros do Brasil. Título Original: Death At the Chase (1970). É o 24º livro da série Inspector Appleby.
8 – O Caso Daffodil (1995), Nº152 Colecção Livros de Bolso, Clube do Crime, Publicações Europa América. Título Original: The Daffodil Affair (1942). É o 8º livro da série Inspector Appleby.
9 – A Casa Aberta (1996), Nº584 Colecção Vampiro, Livros do Brasil. Título Original: The Open House (1972). É o 26º livro da série Inspector Appleby.
10 – Outra História (1996), Nº591 Colecção Vampiro, Livros do Brasil. Título Original: Appleby Other Story (1974). É o 28º livro da série Inspector Appleby.



TEMA — NEM SÓ DE PÃO VIVE O HOMEM — A MARCA DA CORAGEM OU DA COBARDIA
M Constantino
É erro vulgar conotar-se coragem ou cobardia com a força física: coragem como bravura e cobardia como medo. No mundo de hoje a vida não se compadece com jogos de soldadinhos. Nestas acepções são conceitos fora de moda: quantos gestos de coragem não resultam de desespero, outros considerados de cobardia são autênticos actos de sábia prudência?
Hoje em dia, a coragem é a virtude necessária ao ser humano para atravessar a estrada da existência. Coragem não é força física mas força anímica, uma resposta afirmativa aos choques do quotidiano, contrariedades, trabalhos, crises, doenças. Cobardia é ausência, o oposto daquela coragem e revela simplesmente que a potencialidade vital humana não é realizada, está bloqueada, transformada em preguiça. Quando, em termos da época presente, se procura o oposto da coragem, encontramos o conformismo — dir-se-ia a cobardia do conformismo. Coragem é uma qualidade interior, uma virtude ou atitude de nos relacionarmos connosco mesmo e com as nossas aptidões.
É mister alcançar o âmago dessa coragem, o ânimo para atacar de frente as nossas debilidades e revezes, com maior equanimidade enfrentar as situações externas, firmar-se nas próprias convicções com capacidade construtiva já que a coragem é também a base de qualquer relacionamento criativo. Existem, na realidade, pessoas que alardeiam ideias e projectos que mais não representam do que enganos de si próprios, jamais os levam a efeito ou, quando os iniciam já os estão a abandonar a favor de outras ideias e projectos igualmente irrealizáveis. As suas mentes estão cheias de verbo “projectar”, mas ignoram o “criar”, a sua coragem para agir é um vácuo. Para criar e agir é realmente necessário valor e verdadeira coragem. Em uma prosa inolvidável Balzac deixou-nos escritos alguns tópicos que não devem ser esquecidos:
Planear, sonhar e imaginar belas obras, é com certeza uma agradável ocupação… mas produzir sem jamais desanimar diante das convulsões desta vida louca, triunfar na tarefa da execução, já muitas mentes humanas não concebem esta coragem…
Numa época de compromissos, a capacidade humana de conservar firme as suas convicções sem que o determine parcela de obstinação, desafio ou retaliação, simplesmente porque é naquelas que se acredita, tem a marca da coragem. Coragem que emerge do senso da própria dignidade e da auto-estima, valor fundamental de todo o ser humano. E a coragem para dominar-se, confiar em si mesmo, apesar do facto de ser limitado no tempo e no espaço, significa agir, amar, pensar, criar embora reconheça que não tem respostas definitivas à Lei da Vida…


TEMA — CASOS E ACASOS DO CRIME — DOIS TIROS NO CORAÇÃO
O dia a dia do mundo humano, oferece-nos fartas possibilidades de aplicar a fórmula usual: acidente, suicídio ou crime? O caso que a seguir se relata dá-nos todos os ângulos apontados, inclusivamente a de um crime em recinto fechado. É, segundo nos parece, daqueles casos que, por tão estranho, deve ser guardado como recorte antológico.

O caso que vamos narrar, extraído dos arquivos do Departamento de Polícia de Cleveland, teve início com a chamada telefónica de um marido aflito. Soluçando, disse que a esposa havia disparado sobre si mesma.
Chegando ao local a polícia encontrou o desalentado marido afundado numa cadeira. O cadáver de sua esposa, com uma bala no coração achava-se estendido sobre a cama. Enquanto um detective interrogava o marido, um outro começou a procurar a arma. Descobriu-a, a três metros de distância do corpo, metida entre uma velha mala.
O marido afirmou que estava no quarto próximo quando ouviu o tiro. Embora vivessem em harmonia, disse, sua esposa ameaçava frequentemente suicidar-se.
Ao autopsiar o cadáver, o legista descobriu que duas balas haviam atravessado o coração exactamente no mesmo lugar. Entrementes, os detectives souberam que o casal havia discutido violentamente algumas horas antes do tiro. O marido apegou-se ao que havia dito e sustentou que apenas ouvira um tiro.
O que mais intrigou os detectives foi a descoberta da arma por trás da mala. Como, perguntavam, poderia a mulher ter desfechado dois tiros no próprio coração, e depois esconder a arma? Os factos indicavam que o marido estava a mentir.
No dia seguinte, porém, chegava um laudo mais completo. O revólver calibre 38 disparava apenas balas de curto tamanho maior que o normal, embora tivessem ambas o mesmo peso.
A arma fora disparada alguns anos antes e emperrara devido a uma cápsula defeituosa. O tiro recente, disparado pela mulher, impelira a bala emperrada à sua frente, entrando ambas no coração. O tremendo coice da arma arrebatou-a da mão da suicida e atirou-a para trás da mala.

Não é espantoso? Nenhuma diligência dos encarregados e tudo poderia ter sucedido; pelo menos acusar o marido da suicida transformando o caso num dos muitos erros judiciais.

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