14 de setembro de 2012

CALEIDOSCÓPIO 258

Efemérides 13 de Setembro
John Carroll Daly (1889 – 1958))
Nasce em Yonkers, New York, EUA. É considerado o pai dos detectives hard boiled da ficção policiária. Assina também como John D. Carroll.


TEMA — O AUTOR E O PROTAGONISTA
Por M. Constantino

O AUTOR
John Carroll Daly após a frequência nas escolas públicas, cursou a American Academy of Dramatics Arts, depois começou a estudar direito, mas profissionalmente dedicava-se à exploração cinematográfica.
Durante o exercício das suas funções começou a escrever para pulps e magazines afins, tornando-se rapidamente um especialista. Em 1922 entrega a primeira história para a Black Mask, “Dolly”, seguindo-se “The False Burton Combs” — o primeiro detective privado da sua criação é Terence Mack, em “Three Gun Teery” (1923), que uma calibre 45 , outra 25 de reserva, e exige honorários elevadíssimos aos clientes, mas assegura resultados. Race Williams, criado em “Knights of the Open Palm” (1923), luta com o Ku Klux Klan, é uma cópia de Terrence, menos profissional, mais de acção e métodos pouco ortodoxos — é o embrião da novela negra.
Num inquérito dos anos 30/40, levado a cabo pela Black Mark, concluise que Daly estava em primeiro lugar entre as preferências dos leitores, seguido de Erle Stanley Gardner e Dashiell Hammett e teve de diversificar a produção para preencher encomendas.
Criou outros personagens: Mr Strang, Clay Holt, Vee Brown detective ao serviço do Ministério Público do Distrito, Satan Hall, um furador de leis.
Na última fase da sua vida escreveu para revista denominadas comic books, a nossa conhecida banda Desenhada.

O PROTAGONISTA — RACE WILLIAMS
O primeiro personagem sobre que assenta a então nova escola norte americana, posteriormente chamada novela negra, sai da pena engenhosa de Carroll John Daly e dá pelo nome de Race Williams.
É um detective privado agressivo, lutador, dinâmico, que narra em directo as próprias aventuras, relatos que não dispensam uma agressividade incisiva, que produz no leitor um entusiasmo assombroso.
Race apresenta-se:

“Não sou um burlão, sou simplesmente um aventureiro e ganho o pão de cada dia trabalhando contra os que infringiram a lei. Não quer dizer que esteja em combinação, nem sequer de acordo, com a polícia, não, esse não é o meu estilo… Porém, como dizia, sou um aventureiro. Não no sentido que se entende habitualmente, não sou desses tipos que ficam tranquilos esperando que um incauto se chegue, ou que perca o meu tempo a ajudar o governo a sair de um mau passo. Nada tenho contra esses factos, no entanto nunca deitaria a mão para ajudar um governo, mesmo com um bom pagamento, a verdade é que também ninguém me pediu nada. Nada se pode extrair de um governo a menos que seja um político. E como dizia, não sou um burlão.”

Como se vê é, definitivamente, um novo tipo de detective, com uma moral nova e um novo estilo, diametralmente oposto aos seus antecessores. Na breve definição exposta, aparece uma série de ideias e uma tomada de posição impensável em qualquer investigador anterior. A caça aos criminosos é para ele um ofício como outro qualquer, somente por dinheiro sem que nenhum princípio ético ou moral; é um caçador profissional sem respeito por nada nem ninguém. Cortante, duro, violento… a sua exagerada dureza e violência.

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