Efemérides 2 de Setembro
Chris Kuzneski (1969)
Nasce em Indiana, Pensilvânia, EUA. Escritor de sucesso, de thrillers/aventura, tem os seus livros traduzidos em mais de 20 línguas. Publica o seu primeiro romance, The Plantation em 2002, seguindo-se: Sign Of The Cross (2006), Sword Of God (2007), The Lost Throne (2008), The Prophecy (2009), The Secret Crown (2010) e The Death Relic (2011). Em Portugal está editado:
1 – Sinal da Cruz (2008) Editora Millbooks. Título Original: Sign Of The Cross (2006).
TEMA — SERÁ QUE O MUNDO VAI ACABAR? COMO? — TRADIÇÕES
O mundo bíblico segue-se à tragédia dos Atlantes…
Do ano 600 da vida de Noé, as comportas do céu abriram-se, a chuva caiu na Terra quarenta dias e quarenta noites. Todas as montanhas sob os céus ficaram submersas e assim pereceu toda a carne que se movia na Terra
Era o grande Dilúvio!
Em cada rincão da Terra onde se guardaram recordações, antigas tradições, se encontram narrativas da grande inundação. Em todas elas, ainda que sob nomes locais, se evidencia um Noé, não sendo coincidentes nem os motivos da escolha dos sobreviventes, nem a duração da catástrofe. Tudo indica que houve adaptações impossíveis de classificar.
Na bíblia é o resultado de um julgamento de Deus sobre o comportamento dos homens que criou. São quarenta dias e noites de chuva; sobreviventes Noé e família, um outro casal e sete machos e sete fêmeas de todos os animais limpos.
Na narrativa egípcia representa a irritação do deus do céu, do qual os homens pensavam “coisas malévolas”, por já ser velho, e que a conselho de outros deuses, sobretudo do deus das águas, Nun, decidiu recorrer aos préstimos da deusa Hathor, a vaca do céu.
Para os sumérios e babilónicos, uma terrível tromba de água ergueu-se até ao céu; escaparam da tragédia Xisuthros ou Khasistrata, com a família, amigos e animais, quando a barca encalhou nas montanhas de Gordyene, na Arménia.
Segundo os documento assírios a catástrofe durou apenas seis dias e seis noites… “os cadáveres flutuavam como algas…” "; o herói foi Ubaratutu que com os seus familiares foi para o monte Nizar.
Na tradição grega com água a sair da terra e o mar a sair do seu leito “durante nove dias e nove noites, enquanto na grande arca Deucalião, a mulher Pirra, os filhos e animais terrestres aguardavam que aquela encalhasse no Monte Parnaso.
Da Índia conhecem-se várias versões, nas quais os sobreviventes teriam sido Nanu e outros sete, avisados por um peixe considerado como a metamorfose de Vishnu, ou Satyrawata.
Na lenda galesa salvaram-se Dwyfan e Dwyfach da inundação causada pela erupção do Llynllion, o Lago das Ondas. Mas na Irlanda a catástrofe foi extensa, durante sete anos a meio um barco sobreviveu com a rainha Ceseair e a sua corte, sendo a Terra inabitável durante duzentos anos após Dilúvio.
As águas e o vento duraram doze dias e doze noites para os tibetanos, sobrevivendo alguns casais e animais no alto de uma montanha, sendo daí salvos quando as águas atingiram o pico, numa casca de noz gigante atirada pelo Ser Supremo.
Bergalver e a mulher são os sobreviventes na tragédia norueguesa, quando o fogo chegou do próprio céu, as serpentes agitaram os oceanos, a Terra escureceu.
Na zona da América do Sull encontram-se díspares versões: para os astecas e toltecas, a inundação durou cinquenta e dois anos, salvaram-se Coxcox ou Tezp ou Teocipacti, com mulher e filhos numa grande jangada; os chichimacos falam de um tronco de árvore escavado que salvou Xochiquetzal; oS Malas salvaram-se em cavernas profundas, os Incas escalando os Andes.
Os índios hurão da América do norte recordam que a tragédia durou vários meses, enquanto o grande pai das tribos aquietava os indisciplinados animais que ameaçavam tombar a grande jangada.
As tribos Sioux, Hopj e Chickasaw salvaram as espécies em grandes canoas.
Para as tribos que habitavam o actual Brasil, guarani e tuscarora, as palmeiras foram a grande salvação.
A mitologia chinesa, recorda que “as colunas do céu quebraram-se”, “a terra desfez-se” e o “sistema do Universo ficou desconjuntado”.
Não é fácil definir, face a estes e outros relatos conhecidos, se as descrições se reportam ao mesmo Dilúvio referenciado na Bíblia
Platão nos seus escritos avisou:
“lembrai-vos apenas de um Dilúvio,
Quando houve muitos dilúvios…”
Os estudiosos apontam que, àparte pequenos e localizados dilúvios teria havido, pelo menos, cinco de elevada intensidade: dois originados pela fusão dos gelos da Antárctida e três outros pelo Pólo contrário a este.
Seja como for, o Dilúvio Bíblico, o chamado Dilúvio Universal, é o mais invocado na memória humana e, presentemente, poucas dúvidas restam quanto à sua realidade.
Em 1872 decifraram-se as tabuinhas cuneiformes provenientes das escavações de Ninive, pelas quais se conclui que os Assírios tinham conhecimento directo do Dilúvio. Os descobrimentos de Siper e Nipur evidenciam, por sua vez, um relato de um escriba da Babilónia, que remonta ao Século XVII a.C. que se lhe refere.
Em 1914, um assiriólogo decifrou novos escritos, pelos quais prova que o episódio do Dilúvio já era do conhecimento dos sumérios há 4000 anos antes de a Bíblia haver sido escrita, e remete ao início do III Milénio a. C. a sua efectivação. Nesta descrião, que abrange trezentas linhas, Noé é representado por Ziusudra, a quem um deus preveniu:
“… um dilúvio vai invadir os centros de culto,
Para destruir a semente do género humano…”
As provas acumuladas sobre o Dilúvio, este fim do mundo bíblico, são bastante convincentes. Sobre ele um historiador americano reuniu cerca de 80000 (oitenta mil) obras literárias em setenta de dias línguas diferentes!
Para muitos arqueólogos, as escavações na Mesopotâmia permitem revelar restos da civilização suméria abaixo do nível de uma camada de lodo de três a cinco metros de espessura, denunciadoras de inundações tremendas, o que nada têm a ver com os vestígios das mais recentes dinastias.
É pois natural, que o mito tão profundamente enraizado na memória dos povos se apoie num facto real.
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