Efemérides 19 de Setembro
Carlo Fruttero (1926 – 2012)
Nasce em Turim, Itália. Jornalista, tradutor, escritor e editor de antologias. Grande parte da sua obra policiária e de ficção científica é escrita em colaboração com o escritor italiano Franco Lucentini, com cerca de 30 livros publicados em conjunto. Em Portugal estão editados:
1 – O Amante Sem Morada Certa (1991), Colecção Romance Contemporâneo, Difusão Cultural. Título Original: L'amante Senza Fissa Dimora (1986). Romance de mistério escrito em parceria com Franco Lucentini.
2 – A Verdade Sobre O Caso D (1992), Colecção Literatura Estrangeira, Editora Difel. Título Original: La Veritá Sul Caso D. (1989). Romance de mistério escrito em parceria com Franco Lucentini.
Laurie R. King (1952)
Nasce em Oakland, California, EUA. A escritora publica em 1993 o seu primeiro livro, A Grave Talent, que ganha o Edgar Award para Best First Novel de 1994 e o John Creasy Memorial Award de 1995. Com este livro Laurie R. King inicia a série Kate Martinelli, que tem 5 títulos publicados; cria ainda a série Mary Russel & Sherlock Holmes com já 12 livros publicados, entre os quais, A Monstrous Regiment of Women, recebe em 1996 o Nero Award. Em Portugal estão editados:
1 – No Limiar Da Loucura (2002), Círculo de Leitores. Título Original: Folly (2001). Este livro é premiado em 2002 com o Macavity Award, prémio literário para escritores policiários.
2 – O Jogo Da Rainha (2008), Editora Paralelo 40º. Título Original: The Beekeeper's Apprentice (1994), também editado com o título Or On The Segregation Of The Queen. É o 1º livro da série Mary Russel & Sherlock Holmes.
3 – Um Monstruoso Regimento de Mulheres (2008), Editora Paralelo 40º. Título Original: A Monstrous Regiment of Women (1995). É o 2º livro da série Mary Russel & Sherlock Holmes.
TEMA — SERÁ QUE O MUNDO VAI ACABAR? COMO?
O cometa culpado, tão mal augurado pelos astrólogos, passou calmo e indiferente, não sem que ficasse para a história o desenho e descrição de Ambroise Paré:
“Era tão horrível e espantoso e provocava um temor tão intenso ao povo em geral, que uns morreram de medo e outros adoeceram. Parecia ter um comprimento excessivo e apresentava a cor do sangue. No seu topo, via-se um braço ligeiramente dobrado empunhando uma espada gigantesca, como se pretendesse atingir alguém. Na ponta havia três estrelas. Nos dois lados, dois raios de cometa, distinguia-se um número avultado de machados, facas e espadas manchadas de sangue, entra as quais se notavam numerosos rostos hediondos, de barbas e cabelos eriçados.”
Oh fantasia!
Por volta de 1600 a imaginação popular escolheu alguém, a quem chamava Branca Flor, a feiticeira, para propagandear que quando atingisse a maioridade daria à luz filhos do Diabo, o Anticristo que desencadearia a catástrofe final. De tal forma as pessoas começaram a preocupar-se que Henrique IV teve que proibir a alusão ao fim do mundo.
O boato mudou de direcção e foi a vez do monarca se preocupar consigo próprio pois passou a ser apontado como o designado Anticristo; foi assassinado em 1610.
Neste clima, uma das conjunções ou agrupamentos de planetas da história celeste, ocorrida em 1603, não deu muito que falar.
Em 1680 a inquietação mortal quanto à catástrofe, era cometa. Este despenhar-se-ia na Terra.
Perdeu-se no espaço, entretanto, mercê das múltiplas orações…
“A Terra culpada será purificada pelo ferro, devorará quem estiver sentado na iniquidade”. Assim profetizou o padre Calisto, interpretando o fim.
Em 1773 o meteoro anunciado deveria atingir o nosso planeta e “dissolvê-lo”.
A época é outra, já não é de pura e total credibilidade. Ao lado daqueles que exigem preces públicas para afastar o Juízo Final que se aproxima, outras, Como Voltaire, zombam daquele que “reduzirá a pó impalpável o nosso pequeno globo”. O espírito científico está suficientemente propagado pelas várias camadas sociais de maneira a permitir que em grande maioria de espíritos não frutificasse a ideia do fim do mundo.
Para a extinção da raça, mais que o Anticristo ou um cometa horrendo, contribuíam as revoluções, a chacina de inocentes, a famosa guilhotina que, em França, funcionava com lentidão mas implacável e constante.
1816… 1832… Neste ano o cometa que atravessou a órbita da Terra foi algo de inquietante. Á distância da sua órbita da Terra mediou menos que um mês-luz, se acaso tivesse retardado a sua marcha, ninguém contaria a história.
A humanidade clamou de pavor, enquanto a imprensa tentava tranquilizar os mais receosos. Os sábios discordavam:
“Se o cometa chocasse com a Terra — dizia um — os mares abandonariam a sua actual posição, precipitando-se para um novo equador produzindo um dilúvio… espécies inteiras seriam aniquiladas e todos os edifícios monumentos construídos, com excepção das Pirâmides do Egipto.
“A Terra nada tem a temer dos inofensivos cometas!
Para uns sim para outros não, releva porém, que a sombra da ameaça não passou de sombra.
Entretanto foi anunciado para 1857 o regresso do cometa denominado Carlos Quinto, cuja aparição em 1555 decidira o monarca do mesmo nome a abandonar o trono e recolher-se num convento. Mas o augúrio de que destruiria o mundo por meio do fogo já não produziu os efeitos terroríficos de outros tempos. As pessoas espalharam-se pelos campos, olhando o céu… apenas por curiosidade.
O cometa que visitou o planeta em Julho de 1861 deixando no céu um rasto fosforescente, nem curiosidade despertou… dissiparam-se todas as preocupações humanas tranquilizadas pelas promessas de que só o advento do milénio, lá para o ano 2000,teriam o fim.
Os astrólogos, atentos aos seus aparelhos ópticos, limitaram-se desta vez em ser espectadores de algo semelhante a uma aurora boreal fosforescente.
au.grio de que daatrn,
Talvez, apenas aqueles que sempre costumam lucrar com os pavores das gentes aflitas se sentissem burlados…
Tranquilizados? Não muito.
Muitos pensadores, ao longo do tempo, por este ou aquele motivo, apontam o fim dramático do planeta.
Spengler escreveu em 1931 um livro polémico “O Homem e a Técnica” em que profeticamente aponta a máquina, pela sua multiplicação e refinamento cada vez mais avançado, como o grande perigo para a destruição da civilização.
E o fim é igualmente visionado pelos astrólogos: fim do ciclo, confusão e escuridão. Ainda recentemente os estudiosos viram “um aviso à navegação” no agrupamento de planetas produzido em Novembro de 1982. Alguns ousaram mesmo usar a expressão “fim dos tempos”. Mas o maior de todos os perigos afigura-se ser ainda a mão do próprio homem que, cegamente, destrói a natureza, ignora os avisos naturais, cria máquinas que o estrangulam e sistemas que o aniquilam.
Vai o mundo acabar?
A sugestão vem de Flamarion:
O MUNDO VAI ACABAR
TALVEZ PORÉM VOS CONFORTE
A ADOPÇÃO DESTE CONSELHO:
TOME CADA UM O SEU PAR
NA DANÇA FINAL DA MORTE
E ACABEMOS A DANÇAR,
QU'ESTE MUNDO É JÁ TÃO VELHO!
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