Efemérides 24 de Setembro
Steve Miller (1957)
Steve Robert Miller nasce em Buffalo, New York, EUA. É músico, jornalista e escritor tem uma longa experiência como repórter de investigação, o que certamente lhe proporciona o material para os seus livros de crime real. No corrente ano — 2012 — é nomeado para o Edgar Award para Best Crime Fact pelo livro Girl, Wanted: The Search for Sarah Pender (2011) e tem agendado para Outubro um novo livro: Nobody’s Women: The Crimes and Victims of Anthony Sowell, the Cleveland Serial Killer.
TEMA — BIBLIOTECA ESSENCIAL DE FICÇÃO CIENTÍFICA E FANTASIA (44-46)
Volume 44 — Tiger! Tiger! (1956) Alfred Bester
(é o 2º livro do escritor incluído na Biblioteca, para ver o primeiro volume e informações sobre o autor clicar CALEIDOSCÓPIO 175
Tiger! Tiger! Conta a odisseia de Gulliver Foyle abandonado no espaço após a destruição da sya nave, a luta titânica para se libertar da morte lenta e horrível que o aguarda. Foyle foi o primeiro homem que descobriu a faculdade de teletransportar-se por mero poder da mente. Voltando à Terra descobre um século XXV fervente de tensões sociais e económicas, uma Terra que jamais voltaria a ser aquela que conhecera antes.
Nesta obra, a potencialidade nata de Bester, como escritor, arrasta o leitor para um mundo enlouquecido que jamais esquecera. Um lugar assegurado na biblioteca.
Ficha Técnica
Tiger! Tiger!
Autor: Alfred Bester
Tradução: Eurico da Fonseca
Ano da Edição: 1977
Editora: Livros do Brasil
Colecção: Argonauta Nº241
Páginas: 240
Volume 45 — Double Star (1956) de Robert A. Heinlein
Robert Anson Heinlein (1907-1908), natural do estado de Missouri, descendente de uma família de origem alemã, estudou no Kansas, frequentou a Universidade de Missouri e a Academia Naval, posteriormente trabalhou como engenheiro civil. De 1946 a 1961 escreveu uma média de dois livros por ano, sendo deste período os três primeiros livros premiados com o HUGO em 1956,1960 e 1961; foi igualmente galardoado com o mesmo troféu em 1967. Tem uma bibliografia vastíssima em todos os tipos de narrativa.
Double Star conta-nos a história de Lorenzo Smith, um actor fracassado, fisicamente parecido com o político mais importante do Império Este é raptado e há necessidade de este facto não ser público, assim Smith é chamado a substitui-lo, Opera-se então neste, uma gradual transformação de personalidade, modificando-o e humanizando-o… o final é surpreendente!
Ficha Técnica
Estrela Dupla
Autor: Robert A. Heinlein
Tradução: H. dos Santos Carvalho
Ano da Edição: 1957
Editora: Livros do Brasil
Colecção:Argonauta Nº39
Páginas: 224
Volume 46 — The Midwich Cuckoos (1957) de John Wyndham
(é o 2º livro do escritor incluído na Biblioteca, para ver o outro volume e informações sobre o autor clicar CALEIDOSCÓPIO 169
The Midwich Cuckoos: Midwich, uma aldeia tranquila, no coração da Inglaterra rural é um dia atacada por estranha doença: enquanto nos demais locais as pessoas começavam a encher o dia com gritos de alegria, Midwich dormia… os seus aldeões, os seus cavalos, vacas, carneiros, porcos, aves da capoeira, os melros, toupeiras, ratos, tudo estava prostrado. Num momento tudo se movia, no outro silêncio absoluto só interrompido pelo sussurrar das folhas. Foi pouco depois da passagem desta estranha doença, que as mulheres, incompreensivelmente, apareceram grávidas, inclusive as solteiras que nunca haviam contactado com o sexo oposto, as viúvas que não tinha homem… nasceram crianças de olhos dourados de inteligência anormalmente elevada, capazes de dominar o homem. Havia de surgir o inevitável conflito.
Ficha Técnica
A Aldeia dos Malditos
Autor: John Wyndham
Tradução: Álvaro Simões
Ano da Edição: 1963
Editora: Livros do Brasil
Colecção: Argonauta Nº77
Páginas: 243
TEMA — CONTO — MAIS CONVINCENTE DO QUE AS PALAVRAS
Homenagem ao autor Jack Edwin Moseley pelo extraordinário conto, uma visão própria da humanidade.
M. Constantino
Num outeiro dominando a empoeirada cidadezinha ficava a igreja de S. André, único lugar de adoração num raio de cinquenta milhas. O Padre Francis Grimmeon vinha das suas orações matinais para o sol ofuscante. “Quem somos nós para discutir a Tua vontade”, pensava ao percorrer os céus em busca de um farrapo de nuvem que prometesse um pouco de sombra. Não havia nenhum.
No instante em que se voltava para reentrar na igreja uma mulher chamou:
— Padre.
O sacerdote virou-se na direcção da voz e viu Marie Hébert, uma das mais pobres ovelhas do seu rebanho, a subir a rua. Nos braços grossos trazia uma criança e, trotando atrás dela, subiam quatro garotinhos pobremente vestidos, de três a seis anos.
Assim que Marie chegou aos degraus da igreja o Padre Francis sorriu, estendeu as mãos e disse:
— Bom dia, Marie. Philip, bom dia — cumprimentou o mais velho dos garotos. — Desejava me falar sobre alguma coisa, Marie?
A mulher assentiu com um gesto de cabeça e o sacerdote pegou-a pelo braço para levá-la ao santuário.
Os garotos esperaram lá fora.
— Padre — disse Marie ao entrarem juntos na câmara do confessionário. — Vou ter outro bebé.
— Isso é maravilhoso, Marie. Jon ficará muito orgulhoso. Que Deus os abençoe e…
— Mas não — interrompeu Marie vivamente. — Não devo ter este filho. Jon é muito forte e trabalha muito na fábrica de aquecedores. Jon é bom homem, mas eles pagam muito pouco. — A mulher afogueada e suada olhou para o Padre com ar de súplica como que a dizer: Não compreende?
O sacerdote ficou pensativo. Tornou a olhar para a mulher com o filho no colo.
— Que quer dizer com isso? — perguntou.
— Vim pedir a absolvição pelo que vou fazer, Padre. Porquê pôr no mundo uma pobre criança, quando não temos comida, nem cama, nem roupa? Não, Padre, não podemos ter este filho. Compreende?
A criança nos braços de Marie começou a choramingar de leve. Ela levantou-a amorosamente e embalou-a nos joelhos.
— Marie — disse o Padre após uma pausa — o teu filho já existe.
A expressão não se alterou no rosto dela.
— Este filho por nascer, Marie, tem uma alma, como este que embalas nos braços. Ele existe agora. E quando uma coisa está aqui, connosco, nós não a destruímos. Nós aceitamos e amamos, dando-lhe tudo o que pudermos. Construímos com ela e crescemos com ela.
O Padre tornou-se severo:
— Expulse estes pensamentos da cabeça. Vá ipara casa e conte a Jon. Ele se vai ficar feliz, estou certo disso. Deus agirá pelo melhor. Confia Nele.
Ao descer a rua com os filhos, Marie ia cheia de perplexidade e confusão. A próxima paragem foi o consultório do Dr. Marcus Gavin, um velho clínico que pouco se preocupava com Deus e muito menos com aqueles que se submetiam a grandes sacrifícios para provar a sua fé.
— Como vê, doutor, preciso da ajuda — disse Marie enquanto o médico lançava um olhar para as tímidas crianças que se agrupavam a um canto da sala.
— Sim, mulher, vejo que tem um problema sério — disse o velho, estendendo a mão para um dos temerosos garotos de olhos arregalados. Depois coçou o queixo por barbear e se dirigiu a passos lentos para o consultório.
Alguns segundos mais tarde voltava com uma seringa hipodérmica na mão.
— Farei o que me pede — disse — Não costumo atender a estas coisas; mas com estes quatro — apontou para os garotos que o olhavam com respeito — tem mesmo um problema sério. Hmm, creio que ajudei a trazer ao mundo a maioria desses diabinhos chorões, nestes últimos cinquenta anos. Bem, acabemos logo de uma vez. Venha cá, menino — berrou o Dr. Gavin ao caçar o garoto mais próximo, imobilizando-o na cadeira — Creio que tanto faz que seja este ou qualquer outro. Alguns dos que ajudei a nascer são verdadeiros demónios, mas alguns são bem bonzinhos, sabe?
Antes que Marie se desse conta do que estava a acontecer, o velho doutor esfregava o bracinho do garoto com álcool.
— Esta droga liquida em três minutos. Por sorte não causa dor nenhuma. Direi que foi um envenenamento dos rins. Preciso dar um atestado de óbito, entende? Bem, vamos lá. Era isso que me pedia, não é? Que matasse o seu filho, não foi?
Aterrada Marie saltou da cadeira e arrancou o filho das mãos do velho. Repentinamente percebia o que o Padre Francis queria dizer, ao afirmar que a criança já existia.
O Dr. Gavin soltou uma risada assim que o pequeno grupo voou da sala. — Ainda bem que sou o único médico na cidade — de contrário ficaria sem clientes dentro de uma semana.
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