28 de outubro de 2012

CALEIDOSCÓPIO 302

Efemérides 28 de Outubro
Anne Perry (1938)
Juliet Marion Hulme nasce em Blackheath, London, Inglaterra. Em criança tem tuberculose e por isso a sua família decide mudar-se para as Caraíbas, África do Sul e por fim, quando Juliet tem 13 anos, para Christchurch na Nova Zelândia. É aqui que dois anos mais tarde é condenada a uma pena de prisão, por se envolver com uma amiga no assassinato da mãe desta. Cumprida a pena, fixa-se nos EUA onde se torna numa escritora de sucesso com a publicação de romances policiários históricos, sob o nome Anne Perry, a sua nova identidade. Desde 1979, altura da publicação do seu primeiro livro, The Carter Street Hangman, a escritora tem-se dedicado à escrita em exclusivo e conta, actualmente, com uma obra literária muito vasta, a maioria com a Londres pré-vitoriana e vitoriana, como pano de fundo.
A série Thomas Pitt — com 27 títulos, e o 28º agendado para 2013 — e a série William Monk — com 18 títulos — são sem dúvida as séries mais famosas de Anne Perry, mas a autora escreve também a série Christmas Stories (19 títulos), The World War I (5 títulos) — e tem ainda publicados mais de duas dezenas de romances policiários diversos. A autora tem sido nomeada para alguns dos mais prestigiados galardões da literatura policiária.
Anne Perry vive actualmente em Portahomack, na Escócia.
Em Portugal estão editados:
(Actualizado/rectificado em 4 de Fevereiro de 2014)

1 – O Mistério Do Beco Sem Saída (1999), Nº83 Colecção Vida e Aventura,  Livros do Brasil. Título Original: The Pentecost Alley (1996). É o 16º livro da série William Monk. 
2 – A Mansão De Ashworth (1999), Nº85 Colecção Vida e Aventura,  Livros do Brasil. Título Original: The Ashworth Hall (1997). É o 17º livro da série William Monk.
3 – O Rosto De Um Estranho (2001), Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: The Face Of A Stranger (1990). É o 1º livro da série William Monk.
4 - Um Luto Perigoso (2002), Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: Dangerous Mourning (1991). É o 2º livro da série William Monk.
5 – O Estrangulador de Cater Street (2002), Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: The Cater Street Hangman (1979). Reeditado em 2013 pela Edições Asa com o Nº2 da Colecção Crime à Hora do Chá. É o 1º livro da série Thomas Pitt.
6 – Defesa E Traição (2003), Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: Defend And Betray (1992). É o 3º livro da série William Monk.
7 – O Mistério De Callander Square (2003), Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: Callender Square (1980). É o 2º livro da série Thomas Pitt.
8 – O Crime De Paragon Walk (2004), Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: Paragon Walk (1981). É o 3º livro da série Thomas Pitt.
9 – Uma Morte Súbita E Terrível (2004), Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: A Sudden, Fearful Death (1993). É o 4º livro da série William Monk.
10 – Um Morto A Mais Em Resurrection Row (2005), Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: Resurrection Row (1981). É o 4º livro da série Thomas Pitt.
11 – Os Segredos De Rutland Place, (2006), Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: Rutland Place, (1983). É o 5º livro da série Thomas Pitt.
12 – Os Pecados Do Lobo (2006), Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: The Sins Of The Wolf (1994). É o 5º livro da série William Monk.
13 – Caim Seu Irmão (2007), Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: The Cain His Brother (1995). É o 6º livro da série William Monk.
14 – O Cadáver de Bluegate Fields, (2008), Colecção Nocturnos, Editora Gótica. Título Original: Bluegate Fields (1984). É o 6º livro da série Thomas Pitt.


Henrique Nicolau (1941 - 2012)
António Damião nasce em Pocariça, Alenquer. Realizador de filmes publicitários, documentários em cinema e televisão, realizador do programa televisivo Ensaio e da curta-metragem Talvez Amanhã (1969) assistente de realização de António de Macedo, José Fonseca e Costa, António da Cunha Telles e Pierre Kast entre outros; co-guionista dos filmes Off (1994), de Ruy Guerra, e de Água na Fervura (1995), de José Pedro Andrade dos Santos. Usa o pseudónimo literário Henrique Nicolau para e escrita de romances policiários. O seu primeiro livro O Trabalho É Sagrado (1985) ganha o prémio Editorial Caminho de Literatura Policial e em 1992 ganha o prémio e Repórter X atribuído pela Associação Policiária Portuguesa a Todos e Nenhum. Bibliografia do autor:
1 – O Trabalho É Sagrado (1985), Nº18 Colecção Caminho de Bolso Policial, Editorial Caminho. Sinopse (Clicar)
2 – A Escola Da Verdade (1986), Nº8 Colecção Horizonte Romance, Livros Horizonte.
3 – Na Boca Da Infância (1988), Colecção O Campo da Palavra, Editorial Caminho. Nota: Livro não policiário como António Damião.
4 – Alcança Quem Não Cansa (1987), Nº 60Colecção Caminho de Bolso Policial, Editorial Caminho.
5 – A Arca Do Crime (1988), Nº74 Colecção Caminho de Bolso Policial, Editorial Caminho.
6 – O Assombrado (1988), Nº86 Colecção Caminho de Bolso Policial, Editorial Caminho. Sinopse (Clicar)
7 – Uma Vida Em Beleza (1990), Nº112 Colecção Caminho de Bolso Policial, Editorial Caminho. Sinopse (Clicar)
8 – Todos E Nenhum (1991), Nº126 Colecção Caminho de Bolso Policial, Editorial Caminho. Sinopse (Clicar)
9 – Autópsia De Um Desatino (1992), Nº146 Colecção Caminho de Bolso Policial, Editorial Caminho. Sinopse (Clicar)
10 – O Meu Nome Já Se Foi (1992), Nº12 Colecção Bolso Negro, Puma Editora.
11 – A Alpista Do Canário (1993), Nº15 Colecção Bolso Negro, Puma Editora.




TEMA — DIÁRIO DE UM ADVOGADO — A CONFISSÃO DO RÉU
O juiz disse em tom seco e rápido:
— Aproxime-se, para ser interrogado.
Tribunal de Júri, manhã de sol, de muito sol. A vida boiava em tanta claridade que poucos minutos antes um jurado, por sinal engenheiro, dissera ao oficial de justiça: — Dia de sol, dia de liberdade!
Esse jurado, que fizera justiça à liberdade, porque encontrara a sugestão no próprio sol, estava sentado, minutos depois, no banco reservado aos jurados. Acompanhava com atenção gulosa o espectáculo, que estava no interrogatório. Havia uma solenidade gorda no réu. No que dizia, no que fazia, no que sugeria. Mais no que sugeria. O seu tom de voz, de hesitante e tímido, cresceu, alargou, cobriu tudo enquanto olhava firme para o juiz de toga, para os juízes leigos e para o seu advogado espantado.
— Matei, sim senhor. Matei bem. Porque ele merecia morrer. Merecei morrer, sim, tanto como eu agora… Dizendo estas coisas, talvez mereça uma condenação dos senhores. Mas… isto não tem importância. O principal, senhor juiz, é que o matei. Se não matasse, não sei como poderia viver. Não, não vou dizer que estou arrependido. Seria mentira, nunca agi tão certo na minha vida. Fugi. Cheguei a casa… abracei os meus filhos. Beijei a minha mulher. Um beijo diferente. Beijo de macho. Beijo de homem. E a mulher, alvoroçada, sentiu no meu beijo… o crime. Ficou com medo no início. Depois… feliz, muito feliz. Ela sabia que eu não poderia beijá-la assim, amá-la como amei, enquanto o outro continuava a fazer o que fazia, a dizer o que dizia. Difamá-la, chamá-la de puta, senhor juiz! Chamar de puta a minha mulher, a mãe dos meus filhos, a minha mulher, a minha companheira de todos os dias, aquela que comigo passou fome, que comigo passou o diabo, que comigo tomou conta da loja, e, tudo… seu Doutor, porque ela quando era nova não lhe ligara, não o aceitou como noivo, seu Doutor. Chamá-la de puta para me forçar a ir ao encontro dele! Para me forçar a mostrar a todos e a ela que eu não era homem. Tinha razão o bandido porque… Seu Douto ! Não Doutor! Por amor de Deus, agora o senhor tem que me ouvir, quero lavar a alma, quero, preciso dizer tudo que está cá dentro a ferver, a matar-me… Porque, tinha razão ele, eu… passei a fugir dele! A evitá-lo… A fugir dele nas esquinas. Por isso, apesar de saber que a minha mulher não é, nunca foi o que aquele sem-vergonha dizia, eu… nunca mais pude fazer justiça na cama a ela, a mim, aos meus filhos, à Vida! Mas… quando, com a graça de Deus, enchi o coração, forrei a alma para o crime que eu tinha de praticar, para a Justiça que eu tinha de fazer, e que fiz, aí então ela, Maria, a minha mulher, sentiu na cama que o crime tinha vindo. Bem, senhor Juiz, era o que eu tinha que dizer. É verdade, peço desculpas ao meu advogado. Ele queria, recomendou que eu respondesse certinho como máquina. Não, não posso ser máquina. Devo ao crime não ser mais máquina.
Senti, do cantinho onde acompanhava tudo isso, com os olhos arregalados como todo mundo, que o jurado que saudara o sol e que o associara à Liberdade, sorriu um ponto final para dentro dele mesmo. Aquele réu podia ter infringido todos os tabus do Judiciário. Mas era o mais livre de todos nós.

2 comentários:

  1. Cara Detective Jeremias, me permita uma pequena correção. O livro "O Mistério do Beco Sem Saída" na verdade foi o primeiro livro de Anne Perry publicado em Portugal, em 1999, na colecção "Vida e Aventura" da Editora Livros do Brasil e foi a tradução da 16ª aventura de Thomas Pitt, "The Pentecost Alley" (1996). O nome correto para a primeira aventura de William Monk publicada em Portugal é igual ao seu título em inglês: "O Rosto de um Estranho". Saudações e continue, por favor, este ótimo blog.

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    1. Agradeço a sua chamada de atenção. Creio que agora está tudo devidamente corrigido.
      Det. Jeremias

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