Efemérides 18 de Outubro
Evelyn Berckman (1900 - 1978)
Evelyn Domenic Berckman nasce em Philadelphia, Pennsylvania, EUA. Compositora e pianista fixa residência em Londres, surgindo muitas vezes identificada como escritora britânica. Publica o primeiro policiário, Beckoning Dream ou Worse Than Murder em 1940 ao qual se seguem mais 24 romances de mistério / detective, sobrenatural, gótico, sobrenatural e suspense psicológico.
TEMA — OPINIÃO — DEMOCRACIA E LIBERDADE
Por M. Constantino
Como Chesterton, nas admiráveis páginas da Ortodoxia, façamos um breve balanço de consciência: tem a democracia política dado resultado?
Sem dúvida que a resposta é, inequivocamente, afirmativa. Não há qualquer necessidade de fundamentar a conclusão, tão enormemente se sente melhoria do bem comum.
Mas será o necessário e suficiente? Nunca o é: o homem sobe na vida como a uma montanha; à medida que se aproxima do cume vai alargando os horizontes da insatisfação.
Não nos rege a paixão da perfeição. Algo mais do que a melhoria do bem comum está em causa.
A doutrina democrática assenta fundamentalmente na ideia da liberdade que, em qualquer das suas formas e realizações históricas, exige elevado grau de educação e respeito pelo homem e pelos seus direitos civis, políticos, económicos, sociais e culturais.
A democracia é o povo, é o homem.
Já se quedou, é verdade, o arcaico colectivismo que, em nome de liberdade, ignorava o homem, mas este, a todos os níveis, despreza no dia a dia a educação e respeito que deve a si mesmo e aos outros, inclusivamente às instituições de que faz parte.
A alta altitude, os políticos negam-nos o modelo de civismo e educação, o respeito que lhes devia merecer a sua superior condição e dá quem em si confiou no acto do voto.
É disso sintoma a frequência com que se mimoseiam (parece que com certo orgulho), reciprocamente, perante os nossos olhos e ouvidos com adjectivos pouco próprios.
Não se ofendem, mas ofendem nos É claro que têm o “álibi” infalível. Como escreveu Françoise Girondi: “Os políticos perdoam tudo. Traem-se uns aos outros. Reconciliam-se, voltam a trair-se, mas as coisas acabam sempre por compor-se”
A nós, os humildes, choca-nos que o exemplo frutifique na boca dos nossos filhos, dos nossos netos.
Sabemos bem a que ponto “representam”. A demagogia prospera pela mesma razão que “o homem da banha da cobra” vende — porque tem jeito para tagarelar, um encanto, magnetismo a eficiência na exploração da sugestibilidade humana.
Há um tempo para tudo: tempo para viver, tempo para construir é tempo de mudar de linguagem — deixarem de ser actores para serem autores responsáveis.
Sob os difames da comunicação social rádio, T.V., uma generalidade de jornais e revistas — que nos entram em casa a todas as horas, manifesta se autêntica arbitrariedade. Nada parece sagrado: na linguagem, na insinuação, na omissão, na violação da intimidade e domicílio, no destaque fora do contexto — confunde-nos, baralha-nos e humilha-nos… não esclarece, não nos educa, não nos respeita.
Excesso de liberdade, abuso, ou liberdade levada ao excesso? É partindo da liberdade sem limites, que se chega ao despotismo sem limites.
Reflexos destes ambientes ou exemplos atingem o quotidiano. Cada dia se verificam maiores atropelos na palavra, no gesto, na acção. Perdeu-se o dom da humildade e da coerência, exige-se. Deprecia-se a autoridade, avilta-se a família, liberta-se à indisciplina na escola e na rua, esqueceu-se a decência na conduta… excede-se na ânsia da libertação das convenções a fronteira da tolerância da liberdade.
Não se pode obter liberdade esbanjando-a.
Nenhuma democracia pode respeitar as regras da liberdade, sem acusar aspectos de fraqueza nos momentos de crise, assistir à corrupção e um tanto de anarquia — obviamente porque governo que tente pôr-lhe cobro, mesmo nos limites da lei, corre o risco de ser olhado como atingindo o estado policial.
Lembremos que a liberdade é mais vezes destruída pelos excessos do que pelos seus inimigos; é que “há duas liberdades: a falsa; na qual o homem pode fazer o que quiser e a verdadeira, na qual o homem pode fazer o que deve”.
TEMA — FICÇAO CIENTÍFICA — BIBLIOTECA ESSENCIAL DE FICÇÃO CIENTÍFICA E FANTASIA (51-55)
Volume 51 — A Canticle for Leibowitz (1959) de Walter M. Miller Jr.
Walter Michel Miller Jr. (1923-1996) engenheiro norte-americano, não um escritor prolífero, não obstante todos os seus escritos merecerem atenção especial.
Recebeu o Prémio Hugo 1955 para novela curta com The Darfateller e o mesmo prémio em 1960 para novela ou romance com A Canticle for Leibowitz o qual resulta da ampliação de três contos: Fiat Homo, Fiat Lux e Fiat Voluntas Tua.
A Canticle for Leibowitz descreve uma sociedade pós-atómica na qual o autor critica severamente os excessos a que pode levar um dogmatismo mal entendido, e faz um exame da ciência e da religião ao longo de vários séculos, antes do holocausto nuclear. A civilização ficou reduzida a pequenas comunidades (no resto do planeta reina a barbárie) onde os livros e os conhecimentos desaparecem só alguns monges da ordem de San Leibowitz — um sábio que viveu antes da catástrofe — conservam escassos manuscritos da antiga ciência que eles copiam, continuamente, certos de que são livros religiosos.
Um Cântico a Leibowitz
Autor: Walter M. Miller Jr.
Tradução: Eurico da Fonseca
Ano da Edição: 1971
Editora: Livros do Brasil
Colecção: Argonauta Nº269 a 271
Nota: O livro é reeditado em 2000 pelas Publicações Europa-América, na Colecção Nebula.
Volume 52 — Venus Plus X (1960) de Theodore Sturgeon
(é o 3º livro do escritor incluído na Biblioteca, para ver informações sobre o autor e sobre o 1º volume clicar CALEIDOSCÓPIO 161 e sobre o e sobre o 2º volume clicar CALEIDOSCÓPIO 249)
Um jovem da nossa época atraído a outro mundo em que tudo parece perfeito. Descobre que todos os habitantes são machos e as relações amorosas homossexuais e a reprodução da espécie resulta da aplicação a um dos intervenientes de um útero injectado.
A sociedade unissexual, o papel dos sexos na conduta humana, abordado de forma inteligente atractiva pelo autor, são problemas sociais de muita importância e que não deixaram de ser explorados por autores posteriores De resto, a Ficção Científica é uma espécie de laboratório literário no qual se podem observar o mundo real e o imaginário, no mesmo plano, e extrair ilações válidas mas não aceitáveis por um tratado considerado sério.
Venus Plus X contribuiu com uma nota positiva no estudo do feminismo.
Ficha Técnica
O Homem Que Vinha do Passado
Autor: Theodore Sturgeon
Tradução: Mário Henrique Leiria
Ano da Edição: 1962
Editora: Livros do Brasil
Colecção: Argonauta Nº67
Páginas: 152
Volume 53 — The Starship Troopers (1960) de Robert A. Heinlein
(é o 2º livro do escritor incluído na Biblioteca, para ver o 1º volume e informações sobre o autor clicar AQUI)
Não é uma obra cuja análise crítica obtenha consensos. Valorizada por uns, há por outro lado, quem considere verdadeira arbitrariedade do mundo literário a atribuição do galardão máximo da Ficção Científica, o Hugo, na 18ª Convenção Mundial da Ficção Científica. Entretanto, um inquérito da Analog (1966) classifica-a como uma das dez melhores obras do género.
Sem dúvida que é uma obra dura, repleta de acção, militarista como por vezes se acusa, mas púnhamos de parte o nosso romantismo inato e tomemos por base da moral humana o facto, evidenciado por autor, de sermos fundamentalmente “animais selvagens” impelidos pela necessidade de sobreviver.
…os direitos de cidadania ganham-se mediante o serviço militar. O soldado ideal o homem livre, mas sendo realista no pode deter-se a contemplar.
Ficha Técnica
Soldado no Espaço
Autor: Robert A. Heinlein
Tradução: Eurico da Fonseca
Ano da Edição: 1968
Editora: Livros do Brasil
Colecção: Argonauta Nº129
Páginas: 314
Volume 54 — Stranger in a Strange Land (1961) de Robert A. Heinlein
(é o 3º volume do autor)
Um jovem terrestre, Valentim Smith, criado em Marte, regressa um dia ao nosso planeta onde se vê enfrentado com diversos aspectos do comportamento humano da nossa civilização. Daí que senhor de poderes de percepção extra-sensorial, telepáticos e psíquicos funda uma seita que ensina a utilizar esses mesmos poderes, influenciando qualitativamente a marcha da história.
Eis uma novela habilidosamente construída que consegue reter a atenção até ao final.
Um Estranho numa Terra Estranha
Autor: Robert A. Heinlein
Tradução: Eurico da Fonseca
Ano da Edição: 1975
Editora: Livros do Brasil
Colecção: Argonauta Nº217-219
Volume 55 — Solaris (1961) de Stanislaw Lem
O autor foi referido nas Efemérides do CALEIDOSCÓPIO 256 (Clicar)
Stanislaw Lem (1921-2006) de nacionalidade polaca, é um homem de grande erudição literária, filosófica e científica, em especial na moderna ciência cibernética. Conheceu o êxito na década de cinquenta com uma série de novelas. Relevam: The Star Diaries, Memoirs of a Space Traveller, The Cyberiad e Mortal Engines.
Solaris é uma das melhores e mais conhecidas obras sobre o tema “primeiro contacto” ou seja, o contacto de um ser humano com uma inteligência estranha ou não humana. Nesta história, não se trata de seres, mas de um planeta-oceano inteiro. Solaris é um planeta único em que sucedem coisas pouco comuns, onde um grupo de cientistas mantém uma estação de observação construída sobre a superfície do oceano que cobre a maior parte das dimensões de Solaris. Este oceano revela-se como uma forma de vida inteligente.
Ficha Técnica
Ficha Técnica
Solaris
Autor: Stanislaw Lem
Tradução: Eurico da Fonseca
Tradução: Eurico da Fonseca
Ano da Edição: 1983
Editora: Europa-América
Colecção: Livros de Bolso Série Ficção Científica Nº58
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