8 de outubro de 2012

CALEIDOSCÓPIO 282

Efemérides 8 de Outubro
Shane Stevens (1941)
Shane Steves nasce em Nova Iorque, EUA. Escritor de romances policiários, publica o seu primeiro livro, Go Down Dead, em 1966; seguem-se mais 6 romances até 1985. O autor escreve ainda dois livros — Jersey Tomatoes (1986) e Hot Tickets (1987) — com o pseudónimo J.W. Rider e cuja acção decorre em New Jersey; são protagonizados por Ryder Malone, um detective privado especialista na investigação de assassínios.



TEMA — ESTUDOS DE ENIGMÍSTICA POLICIÁRIA — VENENOS E DROGAS SOLUÇÃO DO ENIGMA PRÁTICO — O CASO DA MORTE DO MAGNATA
A solução, bem fundamentada, pertence a um dos actuais melhores solucionistas: Detective Invisível.

Quem matou Henry Lane?
Artur Lane - sobrinho da vítima.
Artur Lane mente ao dizer que deu ao tio uma injecção contra a febre. O Inspector ao verificar o que continha o caixote que estava na casa de banho, encontrou várias coisas, entre elas um bocado de algodão que havia sido embebido em álcool e que continha ainda vestígio de sangue. Prova-se, assim, que realmente foi dada uma injecção contra a febre, pois não existia nem a ampola vazia nem a respectiva caixa. O que realmente foi encontrado foi uma cápsula vazia de noradrenalina de 1,5mg.
Outra prova de que realmente foi dada uma injecção é o facto da seringa encontrada na mesa-de-cabeceira ter sido utilizada.
Prova-se ainda que Artur Lane foi o criminoso devido a ter sido ele a única pessoa a ministrar os medicamentos ao tio naquele dia e, como veremos adiante, a morte de Sir Henry Lane ficou a dever-se a esse facto.

2 - Explique pormenorizadamente o que aconteceu
Artur Lane sendo médico era a única pessoa da casa que sabia que um doente que tivesse necessidade de tomar regularmente digitóxina, não se lhe podia aplicar Noradrenalina, já que este produto produz um efeito antagónico às necessidades do doente.
Artur Lane deu uma dose exagerada de digitóxina ao tio. O frasco tinha sido comprado na véspera e quando o inspector o viu sobre a mesa-de-cabeceira estava quase vazio… Os frascos existentes no mercado têm 10 cc.. Portanto, Henry Lane tomou de um dia para o outro quase 10 cc., quando sabemos que a dose de manutenção deve ser de 1 mg. Como no dia anterior o remédio ainda foi ministrado pelo seu médico assistente, ficámos a saber que quase todo o conteúdo do frasco foi-lhe dado pelo sobrinho de uma só vez.
Já agora, vamos descrever um dos dois produtos existentes no mercado e cuja substância activa é a digitóxina. Têm eles os nomes comerciais de Digitalina Mialhe e Digitalina Nativelle. Propriamente com o nome de Digitóxina, existiu um produto da Sandoz (existente em 1975, mas já não em 78).
DIGITALINA NATIVELLE Composição: Princípio activo, puro, cristalizado e invariável da “Digitalis purpúrea”
Indicações: insuficiências cardíacas, especialmente quando o pulso se apresenta rápido e irregular. Insuficiência ventricular direita ou esquerda crónica ou paroxística. Lesões valvulares descompensadas (sobretudo as mitrais). Miocardites com taquiarritmia. Astenia cardíaca (doenças infecciosas ou operações).

Perturbações do ritmo. Arritmia completa por fibrilação auricular, especialmente a dos corações insuficientes e muito rápidos (batendo a mais de 100), nos mitrais, nos velhos, etc. “FLutter” auricular (digitalização intensiva). Pulso alternante. Extra-sistoles traduzindo uma insuficiência cardíaca (sobretudo no início).
Tratamento de manutenção: uma dose semanal variando de 0,2 a 1 mg, ou mais, repartida por 2, 3 ou vários dias consecutivos, ou administrada de uma só vez. Esta dose será fixada por reajustamentos sucessivos durante as primeiras semanas e poderá ser continuada durante meses ou anos, permanecendo o doente sob vigilância mais ou menos espaçada, mas regular.
Apresentação: Frasco com 40 comprimidos a 0,1 mg (1 comprimido=5 gotas). Frasco com 10 cc de solução a 1/1000 (50 gotas=1mg). Caixa com 6 ampolas a 0,2 mg, para injecções de I.V. e M.V..

Mas continuando:
Sendo uma dose tão grande dada de uma só vez (o que eventualmente também poderia causar a morte), Sir Henry Lane ficou intoxicado. Depois, o sobrinho injectou-lhe em vez da ampola para a gripe a Noridrexalina 1,5mg.
Ao ser injectado com noradrexalina, Henry Lane foi condenado à morte, pois em caso de intoxicação com digitóxina, evitar-se-á rigorosamente qualquer administração de adrenalina, noradrenalina ou sais de cálcio, substâncias sensibilizadoras do coração à Digitalina (Digitóxina).
Mesmo que Sir Henry Lane não ficasse intoxicado com a dose “cavalar” da digitóxina, ou morresse devido a quebra brusca do coração, ele não poderia sobreviver. Isto, porque, como já dissemos, a noradrenalina actua completamente ao contrário da digitóxina e, portanto, Sir Henry Lane receberia uma “chicotada” no coração que lhe seria mortal.
Resumindo: enquanto a digitóxina acalma (normaliza o ritmo) a noradrenalina acelera.
A Noradrenalina é um simpaticomimético e como tal origina:
Organismo – Acção:
Coração - Acelaração; Vasos - Constrição e Hipertensão; Brônquios - Dilatação; Vista - Dilatação da pupila “midríase”.


E vamos continuar a referenciar venenos, incluindo droga
O ópio e os seus mais importantes derivados a papaverina e a morfina, produzem a dilatação das pupilas da vítima, assim como suores intensos, a nicotina, que provoca a secreção glandular e contracção dos intestinos, a conina, que faz parar os centros nervosos motores, causando a morte por paralisia do aparelho respiratório, a cocaína que paralisa os centros periféricos e centrais e dilata as pupilas.
A dose mortal é variável em cada caso, dependendo do poder de absorção dos indivíduos, conhecendo-se casos de dosagens bastante significativas sem resultados fatais imediatos. Sê-lo-ão, de qualquer modo, a breve ou longo prazo.
Venenos como a estricnina, são difíceis de detectar no cadáver, havendo que recorrer a análise toxicológica com rapidez, por permanecer no corpo muito pouco tempo. A dose fatal é de um decigrama, podendo observar-se, no espaço de uma ou duas horas que antecede a morte, dificuldade para respirar, espasmos musculares que rapidamente se convertem em convulsões tetânicas.
Na atropina (um extracto muito perigoso da beladona) é mortífero de um centigrama a um decigrama. Dilatação das pupilas, secura da boca e garganta, articulação confusa, dificuldade para deglutir, náuseas, delírio, convulsões, coma. A escopolamina (hioscina) actua semelhantemente, mas marcada por depressão do sistema nervoso central e sonolência.
Convém salientar que, como nos venenos puros, nas drogas habitualmente usadas, como tais, os seus efeitos estão dependentes da sua força, qualidade e quantidade tomada, maneira e frequência do uso.
Na maconha, filmada em cigarros e cachimbos ou engolida com a comida, a euforia provocada é seguida de comportamento impulsivo, angústia, reacções psicóticas. O haxixe, de sintomatologia semelhante, fumado ou comido, é, porém, seis vezes mais forte, existindo tendência para alucinações.
Alucinações, hilaridade fora do comum, intensa angústia, desmotivação, reacções psicóticas prolongadas são os efeitos do LSD, mescalina ou psilocybin, engolidas (cápsulas, líquido de cubos de açúcar) ou injectadas.
Referenciam-se ainda as anfetaminas e metanfetaminas, quer a absorção se dê por infecção, via oral (tabletes) ou aspiradas em cristais: à vivacidade e agressividade anormais, seguem-se as actividades paranóicas e depressão aguda.
Seguem-se os barbitúricos, cujo perigo é mortal em combinação com o álcool e os tranquilizantes, que criam dependência física e convulsões.
Não será de mais salientar que, para além da dependência fisiológica, ou de que os viciados precisam de doses cada vez maiores para alcançar o estado de euforia procurado, isto exige um preço extremamente alto — A VIDA. Como se disse anteriormente e se repete, os resultados fatais não são imediatos, sê-lo-ão, não obstante, a breve ou longo prazo.

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