EFEMÉRIDES – Dia 23 de Março
Philippe Bouin (1949)
Philippe Bouin nasce em Bruxelas, Bélgica. Trabalha na área de marketing e comunicação até se iniciar na escrita em 2000 com Les Croix de Paille, vencedor do Prix Océanes 2001. O livro é um sucesso editorial, passado na época de Luís XIV e onde o autor põe em cena o jovem Dieudonné Danglet, um dos seus personagens principais. O segundo livro, Implacables Vendanges (2000) tem como protagonista Soeur Blandine, uma religiosa nada comum; este livro recebe o prémio Prix Métier et Culture 2001. Philippe Bouin está publicado em vátios países e tem até agora duas dezenas de obras. Destaca-se: Mister Conscience (2006), considerado o primeiro thiller do escritor e vencedor do Prix Lgm Lire 2007 e Comptine En Plomb, que se insere na escrita do romance negro e recebe o Prix Polar Cognac 2008. Philippe Bouin é o criador e o organizador do Raisin Noir, um salão de literatura policial e de mistério, um encontro de autores em Bourgogne-França, local onde o escritor vive.
Steven Saylor (1956)
Nasce no Texas, EUA. Diplomado em história e literatura antiga, inicia com Roman Blood, em 1991, a série Roma Sub Rosa, um conjunto de 12 romances policiários históricos com o protagonista Gordianus, passado na Roma de Cícero, César e Cleópatra. As short stories sobre Gordianus aparecem no Ellery Queen’s Mystery Magazine e em antologias, mas estão reunidas em 2 livros: The House Of The Vestals (1997) e A Gladiator Dies Only Once (2005). O primeiro conto de Gordianus, A Will Is a Way ganha em 1993 o Robert L. Fish Award que Mystery Writers of America atribui anualmente à melhor primeira short story de mistério de um autor. Ainda nesta série o autor tem agendado para Maio deste ano o 13º volume, The Seven Wonders. Steven Saylor escreve 2 livros cuja acção decorre no Texas, A Twist At The End (2000), baseado no registo americano mais antigo de crimes em série que aterrorizaram Austin, Texas em 1885; o protagonista é o jovem William Porter, que seria mais tarde o famoso escritor O’Henry; o outro livro Have You Seen Dawn? (2003), um thiller contemporâneo. No entanto as obras mais célebres deste autor são as da série Roma: The Novel of Ancient Rome (2007) e Empire (2010), ambos bestsellers internacionais. O autor tem obras traduzidas em 21 línguas e em Portugal estão publicados 16 livros pela Quetzal Editores e pela Bertrand Editora.
Philippe Bouin (1949)
Philippe Bouin nasce em Bruxelas, Bélgica. Trabalha na área de marketing e comunicação até se iniciar na escrita em 2000 com Les Croix de Paille, vencedor do Prix Océanes 2001. O livro é um sucesso editorial, passado na época de Luís XIV e onde o autor põe em cena o jovem Dieudonné Danglet, um dos seus personagens principais. O segundo livro, Implacables Vendanges (2000) tem como protagonista Soeur Blandine, uma religiosa nada comum; este livro recebe o prémio Prix Métier et Culture 2001. Philippe Bouin está publicado em vátios países e tem até agora duas dezenas de obras. Destaca-se: Mister Conscience (2006), considerado o primeiro thiller do escritor e vencedor do Prix Lgm Lire 2007 e Comptine En Plomb, que se insere na escrita do romance negro e recebe o Prix Polar Cognac 2008. Philippe Bouin é o criador e o organizador do Raisin Noir, um salão de literatura policial e de mistério, um encontro de autores em Bourgogne-França, local onde o escritor vive.
Steven Saylor (1956)
Nasce no Texas, EUA. Diplomado em história e literatura antiga, inicia com Roman Blood, em 1991, a série Roma Sub Rosa, um conjunto de 12 romances policiários históricos com o protagonista Gordianus, passado na Roma de Cícero, César e Cleópatra. As short stories sobre Gordianus aparecem no Ellery Queen’s Mystery Magazine e em antologias, mas estão reunidas em 2 livros: The House Of The Vestals (1997) e A Gladiator Dies Only Once (2005). O primeiro conto de Gordianus, A Will Is a Way ganha em 1993 o Robert L. Fish Award que Mystery Writers of America atribui anualmente à melhor primeira short story de mistério de um autor. Ainda nesta série o autor tem agendado para Maio deste ano o 13º volume, The Seven Wonders. Steven Saylor escreve 2 livros cuja acção decorre no Texas, A Twist At The End (2000), baseado no registo americano mais antigo de crimes em série que aterrorizaram Austin, Texas em 1885; o protagonista é o jovem William Porter, que seria mais tarde o famoso escritor O’Henry; o outro livro Have You Seen Dawn? (2003), um thiller contemporâneo. No entanto as obras mais célebres deste autor são as da série Roma: The Novel of Ancient Rome (2007) e Empire (2010), ambos bestsellers internacionais. O autor tem obras traduzidas em 21 línguas e em Portugal estão publicados 16 livros pela Quetzal Editores e pela Bertrand Editora.
Em 23 de Março de 1999 o célebre escritor Thomas Harris entrega finalmente (com anos de atraso) um manuscrito de 600 páginas aos seus editores, Delacorte Press. Este novo romance Hannibal, a segunda parte de um contrato, com mais de 10 anos, celebrado com a editora e pago antecipadamente é lançado três meses depois,
Hannibal é o terceiro romance do serial killer Hannibal Lecter, que apareceu pela primeira vez em 1981 em Dragão Vermelho. O segundo livro O Silêncio dos Inocentes (1988), vendeu cerca de 10 milhões de cópias e foi adaptado ao cinema por Ridley Scott.
Hannibal é o terceiro romance do serial killer Hannibal Lecter, que apareceu pela primeira vez em 1981 em Dragão Vermelho. O segundo livro O Silêncio dos Inocentes (1988), vendeu cerca de 10 milhões de cópias e foi adaptado ao cinema por Ridley Scott.
TEMA — CASOS E ACASOS DO CRIME — A CAVEIRA REVELADORA
— Se alguém lhe mostrar uma caveira com um buraquinho no crânio lembre-se que é dessa forma que seu crânio ficará, se falar.
Esta ameaça silenciou todas as testemunhas possíveis e completou o último passo de um crime perfeito. Até a vítima tinha cooperado com o assassino. Durante trinta anos residira numa fazenda próspera no Rio Bow. Guardava o seu dinheiro em jarros de vidro, escondidos na fazenda, em vez de depositá-lo nos Bancos. Usava o nome de Tucker, mas o seu verdadeiro nome era Peach.
Nunca foi visto sem o chapéu puxado sobre os olhos e usava uma barba que lhe mascarava a parte inferior do rosto. Falava pouco e quando lhe dirigiam a palavra dava respostas lacónicas. Não tinha amigos: Um dia de Março de 1910 anunciou na agência do correio de Glays que tinha entregado a sua fazenda a um rapaz chamado Tom Robertson e ia voltar à sua pátria, a Inglaterra. Depois ninguém mais o vira.
O assassino fora um homem chamado Jack Fisk, conhecido ladrão de cavalos. Se algum fazendeiro protestava, Fisk ameaçava matá-lo, mas sabia que não podia manter o seu império de terror se não matasse alguém para exemplo da comunidade do Rio Bow.
Tucker era candidato natural. Tucker desejava apenas que Robertson tomasse conta da fazenda enquanto ele ia a Inglaterra; contudo, escreveu o que Robertson ditou e isto foi um documento de venda.
Fisk então matou Tucker com um tiro na cabeça e levou os mil e quinhentos dólares que sua vítima guardava em jarros de vidro. O cadáver foi atirado ao Rio Bow e Fisk não se importou que o vissem. Depois de cumprida uma das suas ameaças, sabia que todos guardariam silêncio.
Dois meses mais tarde um cadáver decapitado foi encontrado no rio. A decomposição estava tão adiantada que o Chefe da Polícia Montada de Calgary foi incapaz de fazer outra identificação, excepto que se tratava de um homem de cerca de 60 anos de idade e de estatura mediana. Em Novembro, quando o rio congelou, um homem, ao atravessá-lo, viu uma caveira brilhando como uma pedra branca. Havia um orifício de bala na testa, no centro de uma depressão causada pelo afundamento do frontal, com rachas que irradiavam.
A longa submersão fizera as rachas parecerem ter sido feitas pela bala, porém um cientista, Dr. Revell, verificou que a depressão e as rachas eram resultado de uma antiga fractura de crânio. Um detalhe interessante: embora a carne tivesse desaparecido inteiramente, encontravam-se nos ouvidos dois tufos de algodão.
— O homem era provavelmente surdo — declarou o Dr. Revell. A causa da surdez foi o ferimento na cabeça, resultante de um coice de cavalo.
Deane, o chefe da Polícia, percebeu que, por medo, ninguém queria falar. Soube, que o único homem desaparecido era Tucker. O seu hábito de usar o chapéu puxado sobre a testa interessou, o investigador. Um homem com um defeito no rosto procura ocultá-lo.
O detective foi à antiga fazenda da vítima e falou com Robertson. Este apresentou o documento de compra da propriedade.
— Era surdo?
— Sim, era.
— Recebeu há tempos um coice?
— Sim, de um cavalo — explicou o homem.
Deane pensou em prendê-lo mas desistiu, pois Robertson não era capaz de aterrorizar uma comunidade inteira.
Os agentes policiais mantiveram-se em constante vigilância. Com o tempo verificaram que apenas um homem não participava do terror dos demais. Esse homem era Jack Fisk. Investigações revelaram que Fisk trazia Robertson sob o seu inteiro domínio e tinha um estábulo na cidade próxima. Os animais eram obtidos sem fontes misteriosas.
O investigador mandou prender os dois suspeitos. Robertson fraquejou e confessou, porém Fisk não. Durante o inquérito policial, quarenta e três testemunhas, vendo o olhar cheio de ódio do acusado, recusaram depor contra ele. Entretanto a sua habilidade para aterrorizar testemunhas foi um tiro pela culatra — o júri considerou-o culpado. Foi enforcado no dia 27 de Abril de 1911. O crime perfeito arruinado pela caveira de um surdo encontrada no gelo. Robertson foi condenado a prisão perpétua. Com a morte de Fisk, o terror dissipou-se na comunidade, e toda a história se tornou conhecida.
— Se alguém lhe mostrar uma caveira com um buraquinho no crânio lembre-se que é dessa forma que seu crânio ficará, se falar.
Esta ameaça silenciou todas as testemunhas possíveis e completou o último passo de um crime perfeito. Até a vítima tinha cooperado com o assassino. Durante trinta anos residira numa fazenda próspera no Rio Bow. Guardava o seu dinheiro em jarros de vidro, escondidos na fazenda, em vez de depositá-lo nos Bancos. Usava o nome de Tucker, mas o seu verdadeiro nome era Peach.
Nunca foi visto sem o chapéu puxado sobre os olhos e usava uma barba que lhe mascarava a parte inferior do rosto. Falava pouco e quando lhe dirigiam a palavra dava respostas lacónicas. Não tinha amigos: Um dia de Março de 1910 anunciou na agência do correio de Glays que tinha entregado a sua fazenda a um rapaz chamado Tom Robertson e ia voltar à sua pátria, a Inglaterra. Depois ninguém mais o vira.
O assassino fora um homem chamado Jack Fisk, conhecido ladrão de cavalos. Se algum fazendeiro protestava, Fisk ameaçava matá-lo, mas sabia que não podia manter o seu império de terror se não matasse alguém para exemplo da comunidade do Rio Bow.
Tucker era candidato natural. Tucker desejava apenas que Robertson tomasse conta da fazenda enquanto ele ia a Inglaterra; contudo, escreveu o que Robertson ditou e isto foi um documento de venda.
Fisk então matou Tucker com um tiro na cabeça e levou os mil e quinhentos dólares que sua vítima guardava em jarros de vidro. O cadáver foi atirado ao Rio Bow e Fisk não se importou que o vissem. Depois de cumprida uma das suas ameaças, sabia que todos guardariam silêncio.
Dois meses mais tarde um cadáver decapitado foi encontrado no rio. A decomposição estava tão adiantada que o Chefe da Polícia Montada de Calgary foi incapaz de fazer outra identificação, excepto que se tratava de um homem de cerca de 60 anos de idade e de estatura mediana. Em Novembro, quando o rio congelou, um homem, ao atravessá-lo, viu uma caveira brilhando como uma pedra branca. Havia um orifício de bala na testa, no centro de uma depressão causada pelo afundamento do frontal, com rachas que irradiavam.
A longa submersão fizera as rachas parecerem ter sido feitas pela bala, porém um cientista, Dr. Revell, verificou que a depressão e as rachas eram resultado de uma antiga fractura de crânio. Um detalhe interessante: embora a carne tivesse desaparecido inteiramente, encontravam-se nos ouvidos dois tufos de algodão.
— O homem era provavelmente surdo — declarou o Dr. Revell. A causa da surdez foi o ferimento na cabeça, resultante de um coice de cavalo.
Deane, o chefe da Polícia, percebeu que, por medo, ninguém queria falar. Soube, que o único homem desaparecido era Tucker. O seu hábito de usar o chapéu puxado sobre a testa interessou, o investigador. Um homem com um defeito no rosto procura ocultá-lo.
O detective foi à antiga fazenda da vítima e falou com Robertson. Este apresentou o documento de compra da propriedade.
— Era surdo?
— Sim, era.
— Recebeu há tempos um coice?
— Sim, de um cavalo — explicou o homem.
Deane pensou em prendê-lo mas desistiu, pois Robertson não era capaz de aterrorizar uma comunidade inteira.
Os agentes policiais mantiveram-se em constante vigilância. Com o tempo verificaram que apenas um homem não participava do terror dos demais. Esse homem era Jack Fisk. Investigações revelaram que Fisk trazia Robertson sob o seu inteiro domínio e tinha um estábulo na cidade próxima. Os animais eram obtidos sem fontes misteriosas.
O investigador mandou prender os dois suspeitos. Robertson fraquejou e confessou, porém Fisk não. Durante o inquérito policial, quarenta e três testemunhas, vendo o olhar cheio de ódio do acusado, recusaram depor contra ele. Entretanto a sua habilidade para aterrorizar testemunhas foi um tiro pela culatra — o júri considerou-o culpado. Foi enforcado no dia 27 de Abril de 1911. O crime perfeito arruinado pela caveira de um surdo encontrada no gelo. Robertson foi condenado a prisão perpétua. Com a morte de Fisk, o terror dissipou-se na comunidade, e toda a história se tornou conhecida.
TEMA — CONTO DO VIGÁRIO — VIGARISTA DESDENTADO
Carl Erbe o famoso chefe de relações públicas, ocupou um escritório do Brill Bulding, na Broadway, quando dirigia o Singapore Club, que funcionava em baixo. Uma tarde um sujeito entrou no escritório de Carl, abriu a boca para dizer algo, porém não se ouviu nenhum som.
— Que foi que houve, companheiro? — perguntou o prestativo Erbe, reparando nas roupas maltrapilhas do estranho, bem como na sua palidez e no olhar de fome.
— Deseja um pouco de comida, ou coisa que o valha? ~
O homem finalmente falou, com os olhos húmidos:
— Eu não o conheço, e o senhor não me conhece — murmurou — estou desesperado e dizem que o senhor é homem direito. Se eu não conseguir um empréstimo de 250 dolares a minha mulher, e meus cinco filhos serão postos na rua e morreremos de fome.
Erbe comoveu-se.
— Gostaria de ajudá-lo — respondeu com bondade — mas olhe, duzentos e cinquenta bagarotes um bocado de dinheiro. Quer saber de uma coisa? Dou-lhe cinquenta e com isso talvez ajude um bocadinho. Nesta altura o sujeito rebentou em lágrimas.
— O senhor, é uma pessoa excelente, maravilhosa — soluçou — mas não posso receber os cinquenta dólares sem lhe dar uma garantia qualquer. Espere um momentinho. Com estas virou as costas a Carl, tacteou nos bolsos e depois entregou ao seu benfeitor um pequeno pacote embrulhado em papel, dizendo em voz quase inaudível:
— Fique com isso como garantia até eu devolver o que me emprestou. E logo saiu porta afora, tão silenciosamente quanto entrara.
Carl quase caiu ao abrir o embrulho e ver o conteúdo: uma dentadura completa, superior e inferior. Sentindo a necessidade de um trago, tomou o elevador e entrou bamboleante no Turf Restaurant, do andar térreo, juntando-se a um grupo de editores musicais do mesmo edifício, a quem contou a história.
— Ora, és idiota — riram — se investigares um pouco por aí vais ver que foi o décimo pato a quem esse sujeito abordou. Trabalha com mais pontes do que as autoridades do porto de Nova Iorque, e a polícia daria um dente para lhe deitar as unhas!
Erbe sacudiu a cabeça e jogou a garantia dentro de um cinzeiro.
— Bem, mas é preciso admitir que tal sujeito descobriu uma vigarice original — sorriu ele sem vontade.
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