16 de maio de 2012

CALEIDOSCÓPIO 137

EFEMÉRIDES – Dia 16 de Maio
Thomas Gifford (1937 – 2000)
Thomas Eugene Gifford nasce em Dubuque, Iowa, EUA. Autor de romances de mistério e thrillers, publica o primeiro livro em 1975, The Wind Child Factor. No entanto é com The Glendower Legacy (1978) que se torna conhecido internacionalmente; este livro é mais tarde adaptado ao cinema com o título Dirty Tricks. Na obra do escritor destaca-se ainda The Assassini, um thriller passado em torno do Vaticano, publicado em 1990. Thomas Gifford escreve no total 9 policiários: na série John Cooper, The Wind Child Factor (1975) e The First Sacrifice (1994); na série Ben Driskill, The Assassini, (1990) e Saint’s Rest (1996); e ainda os romances, The Cavanaugh Quest (1976), Man From Lisbon (1978), The Glendower Legacy (1978), Hollywood Gothic (1980) e Praetorian (1993). O escritor utiliza também os pseudónimos Thomas Maxwell e Dana Clarins. Como Thomas Maxwell publica Kiss Me Once (1986), The Saberdene Variations (1987), Kiss Me Twice (1988) e The Suspense Is Killing Me (1990). Como Dana Clarins publica Woman In The Window (1984), Guilty Parties (1985) e The Woman Who Knew Too Much (1986). Em Portugal estão editados:
1 – O Homem de Lisboa (1977), Nº138 Colecção Dois Mundos, Livros do Brasil. Título Original: Man From Lisbon (1978). Editado também pela Dom Quixote em 2007 com o título Quinhentos Escudos Falsos
2 – Assassini (2005), Bertrand Editores. Título Original: Assassini (1990),
3 – Crime Na Cidade de Saints Rest (2008), Colecção Grandes Romances, Bertrand Editores. Título Original: Saint’s Rest (1996)




TEMA — AS EXECUÇÕES
Depoimento de Sir Sidney Smith professor de Medicina Legal da Universidade de Edimburgo.
A primeira vez que vi enforcarem um homem e achei a experiência desagradável, especialmente porque eu contribuíra, em parte, para que tal acontecesse. Desde então presenciei outras execuções, mas nunca perdi a sensação de pavor ao ver um homem cheio de saúde entrar num quarto, sabendo que, dentro de poucos segundos, estaria morto.
A morte, dizia o médico da prisão, era instantânea, mas quando tomei o pulso ao executado e o senti bater ainda, fracamente, admirei-me da calma certeza com que o meu colega médico proferiu o seu veredicto. Sem dúvida que com o pescoço partido e a medula espinal também seccionada, a morte é quase tão instantânea quanto possível; mas, no momento em que uma pessoa morre, cada célula do seu corpo está viva e é a persistência de vida, post-mortem, nos tecidos, que nos permite formar uma opinião acerca de há quanto tempo o corpo está (aquilo a que nós chamamos) morto. Gostaria de saber quando é que a vida cessa por completo. Quando uma pessoa é enforcada, o coração (tal como no caso de Higgins) continua geralmente a bater, durante um período de tempo variável; e tem sido assunto de frequentes debates entre os biologistas, saber se, continuado o sangue a circular, poderá haver consciência momentânea depois do pescoço partido.
Na decapitação trata-se também de saber se a cabeça ao cair no cesto, ainda conserva um estado de consciência suficiente, para se admirar do que lhe aconteceu. Em França, tem havido uma grande controvérsia acerca da persistência momentânea de vida depois da decapitação. Depois da execução de Charlotte Corday, em 17 de Julho de 1793, condenada à guilhotina pelo assassínio do político Marat, um dos executores ergueu-lhe a cabeça decapitada, pelos cabelos, e perante a multidão esbofeteou-a. O rosto, que estava pálido, mal recebeu a bofetada corou visivelmente e a sua fisionomia aparentou os mais inequívocos sinais de indignação. Todos os espectadores ficaram impressionados pela mudança de cor e com altos gritos pediram vingança contra essa barbaridade cobarde e atroz.
Esta é a descrição feita pelo Dr. Lue, proeminente autoridade médica, em Paris, nesse tempo. Ele e, depois dele, muitos outros médicos cirurgiões, tanto em Franca como na Alemanha, sustentaram que, no cérebro e nos nervos da vítima decapitada, subsiste um certo grau de pensamento apresentando o caso de Charlotte Corday como prova dessa doutrina. Mas nunca saberemos o que uma cabeça realmente sente depois de separada do corpo — ou antes, se algum de nós o descobrir, nessa altura já será demasiado tarde para contá-lo.
Há uma história, possivelmente apócrifa, que conta que, quando Sir Everard Digby foi executado, por cumplicidade na Conspiração da Pólvora, os carrascos arrancaram-lhe o coração e exibiram-no ao povo, exclamando “Este coração é dum traidor” — ao que, ouviram a cabeça responder distintamente: “Mentes”.


TEMA — ANATOMIA DO CRIME — CRIME E CONFISSÃO
No ano de 1945, um nigeriano de nome Odiase, persuadiu-se de que lhe tinham feito um feitiço e que o mesmo agia contra a sua já embaraçada vida. Sabia quem eram os autores, seus parentes próximos. Tentou anular o feitiço recorrendo a vários feiticeiros famosos, até ficar sem uma única moeda. Continuava a sentir o peso das influências maléficas que o esmagavam, debilitando-o de corpo e de espírito. Para o seu torturado espírito, só uma solução se apresentava: tinha de matar o seu irmão, a sua cunhada e a sua sogra. Mas Odiase, não obstante estes pensamentos, não obstante os seus instintos primitivos, não era no fundo um criminoso, e respeitaria a lei. Como era analfabeto procurou um menino a quem, sob ameaça de morte, ditou uma confissão. Deu algumas moedas ao amedrontado rapaz e disse-lhe que não abrisse a boca senão depois do crime.
Armou-se de uma comprida faca e de fósforos. Ninguém o viu aproximar-se da cabana dos seus parentes. Era uma cabana nativa feita de bambus. Acendeu os fósforos ateou fogo à cabana que logo se transformou numa fogueira. Três pessoas escaparam-se pela porta, aos gritos, procurando a salvação, mas a morte esperava-os na ponta da faca do atormentado nigeriano. O fogo atraiu a polícia. Odiase foi ao seu encontro entregando o caderno escolar:
— Aqui está tudo escrito, uma confissão completa.

Pintura de Bassey Effiong Ndon - artista nigeriano


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