9 de fevereiro de 2012

CALEIDOSCÓPIO 40

EFEMÉRIDES – Dia 9 de Fevereiro
Le Livre de Poche (1953)
Data do lançamento em França de Le Livre de Poche, uma colecção literária fundada e impulsionada por Henri Filipacchi que reúne vários amigos editores em torno deste projecto. O formato de livro de bolso existia desde 1905 com romances populares a baixo preço, mas a aposta de Le Livre de Poche é na literatura de qualidade a um preço seis vezes menor do que o formato habitual. A colecção é um sucesso empresarial e depressa a edição de policiais e de thrillers se junta à dos clássicos. A autora mais vendida é Agatha Christie, com mais de 40 milhões de livros vendidos, seguida de Émile Zola com 22 milhões.

O Le Livre de Poche continua activo após quase 60 anos de actividade editorial.



Michel Vianey (1939 – 2008)
Nasce em Paris. Jornalista, escritor, argumentista e realizado é mais conhecido pelos filmes policiais que escreve para cinema e televisão, Salientam-se Un Assassin Qui Passe (1981), Un Dimanche de Flic (1983) e Spécial Police (1985).


TEMA — ESTATÍSTICA: LONGEVIDADE DAS DAMAS DO CRIME

As escritoras e os escritores são seres humanos. Nem sempre inteligentes, por vezes imaginativos, ociosos ou trabalhadores, estudiosos ou mandriões. Ricos ou pobres têm alegrias e tristezas, êxitos e fracassos, são cobardes ou valentes, sujeitos à abastança, à fome, ao amor e ao ódio, ambíguos, nascem, vivem ou vegetam e morrem. Idênticos atributos para as escritoras. Eis uma pequena estatística da longevidade das Damas do Crime.
Shirley Jackson (1916 – 1965) 48 anos
Holly Roth (1916 – 1964) 48 anos
Craig Rice 1908 - 1957) 49 anos
Frances Noyes Hart (1890 - 1943) 53 anos
Josephine Tey (1896 – 1952) 55 anos
Ethel Lina White (1876 – 1944) 57 anos
Margery Allingham (1904 – 1966) 62 anos
Mary Fitt (1897 - 1959) 62 anos
Joanna Cannan (1898 – 1961) 63 anos
Charlotte Armstrong (1905 – 1969)
Dorothy L. Sayers (1893 – 1957)
Elisabeth Sanxay Holding (1889 – 1955) 66 anos
Frances Lockridge (1896-1963) 67 anos
Phoebe Atwood Taylor (1909 - 1976) 67 anos
Doris Miles Disney (1907 – 1976) 69 anos
Helen Reilly (1891 - 1962) 71 anos
Georgette Heyer (1902 – 1974) 72 anos
Carolyn Wells (1862 – 1942) 73 anos
Anthony Gilbert (1899 – 1973) 74 anos
Evelyn Berckman (1900 - 1978) 78 anos
Rae Foley (1900 – 1978) 78 anos
Elizabeth Daly (1878 - 1967) 79 anos
Baronesa Orczy (1865 – 1947) 82 anos
Mary Roberts Rinehart (1876 - 1958) 82 anos
Patricia Wentworth November (1878 - 1961) 83 anos
Ngaio Marsh (1895 – 1982) 83 anos
Agatha Christie (1890 – 1976) 86 anos
Miriam Allen DeFord (1888 – 1975) 87 anos
Anna Katharine Green (1846 – 1935) 89 anos
Vida média de 69,3 anos.


TEMA — FICÇÃO CIENTÍFICA EM PORTUGAL

(actualizado em Dezembro 2014)
Como sucede com quase todas as classes de Literatura, e Portugal não é excepção, a Ficção Científica foi aflorada ao longo dos tempos por um ou outro autor sem que conscientemente pretendesse escrever obra da temática, como é o caso, das utopias, a que muitos estudiosos, mais ou menos fundamentados, negam enquadramento na ficção científica. Estão nesta consideração o Canto VIII de Os Lusíadas, de Luís de Camões, no qual se descreve a fabulosa Ilha dos Amores, e um ou dois episódios de A Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto. É o caso, igualmente, de alguns escritores sob pseudónimos anglo-saxónicos, cujos temas de cientista louco, Frankenstein, guerras futuras entre continentes, etc.,são postos em evidência, conquanto emoldurados na Literatura de emoção.
Conscientemente, Ficção Científica propriamente dita, quer no que respeita a autores nacionais, quer traduções estrangeiras, mais estas do que aquelas na proporção de 100 (cem) para um (1), só após a segunda Guerra Mundial se desenvolveram em Portugal. E, por outro lado, bastante difícil, tal a falta de dados existentes, indicar qual o texto que mereceria a honra de encetar o género Fernando Saldanha, um estudioso da matéria, ele próprio escritor da classe, situa o primeiro original em 1955 com a publicação das novelas de A. Maldonado Rodrigues (Domingues) Vieram do Infinito e Os Mágicos, seguidas de vários contos de Carlos Macedo, Maria Judite de Carvalho e Francisco Reich de Almeida, etc. Por sua vez, Hugo Rocha, autor de Outros Mundos, outras Humanidades, revela no prefácio de A Ameaça Cósmica, de Luís Mesquita ser A Mensagem no Espaço (Mensageiro do Espaço), deste último autor, o primeiro trabalho de ficção científica de autor nacional. Consideramos porém o romance Através do Espaço, de Frederico Cruz (1903-1972), escrito em 1937 mas só publicado em 1942 um sério candidato ao título da primazia. Seja como for, as obras publicaram-se, leram-se e são hoje extraordinariamente difíceis de encontrar no mercado. E isto embora, como explica o editor da Colecção Satélite que se quedou pelo primeiro número, mau grado o nosso natural cepticismo dada a relativamente pouca audiência que este número inexplicavelmente tem continuado a encontrar entre nós e ainda o facto, tristemente comprovado, de autoria portuguesa não ser ainda acarinhada pelo público em certos ramos de literatura.

M. Constantino

4 comentários:

  1. Texto interessante. Há quem considere o LISBOA NO ANNO 2000 como o primeiro texto de FC: http://correiodofantastico.wordpress.com/2009/10/09/science-fiction-in-portugal-the-drawing-up-of-a-territory/ - sem dúvida que há muito futurismo envolvido. Talvez a competir com ele esteja Amílcar de Mascarenhas: http://correiodofantastico.wordpress.com/2009/07/25/o-estranho-caso-da-prospectoria-amnesica/

    Cmps
    LFS

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  2. Só algumas correcções na parte da fc portuguesa: pelo número de páginas Vieram do Infinito é um romance (e de 1955, não 1965), e foi editado por Maldonado DOMINGUES (não Rodrigues) sob o pseudónimo de Eric Prince, e Os Mágicos é só uma tradução de Maldonado DOMINGUES de um romance de J. B. Priestley, não uma obra dele (ele traduziu outros quatro romances e um livro de contos), o outro livro de Luís de Mesquita é MENSAGEIRO DO ESPAÇO, não A Mensagem no Espaço, e o autor de Através do Espaço é FREDERICO Cruz, não Francisco Cruz. Espero que isto ajude e o M. Constantino possa corrigir o texto para não criar confusões com esses erros menores.

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    1. Muito obrigada pelas suas rectificações. Já corrigi a data da edição do livro Vieram do Infinito e o nome do autor de Através do Espaço, Frederico Cruz. O seu a seu dono.
      Os outros erros são referências de M. Constantino a outras obras e terei de falar com ele para esclarecer onde se deu a "confusão",
      Aproveito para lhe desejar o maior sucesso com o seu novo blogue, que me parece ser um projecto com um tema muito interressante.
      Bom 2015.
      Det. Jeremias

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