21 de janeiro de 2012

CALEIDOSCÓPIO 21

EFEMÉRIDES – Dia 21 de Janeiro Israel Zangwill (1864-1926) Nasce em Londres. No campo policiário é famoso por um único romance The Big Bow Mystery, publicado em 1891. É um romance histórico pelo tema, o primeiro crime impossível ou de quarto fechado. A narrativa é de estilo livre, vivo, com certa dose de humor e sobretudo engenhosa. Israel Zangwill abre caminho temático para mais de um milhar de escritores, alguns em repetição do tema, que testaram os seus métodos. Desde a primeira edição este livro nunca deixou de ser publicado, e em diversas línguas. The Big Bow Mystery é também adaptado ao cinema com diferentes títulos: The Perfect Crime (1928) um filme com som parcial, The Crime Doctor (1934) e The Verdict, uma versão film noir de 1946 dirigido por Don Siegel Em Portugal The Big Bow Mystery foi editado pela primeira vez em 1979 com o título Crime Impossível. Mais recentemente, em 1991, pela Livros do Brasil O Grande Mistério de Bow o nº 522 da Colecção Vampiro. UM TEMA — FICÇÃO – REALIDADE APARENTE A primeira narrativa em que o crime é cometido em quarto fechado é precisamente a primeira narrativa policiária (1841), com a devida ressalva, por não estar em causa um assassínio humano. Depois de Poe houve um desenvolvimento notável nos métodos usados nos enredos de quarto fechado: Le Fanu com Ghost Stories and Tales of Mystery (1851), Aldrich com Out of His Head (1861), Zangwill com o já referido The Big Bow Mystery, Leroux com Le Mystère de la Chambre Jaune (1907)… até ao rei de todos eles John Dickson Carr/Carter Dickson. Seria de pensar que os limites da engenhosidade metal e criativa estivessem esgotados, contudo verificamos que é infinita. Há sempre novos argumentos, novos truques e variações sobre o tema garantidamente inesgotável. A imaginação fecunda dos escritores não deixa de nos surpreender. O crime em quarto fechado — mais tarde estender-se-ia a praias desertas e áreas geladas sem pegadas — é sempre uma impossibilidade coberta por um subterfúgio, porquanto é inaceitável admitir a consumação de um crime no cenário de um quarto, ou qualquer outro recinto, inteiramente fechado e sem meios de comunicação com o exterior. Ainda que se saiba à partida que o crime em quarto fechado é fisicamente impossível face à habilidade do escritor revela-se uma realidade praticável. Afastam-se os alçapões, os esconderijos ou saídas secretas tão do agrado dos escritores do gótico, e também os mecanismos ou engenhos ocultos que disparam por acção inadvertida da vítima, ficamos pelos métodos inteligentes, verdadeiros passos de magia entre o possível e o impossível. Algumas hipóteses das várias encontradas: a) A vítima é atingida mortalmente antes de se entrar no quarto (para se proteger), o agressor tem tempo de atirar com a arma para dentro do quarto antes de este se fechar; ocasionalmente passa por um suicídio, tudo depende do ferimento e da arma utilizada; b) É mesmo um suicídio. A vítima, por razões pessoais simula um crime ou trata-se de um acidente que as circunstâncias apontam para crime; c) A morte é executada no momento em que o quarto é aberto — princípio de Zangwill, depende da oportunidade e preparação do criminoso; d) O crime foi executado no quarto e o assassino sai e tranca a porta. Há diversos métodos para o efeito, desde a manipulação de um simples fio, até outros mais complicados. e) Gás, telefone electrificado, etc Não nos alonguemos na resenha, o sabor da leitura sobrepõe-se a qualquer esquema. E não se fica pelo assassínio em quarto fechado, também o roubo é referido e com que mestria. Estes casos exemplificam o recurso ao subterfúgio nas possíveis narrativas de quarto fechado, mas também a vida real caprichosa nos dá exemplos a referenciar … (ver post MISTÉRIO QUARTO FECHADO - Realidade Vivida) M. Constantino

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