7 de março de 2012

CALEIDOSCÓPIO 67

EFEMÉRIDES – Dia 7 de Março
Michael Ridpath (1961)
Nasce em Devon, Inglaterra. Trabalha na área bancária como corrector na City londrina; o seu primeiro livro, Free To Trade é escrito aos fins de semana e depois da sua publicação o autor abandona a City e dedica-se à escrita. É autor de thrillers que têm como cenário o mundo da alta finança: Free to Trade (1994), Trading Reality (1996), The Marketmaker (1998), Final Venture (2000), The Predator (2001) e Fatal Error (2003); na série Alex Calder: On The Edge (2005) e See No Evil (2006). Cria ainda a série Fire & Ice, passada na Islândia: Where the Shadows Lie (2010), 66° North (2011), Edge of Nowhere (2011) — um conjunto de short stories, só disponíveis em formato digital e Meltwater agendado para Junho deste ano.
Em Portugal estão editados os seguintes livros de Michael Ridpath:
1 - Negociações Perigosas (1995), Editorial Caravela. Título Original: Free To Trade (1994)
2 - Realidade Capital (1996), Editorial Caravela. Título Original: Trading Reality (1996)
3 - O Suspeito Principal (2001), Nº36 Colecção Fio da Navalha, Editorial Presença. Título Original: Final Venture (2001)
4 - Onde Moram as Sombras (2011), Nº33 Colecção Minutos Contados, Editorial Presença. Título Original: Where the Shadows Lie (2010)


TEMA — ESPIONAGEM – ESCOLA DE AGENTES SECRETOS -2
(Continuação Caleidoscópio 55)
Codificar e descodificar uma mensagem, ainda que os serviços criptográficos possuam sofisticado equipamento para o efeito, atingindo um plano alto sem paralelo e cresce constantemente, de tal modo que hoje o objectivo da criptografia não é ocultar a existência de uma mensagem, mas sim o seu significado ininteligível. Se o inimigo interceptar uma mensagem esta será ilegível e impossível recrear o conteúdo sem conhecer a cifra. Por exemplo o microponto é uma forma de criptografia que se tornou popular durante a 2ª guerra mundial. Usada pelos agentes alemães que reduziam fotograficamente uma página de texto até um ponto com menos de um milímetro de diâmetro, para desespero dos americanos que em 1941, através do FBI, descobriram o primeiro microponto, por intermédio da contra-espionagem.
A arte criptográfica é extraordinariamente antiga. Dos Lancedemónios a Júlio César, S. Bonifácio, Napoleão, passando pela obscura Idade Média, através dos religiosos, aos tempos presentes, existe uma história apaixonante.
Na longa distância do tempo a comunicação através de fogueiras no alto das montanhas, ao costume dos índios, cartas escondidas nas sandálias e brincos das dançarinas que acompanhavam os exércitos, crânio rapado dos escravos onde se escrevia a mensagem e se deixava crescer o cabelo, pombos correio aetc. Até se chegar ao telégrafo e à rádio.
Os métodos antigos e processos manuais de escrita eram:
1 – Processo de substituição em que as letras reais do alfabeto são substituídas por falsas letras (código), como o usado por Júlio César, em que cada letra era substituída pela 3ª seguinte. As letras podem ser substituídas por números ou sinais de qualquer ordem. Estes últimos são mais difíceis de decifrar e mais perigosos, porque o expedidor e o receptor têm de possuir cópias do código.
Voltando ao código de substituição por letras de César, temos:
A = D
B = E
C = F
D = G
E = H
F = I
G = J
H = K
...

Exemplificando com a palavra HONRA = KRQUD

Está fora de questão apresentar uma visão técnica, ainda que sumária de todos os códigos dada a complexidade do tema. Registamos, no entanto um simples método geométrico. Suponhamos que a mensagem a transmitir é
TROPAS ATACAM HOJETranscrevemos a mensagem verticalmente de modo a formar um quadrado
T A A H
R S C O
O A A J
P T M E
Encriptando resulta:
TAAHRSCOOAAJPTME
M. Constantino

TEMA — CONTO DO VIGÁRIO - À SENHORA PORTEIRA
De Gustavo Barosa
O nosso trabalho de hoje é-lhe dedicado a si, simpática porteira de um prédio anónimo numa cidade algures. É uma história, talvez divertida, de um dos cada vez mais vulgares casos de burla.
Já lhe aconteceu, por certo, receber na portaria encomendas para um locatário ausente em férias. Um armário, por exemplo. O que faz, normalmente?
Se calhar… vai buscar a chave do apartamento do tal senhor, guia os homens encarregados da colocação do armário, abre-lhes a porta, assiste à descarga do material e, por fim, fecha cuidadosa e profissionalmente a porta, quando saem os funcionários da casa que vendeu a peça de mobília.
Atenção… pois! Se faz só isto — não chega. E para lhe provarmos que, efectivamente, deve fazer algo mais, vamos contar-lhe a tal história que aconteceu a uma colega sua.
Certa manhã, a sua colega recebeu a visita de 4 homens que transportavam um armário. Diziam eles que se destinava a casa do Senhor X, do 1º esquerdo, ausente em férias mas que, antes de partir para a praia, tinha encomendado na loja “tal” armário que hoje vinham entregar. A porteira fez, exactamente, o que acima descrevemos e regressou a sua casa a tratar do almoço.
Por volta do meio da tarde, os mesmos homens e a mesma camioneta voltaram, e com as suas desculpas, comunicaram-lhe que tinha havido um engano. O armário que tinham trazido para o 1º esquerdo estava trocado. Aliás, via-se logo que tinha havido um erro, pois ele até contratava com o estilo de decoração da bela casa. Se fazia o favor, voltava a acompanhá-los, pois precisavam de levar de novo o tal armário que teriam de entregar no mesmo número mas na rua paralela. O do Senhor X viria dentro de dois dias.
à senhora porteira nem hesitou. Acompanhou “as visitas”, assistiu à recuperação do armário trocado, verificou, cuidadosamente, se tudo estava em ordem, regressou a casa e nem pensou mais no facto. Nem sequer os empregados não voltarem, já que dois dias para o entregar de uma encomenda duram, muitas vezes, dois meses.
O pior é que, quando o tal senhor X, do 1º esquerdo, voltou, o prédio andou em bolandas. A sua casa tinha sido assaltada e tinham levado os objectos mais valiosos.
Por certo já descobriu como foi, não é verdade?
Foi assim mesmo. Dentro do armário ia um 5º ladrão que, durante as poucas horas que permaneceu, calmamente, na habitação deserta, teve tempo de seleccionar e embalar (para não fazerem barulho) os haveres mais caros que, pelas suas dimensões, podia transportar. No regresso, armário, ladrão e valores passaram ao pé da porteira sem que ela desconfiasse do clandestino e do contrabando.
E esta? Vá lá a gente confiar nos outros!
Por isso, em situação semelhante, não hesite. Peça identificação, confirme junto da casa ou do inquilino, veja notas de encomenda. Em resumo — faça o que puder… mas faça mesmo.
Olhe que “eles” estão cada vez mais espertos!

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