Ainda no Lago do Campo Grande
O alferes Sesinando, a menina Milú e o canito Lanudo boiavam
no Lago do Campo Grande com grande espalhafato. O barco voltara-se e os remos
escaparam-se.
Os tripulantes dos outros barquinhos tentavam aproximar-se e
salvar os náufragos.
Milú gritava, o cão gania e o alferes tentava puxá-los para
terra.
A queda na água não chegava para afogar ninguém, mas a roupa
essa ficava completamente encharcada e a colar-se ao corpo. Um casal em terra
sorria.
O encarregado dos barquinhos rapidamente foi buscar os três
náufragos e levou-os para uma casinha ao lado da bilheteira onde lhes forneceu
umas mantas.
O alferes Sesinando culpava-se e pedia desculpa pelo banho
forçado mas nada podia modificar. O que estava feito, estava feito. Milú pediu
ao encarregado para chamar um táxi e convidou o alferes para ir também.
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Taxi Anos 60. Fonte: http://portalclassicos.com/ |
E lá foram os três embrulhados em finas mantas até à Av. De
Roma.
Chegados ao 1º andar, Milú indicou ao Alferes uma casa de
banho. E desenvolta acrescentou: Depois do banho deite-se na cama enquanto eu
vou arranjar no roupeiro uma roupa do meu marido que talvez lhe sirva, pelo
menos enquanto a sua seca. Eu também vou na outra casa de banho. Esteja à
vontade.
O alferes até nem tinha alternativa. Estava encharcado até
aos ossos e os sapatinhos novos, de
verniz, estavam uma desgraça. Pensou se o marido da Milú não teria também uns
sapatinhos tamanho 41… já agora, se não incomodasse muito… pensou e sorriu!
Assim que se lavou e limpou correu para o quarto da Milú e
meteu-se entre os lençóis, obviamente como viera ao mundo. Já estava quase a passar pelas brasas quando surgiu a Milú
também sem roupa e correu metendo-se na cama ao lado do alferes.
Milú retirou um braço de dentro dos lençóis e apontou ao
alferes:
− Meu amigo,
nada de intimidades. Somos só amigos. Ponto final.
O Alferes Sesinando sorriu e fechou os olhos. Que mais lhe
haveria de acontecer?
Cinco longos minutos se passaram. Num silêncio profundo que
pairava no ar alguém meteu a chave à porta.
Lanudo correu ladrando farejando algo.
O Sr. Costa surgiu no quarto, de mala de viagem na mão,
chave na outra e um olhar basbaque. Abriu a boca estupefacto e balbuciou:
− Mas
o que é que se está aqui a passar?
O cão veio abanar a cauda e ladrar ao dono, feliz.
O Sr. Costa é que não parecia muito agradado.
(fim do 5º episódio)