5 de março de 2012

CALEIDOSCÓPIO 65

EFEMÉRIDES – Dia 5 de Março
Charles Barbara (1817 - 1866)
Louis-Charles Barbara nasce em Orléans, França. Estuda em Paris onde se liga a um grupo de autores e artistas inconformistas; começa a carreira de jornalista e escritor. Nos seus contos e romances Charles Barbara mistura habilmente o género realista, fantasia e policial. Na Ficção Científica o autor é considerado um precursor de Júlio Verne com Le Major Whittington (1858), onde surgem arranha- céus, robôs, máquinas de calcular e o telégrafo. No Policiário destacam-se Romanzoff (1846) um texto que retrata um caso criminal, a sua pesquisa e, principalmente, o julgamento em tribunal:   L'Assassinat du Pont-Rouge (1855) que é considerado por muitos especialistas o primeiro romance policial francês
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TEMA — VAMPIROS – LENDA OU REALIDADE?
Não, não nos referimos àqueles animaizinhos repelentes — morcegos — sugadores de sangue que, na América Central, são conhecidos por esse nome.
Referimo-nos aos vampiros homens ou pseudo-homens que o Larousse distingue com o conceito: Vampiro: do alemão Vampir, derivado do eslavo Upuri. Cadáver que sai, de noite, da sua sepultura e vai sugar o sangue dos vivos.
Como se chega a vampiro?

Dizem os entendidos:
 Depois de uma vida de infâmia, o pecador é recuperado pelas forças obscuras que o alistam no exército dos vampiros. Estes podem, por sua vez, recrutar e vampirizar mesmo criaturas inocentes, se conseguirem cravar os seus dentes caninos salientes no pescoço das vítimas.
Lenda ou realidade?
ROLAND DE VILLENEUVE, um dos poucos especialistas em vampirismo, remonta a crença nos vampiros à própria formação do mundo. Representa o temor que o homem das cavernas experimentava em relação ao Além. Refere muitos textos que falam de vampiros desde o ano 600 a.C., na China, outros deixados pelos assírios e sumários. Os gregos antigos falavam de Striges (mulheres que se transformavam em aves de rapina e se alimentavam de sangue humano), e Lamies, vampiros especializados em crianças. É, porém, na Idade Média, sobretudo a partir do século XIII, que os vampiros começaram a pulular. Ingleses, escoceses, suecos etc., têm os seus vampiros, mas o palco preferido situa-se na Valáquia, Hungria, Polónia ou Rússia, onde teria sido o seu berço, segundo CHARLES NODIER.

DON AUGUSTIN CALMET, um beneditino que viveu de 1675 a 1757 a quem se deve uma notável Dissertations sur les apparitions des esprits et sur les vampires et revenants, publicada em 1749, revela curiosos e diversos factos confirmados de vampirismo em datas designadas de sua época. Em todos os casos suspeitos ouviam-se testemunhas e os cadáveres eram examinados em busca de sinais reveladores de vampirismo, ou sejam as articulações flexíveis, a liquefacção do sangue e a incorruptibilidade da carne.
Se se encontravam esses sinais, os cadáveres eram exumados e queimados. Em alguns casos os cadáveres gritavam como loucos, agitando os braços e as pernas, como se estivessem vivos. Afirma-se que esta é a forma de acabar com o morto vivo, outra, mais eficiente recomenda que se atravesse o coração com uma estaca, se separe a cabeça do corpo e reduza tudo a cinzas.


BRAM STOKER, em determinado passo sobre o assunto, descreve do modo seguinte a extinção de uma vampira:
Pegue nesta junção com a mão esquerda, apoie-o sobre o peito dela à altura do coração e com o martelo na mão direita, bata fortemente, enquanto nos oramos pelo repouso da morta.”
Depois de uma dilacerante luta interior, Artur tomou subitamente uma decisão implacável. Sem hesitar, sem tremer, colocou a ponta aguda do comprido punção à altura do coração de Lucy e bateu com todas as suas forças. A "coisa" no caixão torceu-se em pavorosas convulsões, um uivo que nada tinha de humano saiu-lhe dos lábios de onde se escapava uma espuma avermelhada, e os dentes agudos cravaram-se na própria carne. O sangue jorrava em jactos vermelhos do coração trespassado. Depois as convulsões cessaram, a face perdeu a expressão selvagem e o corpo imobilizou-se
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Certamente, como sabemos, é possível a incorruptibilidade de um corpo. Existem inúmeros casos de pessoas que se acreditava mortas e que voltaram à vida depois de serem enterradas. Há doenças que mantêm os pacientes largamento em estado cataléptico, em morte aparente e reanimáveis após largo período nesse estado.
Mas como sairiam das tumbas?
Como e porquê voltar a elas? É algo que nunca se explicou e nunca se explicará. Dizer que o diabo desmaterializa os corpos, é fácil e irracional por não provado.
Lenda ou realidade?
Lenda ou realidade foi, e é, fonte de inspiração literária.
Inúmeras obras sobre o tema têm sido dadas à publicidade. Provavelmente, todavia, nenhuma outra iguala ou igualará o famoso DRÁCULA (sem dúvida o mais notável dos vampiros, a pontos de quase se abandonar este termo em favor daquele) de BRAM STOKER, nome literário de ABRAHAM STOKER, nascido na capital irlandesa em 1847.
DRÁCULA beneficiou, aliás, de todas as lendas na pessoa de VLAD TEPES ou TSEPECH, conde DRAKUL — o empalador — poderoso senhor voiévola que reinou sobre a Wallachia de 1448 a 1476.
DRAKUL (DRÁCULA) significava filho do dragão ou filho do diabo e pelas práticas de crueldade, de que existem numerosos documentos, bem merece este último epíteto. Valha a verdade dizer-se que ser vampiro seria o menor dos seus crimes, já que o método favorito da sua crueldade consistia no empalamento. Inúmeros infortunados, sem distinguir mulheres, homens e crianças, foram espetadas de pernas para o ar ou de cabeça para cima, pelo umbigo, órgãos genitais ou através do coração. Estrangulados uns, esfolados e desmembrados em vida, outros. Num só dia sangrento massacrou 30000 pessoas, na aldeia de AMLS, cortando-as como couves.
Escreveu o seu romance a partir de factos históricos atribuídos a TEPES, investigando crónicas vampíricas existentes nos recônditos do Museu Britânico e através de correspondência com sábios romenos.
DRÁCULA, publicada em Londres em 1897, forma com Carmilla (a mulher vampiro) do irlandês JOSEPH SHERIDON LE FANU, publicada pouco antes daquela (1872), a mais famosa parelha de relatos de ficção sobre o assunto. Assim o afirmou recentemente o erudito francês TONY FOIVRE, autor de Os Vampiros, aturado estudo no domínio do real e fictício.

VOLTAIRE, no Dicionário Filosófico alcança que: não se ouviu falar senão de vampiros, desde 1730 a 1735; espreitaram-nos, arrancaram--lhes o coração, queimaram-nos mas, tal como os antigos mártires, quantos mais se queimavam mais apareciam.
Lenda ou realidade?
A crença dos antigos gregos no retorno dos espíritos desaparecidos não era mais racional que a crença em fantasmas e vampiros.
A ignorância, o temor, alimenta a fantasia, daí que muitos dos casos nos parecem pueris.
No cinema, o assunto é inspiração para fartos filmes. E aí sim, parece não ser possível acabar de vez com o macabro e terrorífico personagem, porque, não importa quantas vezes seja espetado ou queimado, acaba sempre por se erguer de novo.
Lenda ou realidade?
Questão que deixamos às mentes destacadas e animosas para resolver. Será prudente não obstante, prevendo um mau encontro, o uso de um colar de alhos ou ferraduras, a defesa com as bolas marcadas com uma cruz, ou ter em casa um crucifixo de pau de espinheiro ou abrunheiro.
M. Constantino


TEMA — CRIME PERFEITO
O investigador mandou acender os reflectores apontados para os olhos do preso e deu início ao interrogatório.
— Poderia ser um crime perfeito — disse ao pálido acusado — mas o senhor cometeu um pequeno engano. Só um…
O acusado passou um dedo no colarinho, sufocado pelo suor. Quis responder, mas o detective prosseguiu implacável, apanhando a faca que estava sobre a mesa:
— Não há impressões digitais, nem marcas de sangue, nem cabelos reveladores. Só sabemos que o senhor odiava o velho; é ou não é? O senhor seguiu-o até ao apartamento, cheio de ciúmes porque ele acompanhava a sua garota. Naquele momento o seu ódio era intenso por saber que ele era rico e lhe roubava a mulher amada. Ruminando crimes seguiu os dois. Entrou no apartamento às 8h e 10m. Cinco minutos depois, precisamente às 8 horas e 15 minutos, foi apanhado na rua com a tal sua namorada, tendo nas mãos uma garrafa de Porto da reserva do velhote, dois quadros de nu artístico que cobiçava há muito tempo e — envergonhe-se ladrão! — três camisas e um maço de cigarros turcos! Finalmente, esta faca, melhor, este punhal de cabo ricamente dourado, estava nos seus bolsos! Confesse, canalha!
— Confesso, confesso! — balbuciou o acusado horrivelmente pálido.
— Sim — continuou o investigador — poderia ter sido um crime perfeito. Mas o senhor cometeu um velho esquecimento: Por que raio de motivo não matou o idiota do velho? Porquê?
Foi a única coisa que esqueceu!

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