6 de abril de 2013

RECORDAÇÕES HOLMESIANAS (2 - 1ª PARTE)

 
 2 — OS MÉTODOS DE SHERLOCK HOLMES
em: http://lukebenjamenkuhns.wordpress.com
 
 
Holmes usava métodos próprios de actuação, métodos próprios de raciocínio, que se destacavam como verdadeiros axiomas:
“Para praticar a arte de discernir até ao mais alto grau, é necessário que o raciocinador possa utilizar todos os factos que conhece, isto em si, implica dever possuir conhecimentos de tudo que lhe possa ser útil no seu trabalho, o que, mesmo nestes dias de educação livre e enciclopédica, é raro”.
“É da mais alta importância, na arte da dedução, destrinçar os factos incidentais, daqueles que são fundamentais”.
“O raciocinador ideal, depois de observar um simples facto em todas as facetas, deduz não só a corrente de acontecimentos, como todos os resultados seguintes”.
“É um erro teorizar antes de possuir todos os indícios; é perigoso raciocinar com dados insuficientes”.
“Deve colocar-se no lugar do outro e tentar imaginar como teria ele agido em tais circunstâncias”.
“Imaginamos o que poderia ter acontecido e, pelo método de indução, a partir de uma hipótese, somos recompensados”.
“Para um grande espírito nada é pequeno. O crime mais banal é muitas vezes o mais misterioso, porque não apresenta nenhuma característica nova ou especial da qual se possam fazer deduções”.
“Quando a dedução intelectual é confirmada por um bom número de factos independentes, o que é subjectivo passa a ser objectivo”.
“Tendo excluído tudo o que é impossível, aquilo que resta, por mais improvável que pareça, é a verdade”.
Sherlock Holmes teve uma carreira de total sucesso? Não! Modestamente confessou ter sido vencido três vezes por homens, uma por uma mulher. Esta chamava-se, sabemo-lo, Irene Adler, a única mulher que o teria impressionado.
Sempre a investigação, porém, se sobrepôs à sua vida particular. A sua grande paixão era o conhecimento exacto e absoluto.
Para raciocinar anichava-se numa poltrona, no rebordo da qual punha os pés, abraçava os joelhos e apertava-os contra o peito e assim ficava concentrado a tirar sucessiva cachimbada, saturando o ambiente de fumo de tabaco negro, janela fechada para que este não escapasse. Sendo, porém profissionalmente, um detective consultor, não é um detective de poltrona, como poderá julgar-se pelo exemplo acabado de referir, sai, vai ao local dos acontecimentos, com riscos inclusivamente mas, com uma dose substancial de esforço, consegue desvendar os mistérios em que se mete.
A resolução dos mistérios dava-lhe uma íntima satisfação pessoal. Interessava-lhe a perseguição, pouco importando a captura do culpado, ou o cumprimento da Lei. Reconhecia, aliás, que “vingar o crime é importante, mas preveni-lo ainda o é mais”. Não sendo funcionário da Polícia, não lhe competia suprir as deficiências da Corporação. Achar a solução de um problema era a recompensa que ambicionava, já que “mandar um homem para a cadeia, será transformá-lo num bandido”.
Assim, em sessenta casos narrados, em apenas vinte e cinco entrega o culpado à Justiça. Esta, interessa-lhe, tão só, quando compatível com a sua ética pessoal.
Ao longo sessenta casos narrados (tendo como pano de fundo, não exclusivo, a velha Albion, designadamente a secreta Londres de ruas húmidas iluminadas a gás, por onde se arrastam os destroços da sociedade vitoriana, os mendigos andrajosos e mulheres perdidas, frequentadores de antros hediondos à beira do Tamisa, ou vielas de East End, onde apenas o vício é vida) contam-se cinquenta e quatro contos e três novelas longas, relatados por Watson; dois relatados pelo próprio Holmes e um outro por um narrador anónimo.
Dos 64 casos temos:


26 mortos

21 por acção criminosa

3 por intenção justificada

2 por causas naturais

12 roubos

4 de jóias

5 de documentos

3 de dinheiro

16 auxílios

3 em defesa de inocentes

5 recuperações ou identificações

1 falsificação

4 a aflitos

1 espionagem

2 contribuições para um fim feliz

6 desaparecimentos

3 por rapto

3 voluntários
 
Para além de Dr Watson, companheiro de habitação, para o qual dispensaremos um capítulo próximo, Sherlock Holmes tinha auxiliares preciosos numa meia dúzia dos mais sujos e andrajos garotos, que a troco de um xelim eram os seus olhos e os seus ouvidos. Os Irregulares de Baker Street como os designava, chefiados por Wiggins, esperto e desembaraçado porta-voz do grupo, valiam, no seu critério: “cada um mais do que uma dúzia de agentes da Polícia, pois a simples presença de um funcionário fecha a boca a toda a gente, mas aqueles garotos vão a toda a parte e se ouvem tudo”.
Servia-se também de antigos criminosos, os quais lhe eram reconhecidos, pela lealdade com que os tratava. Shinwell Johnson, mais conhecido por “Porky”, um indivíduo perigoso com duas prisões em Parkhurst, dava-lhe informações que recusava à Polícia, e que recolhia nas piores camadas do crime.~
 
Shinwell Johnson
 

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