O CABO DE ESQUADRA JEREMIAS
(uma história policial a preto e branco )
Lisboa, nos anos cinquenta, era uma cidade com pessoas,
coisa que se foi entretanto perdendo. Os casais novos mudaram-se, nos anos
sessenta, para as casas da periferia, de rendas mais baratas. Nesses tempos
vivia-se em bairros populares.
O operariado era numeroso e vindo em grande parte da
província. A escolaridade era curta e breve, quando era. Para se ingressar na
Polícia, na GNR era preciso saber ler e escrever e depois a 4ª classe.
Os bairros de barracas circundavam a cidade. Eram conhecidas
algumas zonas onde a água canalizada era o chafariz mais próximo, a casa de
banho era o “lá vai água” quando os bispotes eram atirados das janelas para a
rua. Quando chovesse a água levava… Lisboa levou muitos anos a ter chamadas
condições base de higiene generalizadas.
As esquadras de polícia nos bairros populares tinham uma
actividade enorme e era o “Sempre em festa”.
As rixas entre os vizinhos era o dia a dia. A faca era a
arma de agressão mais usada.
Na esquadra do Alto do Pina, imperava o cabo Jeremias.
Era o cabo de esquadra.
Tinha vindo aos vinte anos para a tropa. Fez a 4ª classe no
quartel da Graça em Transmissões. Concorreu à Polícia, estagiou em Campo de
Ourique e acabou nomeado cabo de esquadra do Alto do Pina.
Era uma esquadra muito animada pela etnia cigana que se
amontoava na Picheleira, um bairro de barracas na zona ocidental de Lisboa.
A policia naquele tempo andava sempre a enxotar das ruas as
varinas e restantes vendedores ambulantes.
Era conhecida a frase viperina atirada a uma varina levada
pelo braço para a esquadra:
− Ó Micas,
vais presa?
− Não, vou dormir com o chefe
O cabo de esquadra Jeremias ficou na história da esquadra
pela forma expedita como resolvia as contendas − sempre à porrada!
A. Raposo
Não é um comentário... apenas uma nota de gralha ortográfica: quando é mencionado o quartel da graça, o nome do bairro deveria ser com maiúscula: Graça.
ResponderEliminarMelhores cumprimentos
Não é um comentário... apenas uma nota de gralha ortográfica: quando é mencionado o quartel da graça, o nome do bairro deveria ser com maiúscula: Graça.
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