de Manuel Constantino
Os
primeiros factos que chamaram a minha atenção foram:
1
-
a)
O tiro no rosto como a disfarçar a identidade;
b)
Os pingos de sangue nos dois sapatos;
c)
Os dentes níveos;
d)
A pele excessivamente pálida;
e)
A chamada ao criado de “Ich”;
f)
Ver-se “diante de um espelho”.
Decidira
desde logo que o morto não era o alemão. Ninguém que masque tabaco tem os
dentes níveos. A partir daqui deduzi que o morto era o Armando, um homem saído
da prisão há poucos dias (razão da palidez), que para seu azar era tão parecido
com o alemão que este lhe chamava “Ich” (eu) e se julgava perante um espelho.
Depois,
ambos os sapatos tinham pingos de sangue - mas ninguém se descalça depois
de morto e verificamos que um sapato foi atirado para junto da varanda, fora do
alcance de qualquer salpico.
As
impressões digitais deixadas na arma bem oleada e no cofre e não quaisquer
outras, bem como o desaparecimento das folhas do passaporte onde eventualmente
estaria uma impressão digital identificadora, dão-nos a certeza da premeditação
do crime, quiçá para fugir a um chantagista incómodo (lembremos que o alemão
era um oficial, muito possivelmente com culpas no cartório).
2
-A resposta à segunda questão é simples. Se a polícia tivesse desde o início
tirado as impressões digitais do morto e procurasse identificá-las com os
arquivos existentes, verificaria desde logo que o morto era o criado. O resto
viria por arrastamento.
Creio
que é o bastante, embora o problema dê “pano para mangas”.
1992
- 2º classificado no I Torneio de
Divulgação organizado pela secção “Policiário”, orientada por Luís Pessoa, no
jornal “Público”.
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