4 de maio de 2013

RECORDAÇÕES HOLMESIANAS (3 - 1ª PARTE)


No 1º fim-de-semana de cada mês, repartido por sábado e domingo, continua a publicação da série dedicada a Sherlock Holmes da autoria de M. Constantino
foi publicado:

 
 

RECORDAÇÕES HOLMESIANAS (3 — 1ª Parte)
 


 

 
3 – OS HÁBITOS DE SHERLOCK HOLMES

Cita o seu biógrafo, John H.Watson em O Ritual de Musgrave:
Uma anomalia que muitas vezes me chocou no carácter o meu amigo Sherlock Holmes era que, muito embora os seus métodos de pensamento fossem os mais esmerados e lógicos da humanidade, e embora afectasse também certo pedantismo sóbrio no trajar, era apesar disso, nos seus hábitos pessoais, um dos menos asseados homens que já arrastaram um companheiro de quarto ao desespero. Não que eu próprio seja convencional nesse aspecto. O trabalho movimentado no Afeganistão levou ao cúmulo a minha natural disposição para a boémia, e tornou-me mais relaxado do que fica bem a um médico. Mas comigo há um limite, e quando encontro uma pessoa que guarda os charutos no balde de carvão, o tabaco nos chinelos persas, e correspondência por responder espetada com um canivete bem no centro da sua prateleira da lareira, então começo a dar-me ares de virtuoso. Eu também sempre afirmei que o uso da pistola devia ser exclusivamente um passatempo de ar livre; e quando Holmes, num dos seus humores esquisitos, se sentava numa poltrona, com o gatilho e cem cartuchos de Boxer, e começava a adornar a parede oposta com um patriótico V. R (Victoria Regina/Rainha Victória) feito a buracos de balas, eu sentia que nem a atmosfera nem a aparência da nossa sala melhorava com isso. Os nossos alojamentos estavam sempre cheios de ingredientes químicos e de relíquias de crimes, que tinham de permanecer em lugares impróprios e desapareciam na manteigueira, ou até em sítios ainda menos desejáveis. Mas os seus papéis eram a minha grande cruz. Tinha o horror de destruir documentos, especialmente os que se relacionavam com os seus casos passados. E era só uma vez em cada um ou dois anos que mostrava energia para os rotular e arrumar. Pois, como já mencionei algures nessas memórias incoerentes, a explosão de energia apaixonada na execução de façanhas notáveis às quais o seu nome estava associado, era seguida por reacções de letargia, durante as quais se deixava ficar com o seu violino e os seus livros, sem se mexer, a não ser do sofá para a mesa. Assim, mês após mês, os seus papéis acumulavam-se até que cada canto da sala ficava coberto de maços de manuscritos que de modo nenhum podiam ser queimados e não podiam ser deitados fora senão pelo seu dono.
 
Uma das suas ocupações ou hábitos favoritos, ainda que Watson considere que Sherlock tocava suficientemente bem para não ferir os ouvidos de quem estivesse perto, era pegar no violino e arranhar as cordas, ou sentado diante da lareira a meditar sobre um estranho problema que se propunha resolver, durante muito tempo.
Mais grave era o vício da cocaína, por vezes substituída pela morfina, se bem que só se drogasse em momentos de depressão profunda, isso é, quando não tinha nenhum caso entre mãos e se deixava invadir pelo tédio, apresentando-se em extremo, solitário e vulnerável, a lassidão levava-lhe a energia e sobrevinha a indiferença por tudo,— a espécie humana em geral — tornava-se desdenhoso e cínico. Watson via-o “retirar a seringa do estojo, afastar a agulha, carrega-la, levantar a manga da camisa e injectar-se”. Assistia àquele ritual três vezes por dia, durante meses a fio. Mas era demasiado victoriano e médico para se conformar. Jurava a si próprio que havia de abordar o assunto quando conseguisse vencer o terror irracional que sentia perante Holmes. Tê-lo-ia conseguido?
Há um dia que Watson questiona Holmes (este episódio foi censurado pelos próprios ingleses em várias edições de “O Sinal dos Quatro” onde foi inserido):
 
— Então que irá tomar hoje? — perguntou Watson — Morfina ou cocaína?
Holmes levantou os olhos languidamente do velho volume impresso com grossas letras negras.
— Cocaína — respondeu ele — uma solução de sete por cento.
— Mas pense melhor V disse logo Watson — Atente nos danos! Por que razão é que apenas por um prazer passageiro, se arrisca a perder esses grandes poderes com que foi dotado? Lembre-se que falo não apenas como amigo, mas como médico…
Holmes não pareceu ficar ofendido, antes pelo contrário. Juntou as pontas dos dedos e assentou melhor os cotovelos no cadeirão, como alguém que adorasse conversar.
— A minha mente — disse ele — rebela-se ante a estagnação. Dêem-me um problema para trabalhar, dêem-me um criptograma mais obtuso ou que requeira uma análise intrincada e estarei contente nessa actividade. Poderei assim dispensar os estimulantes. Mas detesto a aborrecida rotina da existência. Anseio por desafios mentais. Foi por isso que escolhi esta profissão em particular, ou antes que criei, pois sou o único detective não oficial que existe no mundo.
Watson, abanando a cabeça, levantou-se do seu cadeirão e começou a andar tropegamente até à janela.
— É uma pena — disse — que no presente não tenha nenhum caso em mãos.
Holmes fez um gesto de concordância.
— Sim, — disse ele — Não posso viver sem exercitar o cérebro. Será que existe outro motivo para viver? Qual a vantagem de termos poderes, Watson, quando não existe qualquer campo em que os possamos exercer? Oh, o crime é um lugar-comum e a existência também é um lugar-comum, e nenhumas qualidades, excepto as que fazem parte desse mesmo lugar-comum, têm qualquer função neste mundo.
 
Seja como for, a verdade e por efeito da intervenção de Watson, pelas palestras de Dalai-Lama, após a\sua grande ausência de regresso ao 221B, pôs de lado a seringa.
Uma curiosidade para terminar o tema dos hábitos de Holmes e o famoso 222B.
Artur Varatojo, no seu ABC Policial nº6, com fundamento no canon* tem um interessante estudo, inserindo uma planta de o 221B (significa 1 andar de Baker Street, do mobiliário dos aposentos de Sherlock Holmes e Watson, se não a sua disposição, pelo menos o seu conteúdo.
O apartamento 221B de Baker Street, consistia em dois confortáveis quartos de cama, uma espaçosa sala de estar com duas amplas janelas. Um sofá, uma poltrona, duas cadeiras, lareira, um fogão, bar, cadeira de balanço, mesa de investigação, químicos, uma estante de formidáveis cadernos e livros de referência, diagramas na caixa do violino, prateleiras de cachimbos, certificados científicos nas paredes e retratos de criminosos célebres.
 
* Canon refere-se à obra de Sherlock Holmes escrita por Arthur Conan Doyne e que abrange 56 contos e 4 romances. O Canon de Sherlock Holmes é utilizado para distinguir o trabalho literário de Conan Doyle do produzido por outros autores.
(Policiário de Bolso)
 
 
PASTICHE — A AVENTURA DA ESTRELA DE SAMARCANDA
De Jordi e Antoni Canal
Era um dia de Novembro e manhã fria. Na Baker Street só se ouvia o martelar dos cascos dos cavalos contra o empedrado da rua.
O meu amigo arrancava notas discordantes do violino. Eu, intentava concentrar-me na leitura do Times.
— Deve procurar o caso daquele diamante, actualmente propriedade de Lord Hawquesworth. Sem dúvida i diamante já não está em seu poder. Foi roubado. Leia o senhor mesmo, na página quatro. Parece-me
Efectivamente, na página quatro e a duas colunas podia ler-se:
ROUBO IMPORTANTE
Esta madrugada foi roubado da residência de Lord Hawquesworth, o ex-ministro dos Assuntos Externos, a célebre jóia Quilan I, mais conhecida como Estrela de Samarcanda.
Este diamante, diz-se foi adquirido in articulo mortis a um comerciante de Alexandria e posteriormente polido na célebre casa holandesa Wosmeller and Sons.
O inspector Gregson foi encarregado de investigar o caso que, em declarações à imprensa afirmou que o roubo é obra de um especialista. A sala onde estava guardada a jóia — afirmou — está completamente blindada. Só tem uma entrada, com duas portas de casa forte e um respiradouro no alto, protegido por uma grade; ambas estavam intacta A combinação das fechaduras de entrada só é conhecida por Lord Hawquesworth, tal como as chaves da vitrina onde se encontrava o diamante. O vidro da vitrina foi partido, porém não havia rastro de nenhum objecto contundente na sala. O alarme soou quando o lord fez a costumada visita ao seu património, como todas as manhãs. Avisou de imediato a polícia.
Ao acabar de ler, dobrado o diário, Watson dirigiu-se a Holmes:
— Que pensa disto?
— Watson, sabe bem que não gosto de dar opiniões antes de conhecer todos os factos, o que posso dizer é que me parece um caso seguramente intrigante…
Holmes não havia Ainda acabado a frase quando se ouviram os passos da Srª Hudson, que bateu à porta com os nós dos dedos:
— Acaba de chegar um telegrama — disse dirigindo-se a Holmes.
— Muito obrigado Srª Hudson. Vejamos o que diz… Bem como supunha, Gregson tem problemas. Este telegrama diz o seguinte: “Sr. Holmes agradecia que se dirigisse a Edimburgo. É o assunto do diamante. Estarei na pousada A Raposa com Cachimbo. Gregson”
Adiantando os acontecimentos, consultei o guia Bradshaw e disse:
 Holmes, temos vinte minutos para chegar até Charing Cross e apanhar o comboio das doze.
Quando chegámos à estação ainda faltavam cinco minutos para a saída do comboio e o meu amigo Holmes aproveitou para comprar uma lata daquele aromático tabaco da Esmirna a que ultimamente se havia acostumado.
Durante a viagem, que transcorreu com toda a tranquilidade, o meru amigo esteve, como era hábito, recostado, com os olhos fechados. Não me dirigiu uma só palavra até chegarmos a Edimburgo, onde pareceu adquirir novo ânimo. Apanhámos de pronto um coche que nos levou directamente à pousada, em cuja porta já nos esperava Gregson.
— Encantado por vê-lo, Holmes. Que tal vai Watson? Apresento-lhe o Inspector Mackenzie da polícia local.
— Muito gosto, Inspector. Já terá ouvido falar do Dr. Watson?
— Naturalmente. Sempre que há notícias suas, o nome de Watson acompanha-as. Porém, devem estar cansados. Vamos procurar quartos para ficarem e depois podemos comer alguma coisa. Esta pousada é famosa pela sua cerveja.
Imediatamente depois de comer, dirigimo-nos para casa de Lord Hawquesworth. Ao chegar bateram várias vezes à porta com a pata de leão em bronze que a ornamentava, até que apareceu o mordomo. Era alto, esguio e vestia uma libré grenat.
— O senhor espera por vós. Fazem favor de me acompanhar. O salão de Recepção era alto e espaçoso. Estava em semi-escuridão produzida pelo vidro da claraboia por cima da maciça porta de carvalho.
De imprevisto, Holmes, que nos fez afastar da luz, apareceu com a lupa na mão, dobrado sobre a alcatifa. Estava nesta posição quando apareceu Lord Hawquesworth.
— Bem-vindos a esta casa, Holmes, Dr. Watson.
Era um homem de estatura normal. Para a sua robustez a voz soou estranhamente aflautada. Vestia uma jaqueta de lã de cachemira cinzenta e uma camisa de seda branca, calças azul-marinho, mais largas do que o normal.
— Obrigada — respondeu Holmes Posso dizer-lhe com toda a segurança que este caso passará para os arquivos de Watson com o rótulo de “resolvido”.
Lord Hawquesworth esboçou um ligeiro sorriso ante estas palavras e
 Dando meia volta disse:
— Sigam-me por favor. Vou mostrar-vos a cena do roubo.
Depois de atravessarmos vários corredores chegámos a uma pequena sala fortemente iluminada por focos eléctricos que incidiam os\seus raios até uma vitrina no centro da sala. Todas as paredes estavam tapadas por tapeçarias, algumas tão antigas, que apenas se divisavam as figuras que representavam. A parede do fundo estava nua. Nela distinguia-se um buraco de ventilação protegido por uma espessa rede metálica.
— Não mexemos em nada — disse o lord — e ninguém entrou aqui.
Holmes aproximou-se rapidamente do buraco de ventilação, observando detidamente durante vários minutos, sem pronunciar mais do que alguns “Caramba!” de vez em quando. Finalmente acercou-se de nós e disse:
— Este buraco de ventilação comunica com o jardim, não é verdade?
— Sim — afirmou o lord — É necessário que as tapeçarias estejam ventiladas para não se deteriorarem com a humidade.
— Bem, — concluiu Holmes — Agora já tomei contacto com o caso, necessito retirar-me para reflectir. Amanhã continuarei com a investigação.
Dito isto, saiu rapidamente. Subi com ele para o coche que nos esperava e voltamos para A Raposa com Cachimbo. Face à recomendação de McKenzie pedimos um par de cervejas. Efectivamente tinham um excelente sabor. Depois acendemos os cachimbos e demos um passeio antes de cear.
— Obviamente, Holmes — disse eu. A única possibilidade está no buraco de ventilação. No entanto a tela metálica parecia intacta.
— Watson, já sabe quando se elimina o possível, o que resta, por mais improvável que pareça, tem de corresponder à verdade.
Não falámos mais no caso até à manhã seguinte.
— Watson, creio que tenho o caso resolvido. Sei já como se operou o roubo e unicamente nos resta averiguar a identidade do ladrão. Isto nos dará também o motivo.
Quando chegámos à casa de Hawquesworth aguardavam-nos Gregson e McKenzie.
— Bom dia, senhores — saudou jovial, Holmes. Vamos ver a rede de ventilação.
— Como queira Holmes — respondeu Gregson. Mas já a observei detalhadamente.
— Quatro olhos vêem mais do que dois, Gregson.
— De acordo.
Demos a volta à casa pelo jardim até chegar à rede do buraco da ventilação. Estava pouco acima da relva e Holmes não permitiu que nos acercássemos.
— Gregson, alguém além do senhor pisou este local?
— Que eu saiba não.
Holmes rastejou pelo espaço até chegar ao buraco de ventilação que observou durante alguns minutos, depois tacteou com os dedos compridos, como um cirurgião. Durante todo este tempo só o ouvimos dizer, mais do que uma vez, “É o que supunha”.
De repente, cheio de energia exclamou:
— Senhores, vamos falar com Lord Hawquesworth. Tenho de lhe fazer um par de preguntas. O caso já está resolvido.
Sem sairmos da nossa surpresa, seguimos Holmes. Gregson e McKenzie não evitaram um sorriso cúmplice de dúvida, que me irritava bastante.
Apercebendo-se do mordomo junto da porta principal, o meu amigo chamou-o, mostrando-se extraordinariamente loquaz com ele. Em várias aventuras anteriores já se havia feito notar por este estranho procedimento com algumas pessoas. Era capaz de se mostrar reservado e esquivo, com o mesmo semblante da Rainha Victoria em outras ocasiões, e noutras, ser o mais conversador com os criados dos que requeriam os seus serviços. Este era o caso.
Chegámos diante de Lord Hawquesworth e sentámo-nos a uma larga mesa.
— Sente-se o senhor também, Parker — disse Holmes para o mordomo.
Todos, até mesmo Parker, não pareciam sair do seu assombro.
— Bem, Parker — continuou Holmes — Eu conto a história, o senhor pode acrescentar os detalhes.
O primeiro a falar foi Lord Hawquesworth:
— Não sei a que vem isto Holmes, porém, Parker está ao meu serviço há mais de trinta anos. E antes os seus antepassados, estiveram sempre em serviço da minha família.
Ao mesmo tempo que se desenvolvia esta conversação, tanto McKenzie como Gregson tomavam posição atrás de Parker.
Holmes estava expedito:
— Não se inquietem, senhores, não vai suceder nada. Explicar-lhes-ei o sucedido e podem julgar depois. Comecemos pela vitrina que continha a jóia. Esqueçamos a porta, porquanto não estava forçada e Lord Hawquesworth em nenhum momento deu por falta das chaves. Assim se explica por que a nossa investigação se direcionasse para a vitrina. A forma como foi quebrado o vidro, indica que o golpe foi produzido no centro e de um golpe seco.
— Contudo, Holmes — interrompeu Gregson V se ninguém entrou na sala, como poderia partir o vidro?
— A isso devo esclarecer que nenhum ser humano, em qualquer momento, entrou na sala. Por favor, deixem-me continuar. Se a porta não estava forçada, só resta o recurso do buraco do ventilador. Eu não quis mexer-lhe. Deixo isso para vós, comprovar que está firme. No entanto a rede metálica foi cuidadosamente separada e voltou a ser ajustada. Foi separada para passar uma comprida cana de bambu com a qual se partiu no vidro da vitrina. Depois alargou-se o bastante para permitir a passagem de um pássaro, concretamente uma pega. Os senhores sabem que estas aves têm a particularidade de se enamorarem pelos objectos brilhantes. Na sala, evidentemente, era a Estrela da Samarcanda o objecto mais brilhante.
— Senhor, peço que me perdoe — exclamou Parker — dirigindo-se ao seu amo.
Holmes continuou imperturbável:
— Parker, acutilado por dívidas de jogo (a finura dos seus dedos denotava habilidade para os dados e cartas) não encontrou outra solução senão furtar alguma coisa de valor ao seu patrão para calar os credores.
Como homem do campo que é, não foi difícil domesticar uma pega, das que aqui tanto abundam, para cometer o furto perfeito. De qualquer forma não chegou para a reaver. Diga Parker, onde está a pedra?
Efectivamente Parker havia apostado forte no jogo
E perdera. Não subtraiu a Estrela de Samarcanda para vendê-la. Sabia que isso não era possível. Queria usá-la como penhor para obter crédito. Mas as coisas nunca sucedem como as pessoas pensam, sobretudo com a cumplicidade de seres nã racionais. A pega não entregara o furto.
Com a colaboração de Parker tivemos de usar uma escada para chegar ao ninho escondido no telhado. Ali, entre negras penas estava o diamante.
Seguindo a solicitação de Holmes e como o lord estava contente pela devolução da jóia, não apresentou nenhuma denúncia contra Parker, que continuou no exercício das suas funções até ao resto dos seus dias.
Holmes recebeu um cheque no valor de mil libras que nunca chegou a levantar e guarda com outros objectos.
Da aventura da Estrela de Samarcanda nunca mais se voltou a falar.
(em tradução de M. Constantino e com a devida vénia aos autores; extraído do fanzine castelhano “Las Notas del Violin” nº 6 — Julho de 1992)



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