11 de junho de 2016

5º EPISÓDIO - O RETIRO DO QUEBRA BILHAS de A. RAPOSO


Ainda no Lago do Campo Grande

O alferes Sesinando, a menina Milú e o canito Lanudo boiavam no Lago do Campo Grande com grande espalhafato. O barco voltara-se e os remos escaparam-se.
Os tripulantes dos outros barquinhos tentavam aproximar-se e salvar os náufragos.

Lago do Campo Grande. Fonte: Diário de Notícias


Milú gritava, o cão gania e o alferes tentava puxá-los para terra.
A queda na água não chegava para afogar ninguém, mas a roupa essa ficava completamente encharcada e a colar-se ao corpo. Um casal em terra sorria.
O encarregado dos barquinhos rapidamente foi buscar os três náufragos e levou-os para uma casinha ao lado da bilheteira onde lhes forneceu umas mantas.
O alferes Sesinando culpava-se e pedia desculpa pelo banho forçado mas nada podia modificar. O que estava feito, estava feito. Milú pediu ao encarregado para chamar um táxi e convidou o alferes para ir também.

Taxi Anos 60. Fonte: http://portalclassicos.com/

E lá foram os três embrulhados em finas mantas até à Av. De Roma.
 Chegados ao 1º andar, Milú indicou ao Alferes uma casa de banho. E desenvolta acrescentou: Depois do banho deite-se na cama enquanto eu vou arranjar no roupeiro uma roupa do meu marido que talvez lhe sirva, pelo menos enquanto a sua seca. Eu também vou na outra casa de banho. Esteja à vontade.
 O alferes até nem tinha alternativa. Estava encharcado até aos ossos e  os sapatinhos novos, de verniz, estavam uma desgraça. Pensou se o marido da Milú não teria também uns sapatinhos tamanho 41… já agora, se não incomodasse muito… pensou e sorriu!




Assim que se lavou e limpou correu para o quarto da Milú e meteu-se entre os lençóis, obviamente como viera ao mundo. Já estava quase a passar pelas brasas quando surgiu a Milú também sem roupa e correu metendo-se na cama ao lado do alferes.

Milú retirou um braço de dentro dos lençóis e apontou ao alferes:

Meu amigo, nada de intimidades. Somos só amigos. Ponto final.

O Alferes Sesinando sorriu e fechou os olhos. Que mais lhe haveria de acontecer?
Cinco longos minutos se passaram. Num silêncio profundo que pairava no ar alguém meteu a chave à porta.
Lanudo correu ladrando farejando algo.
O Sr. Costa surgiu no quarto, de mala de viagem na mão, chave na outra e um olhar basbaque. Abriu a boca estupefacto e balbuciou:

 Mas o que é que se está aqui a passar?

O cão veio abanar a cauda e ladrar ao dono, feliz.
O Sr. Costa é que não parecia muito agradado.  
                       
 (fim  do 5º episódio)

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